Cara, eu tô com uns grilos na minha cabeça. Mas minha mãe me acordou muito cedo pro trabalho e não deu tempo de dar atenção pra isso, minha mãe disse que o jeito é trabalhar e ter esperança. Só pude pensar que esperança é verde, grilos tambem, mas nenhuma coisa tem a ver com a outra. Eu só quero amor.
JC
31 de mai. de 2010
Estou meio neurótico e fraco, mal consigo entender os pensamentos mais leves. Sei que tenho fé, muita, mas desaprendi a usa-lá, me faz uma falta danada sabe. Fico assim, perdido nas complexidades mais profundas de um profundo muito raso de tudo e esqueço, assim simples, eu esqueço de viver os minutos, esquecendo também de viver as horas, tendo esquecido os dias, e há muitos anos mal estou contando os meses. Estou cansado, desacreditado bem no fundo do meu coração. E eu não sei, não sei se existe remédio para o fundo do coração.
JC
27 de mai. de 2010
Miragem
Eu no espelho: atentas, nós duas
nos observamos para além da imagem.
Estendemos a mão, tocamos esse pó de gelo, sabendo:
Se eu mergulhar daqui, e do seu lado, ela,
vão se fundir num sopro nossos rostos,
todos os meus sonhos e os anseios dela.
Mas nenhuma se atreve. Continuamos
sozinhas nesse mundo de reflexos,
eu e ela incompletas e sós.
Lya Luft
Perdi-me muitas vezes pelo mar
Com o ouvido cheio de flores recem-cortadas
Com a lingua, cheia de amor e de agonia
Muitas vezes me perdi pelo mar
Como me perco no coração de alguns meninos
Porque as rosas buscam em frente
Uma dura paisagem de osso
E as mão do homem não tem mais sentido
Que imitar as raízes sobre a terra
Como me perco no coração de alguns meninos
Perdi-me muitas vezes pelo mar
Ignorante da água
Vou buscando uma morte de luz que me consuma
Frederico Garcia Lorca
Com o ouvido cheio de flores recem-cortadas
Com a lingua, cheia de amor e de agonia
Muitas vezes me perdi pelo mar
Como me perco no coração de alguns meninos
Porque as rosas buscam em frente
Uma dura paisagem de osso
E as mão do homem não tem mais sentido
Que imitar as raízes sobre a terra
Como me perco no coração de alguns meninos
Perdi-me muitas vezes pelo mar
Ignorante da água
Vou buscando uma morte de luz que me consuma
Frederico Garcia Lorca
'No fundo, há só uma verdade: me sinto só.
Talvez seja essa a causa dos meus males.
Ou será o desconhecimento do que sou, (...)
O que sei é que as coisas que preocupam
podem ser resumidas em poucas palavras:
Deus, solidão. E no fundo, o que existe sou eu.
Como um grande ponto de interrogação sem resposta.'
(Caio F. Abreu - Limite branco)
22 de mai. de 2010
"Fico pensando se viver não será sinônimo de perguntar. A gente se debate, busca, segura o fato com duas mãos sedentas e pensa: "Achei! Achei!", mas ele escorrega, se espatifa em mil pedaços, como um vaso de barro coberto apenas por uma leve camada de louça. A gente fica só, outra vez, e tem que começar do nada, correndo loucamente em busca dos outros vasos que vê. Cada um que surge parece o último. Mas todos são de barro, quebram-se antes que possamos reformular as perguntas. E começamos de novo, mais uma vez, dia após dia, ano após ano. Um dia a gente chega na frente do espelho e descobre: "Envelheci." Então a busca termina. As perguntas calam no fundo da garganta, e vem a morte. Que talvez seja a grande resposta. A única."
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Caio F.
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Caio F.
-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.-O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
-Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.
Caio Fernando Abreu
LEO — Não sei, não. Não gosto nada disso. Tudo tão velho, tão rebentado, tão sujo. Parece um depósito de lixo. Sabe, eu me sinto como se tivesse acabado. Parece que nada mais vai ser bonito outra vez.
