
Talvez a solução fosse odiar-te, mas, decididamente, não consigo, e já perdi a esperança porque, quando olho para trás, pela milionésima vez, concluo sempre a mesma coisa: não consigo odiar, nem a ti, nem todos aqueles que - tu sabes - me fizeram tanto mal, um mal deliberado.
Não conseguir odiar talvez seja um paradoxo.
Não conseguir odiar talvez seja um paradoxo.
Quem consegue amar como eu consigo (talvez seja melhor conjugar o tempo no passado, para evitar confusões), deveria conseguir odiar com a mesma força com que ama.
Mas não. Se há teoria sobre o assunto, reveja-se desde já a teoria porque, na parte que me toca, ela está errada.
Eu passei do amor ao desespero, à perplexidade e, daí, à forma como estou, um tipo absolutamente tranquilo e a caminhar. Foi um trajeto, claro, foi um trajeto. Sofri durante muito tempo, mudei de passeio muitas vezes para não me confrontar com as pessoas. Porque eu sabia que a demolição andava por aí, feroz, tresloucada, cirúrgica maldade que te trouxe tantos proveitos e a mim muita agonia. Tal qual como querias. Tal qual como não merecias. Tal qual como eu não queria. Nem merecia.
Trajeto feito, recuperei a minha cabeça erguida, habituei-me a saber lidar com a mentira, a intriga, a malfeitoria. Claro que isso custou muitas noites sem dormir, muita ansiedade, algumas rugas, claro que foi um esforço suplementar, sair do topo e ter de recuar ao inferno e começar tudo de novo, cansado de tantas viagens para cima e para baixo e sobretudo para cima, que foi o sítio onde estava quando tive de voltar para baixo.
Foi assim que tu passaste a ser-me transparente. Transparente. Mesmo quando estás a centímetros de mim, eu não te vejo. Só te pressinto, felino, os nervos contraídos, a sensação de perigo pela auréola de maldade no olhar, a percepção do mal que está para vir, logo depois, faça eu assim ou de outra forma. E foi assim que eu passei a olhar alguns como os meus melhores amigos e amigas, aqueles que de tão desatentos fazem o papel que eu fiz, desatento, durante tanto tempo, e que eu não posso criticar pq também eu fui enganado.
Vejo, agora, que devia ter deletado aquelas ameaças travestidas de qualquer coisa que nem sei de tão pérfidas que são. Se o tivesse feito, não teria sentido, uma vez mais, esta agonia.
Mas quero que saibas que até te compreendo, escrevendo-me, depois de teres falado de mim algumas horas (de mim, que nem dois minutos valho). Admito que sim. Talvez seja apenas o começo de um caminho longo e doloroso para ti. Caminho por onde já caminhei, sozinho, ultrajado, violentado. Só que eu não tenho nada a ver com isso, com o teu caminho. Já tive tudo a ver. Agora não, agora é o tempo da transparência, dos campos floridos, dos sonhos lindos, onde tu não cabes.
Eu passei do amor ao desespero, à perplexidade e, daí, à forma como estou, um tipo absolutamente tranquilo e a caminhar. Foi um trajeto, claro, foi um trajeto. Sofri durante muito tempo, mudei de passeio muitas vezes para não me confrontar com as pessoas. Porque eu sabia que a demolição andava por aí, feroz, tresloucada, cirúrgica maldade que te trouxe tantos proveitos e a mim muita agonia. Tal qual como querias. Tal qual como não merecias. Tal qual como eu não queria. Nem merecia.
Trajeto feito, recuperei a minha cabeça erguida, habituei-me a saber lidar com a mentira, a intriga, a malfeitoria. Claro que isso custou muitas noites sem dormir, muita ansiedade, algumas rugas, claro que foi um esforço suplementar, sair do topo e ter de recuar ao inferno e começar tudo de novo, cansado de tantas viagens para cima e para baixo e sobretudo para cima, que foi o sítio onde estava quando tive de voltar para baixo.
Foi assim que tu passaste a ser-me transparente. Transparente. Mesmo quando estás a centímetros de mim, eu não te vejo. Só te pressinto, felino, os nervos contraídos, a sensação de perigo pela auréola de maldade no olhar, a percepção do mal que está para vir, logo depois, faça eu assim ou de outra forma. E foi assim que eu passei a olhar alguns como os meus melhores amigos e amigas, aqueles que de tão desatentos fazem o papel que eu fiz, desatento, durante tanto tempo, e que eu não posso criticar pq também eu fui enganado.
Vejo, agora, que devia ter deletado aquelas ameaças travestidas de qualquer coisa que nem sei de tão pérfidas que são. Se o tivesse feito, não teria sentido, uma vez mais, esta agonia.
Mas quero que saibas que até te compreendo, escrevendo-me, depois de teres falado de mim algumas horas (de mim, que nem dois minutos valho). Admito que sim. Talvez seja apenas o começo de um caminho longo e doloroso para ti. Caminho por onde já caminhei, sozinho, ultrajado, violentado. Só que eu não tenho nada a ver com isso, com o teu caminho. Já tive tudo a ver. Agora não, agora é o tempo da transparência, dos campos floridos, dos sonhos lindos, onde tu não cabes.
E era de todo conveniente que as coisas ficassem assim, de preferência melhor, porque, decididamente, eu quero morrer sem ter de odiar. Não era bom para mim. Nem para ti, porque, a avaliar pelo teu escrito, eu devo ser um tipo muito mau. Imagina como serei se odiar.