BABY — Olha, cara se você der uma voltinha na cidade ou olhar pela janela vai ver que o depósito de lixo lá de fora é muito maior! Quando a gente está se sentindo assim é só olhar em volta - dar o tal de look-around -, aí você vai ver que não está tão mal assim. A gente dá o tal look-around e canta. Assim, quer ver? Eu quero mesmo muito pouco eu quase não quero nada de tão pouco que eu quero. Talvez eu seja muito louco mas basta um canto e um teto - mesmo furado. Um canto e um papo furado, também. Não tem importância. Ninguém entende nada de nada e enquanto tudo cai eu canto por quase nada.
Caio Fernando Abreu
BABY — Olha, cara se você der uma voltinha na cidade ou olhar pela janela vai ver que o depósito de lixo lá de fora é muito maior! Quando a gente está se sentindo assim é só olhar em volta - dar o tal de look-around -, aí você vai ver que não está tão mal assim. A gente dá o tal look-around e canta. Assim, quer ver? Eu quero mesmo muito pouco eu quase não quero nada de tão pouco que eu quero. Talvez eu seja muito louco mas basta um canto e um teto - mesmo furado. Um canto e um papo furado, também. Não tem importância. Ninguém entende nada de nada e enquanto tudo cai eu canto por quase nada.
Caio Fernando Abreu
'Economizar amor é avareza. Coisa de quem funciona na frequência da escassez. De quem tem medo de gastar sentimento e lhe faltar depois. É terrível viver contando moedinhas de afeto. Há amor suficiente. Há amor para todo mundo. Há amor para quem quer se conectar com ele. Não perdemos quando damos: ganhamos junto.'
Ana Jácomo
Ana Jácomo
Nem sei o que tô escrevendo, mas sei que não me parece química, de verdade. As pessoas falam pra mim “larga essa merda”. Segurando seus copos de bebida, seus cigarrinhos de mato, seus vícios todos, suas manias, suas madrugadas fritas, seus dias fazendo de conta que não é assim, seus Ipods, phones, pads. Quem é que larga essa merda? Que merda? A vida. A bobeira? Não largamos, nunca.
tati bernardi
20 de mai. de 2010
"A vida era lenta e eu podia comandá-la. Essa crença fácil tinha me alimentado até o momento em que, deitado ali, no meio da manhã sem sol, olhos fixos no teto claro, suportava um cigarro na mão direita e uma ausência na mão esquerda. Seria sem sentido chorar, então chorei enquanto a chuva caía porque estava tão sozinho que o melhor a ser feito era qualquer coisa sem sentido.
(Caio Fernando Abreu)
18 de mai. de 2010
Se a paixão fosse realmente um bálsamo
O mundo não pareceria tão equivocado
Te dou carinho, respeito e um afago
Mas entenda, eu não estou apaixonado
A paixão já passou em minha vida
Foi até bom mas ao final deu tudo errado
E agora carrego em mim
Uma dor triste, um coração cicatrizado
E olha que tentei o meu caminho
Mas tudo agora é coisa do passado
Quero respeito e sempre ter alguém
Que me entenda e sempre fique a meu lado
Mas não, não quero estar apaixonado
A paixão quer sangue e corações arruinados
E saudade é só mágoa por ter sido feito tanto estrago
E essa escravidão e essa dor não quero mais
Quando acreditei que tudo era um fato consumado
Veio a foice e jogou-te longe
Longe do meu lado
Não estou mais pronto para lágrimas
Podemos ficar juntos e vivermos o futuro, não o passado
Veja o nosso mundo
Eu também sei que dizem
Que não existe amor errado
Mas entenda, não quero estar apaixonado
[Renato Russo]
O mundo não pareceria tão equivocado
Te dou carinho, respeito e um afago
Mas entenda, eu não estou apaixonado
A paixão já passou em minha vida
Foi até bom mas ao final deu tudo errado
E agora carrego em mim
Uma dor triste, um coração cicatrizado
E olha que tentei o meu caminho
Mas tudo agora é coisa do passado
Quero respeito e sempre ter alguém
Que me entenda e sempre fique a meu lado
Mas não, não quero estar apaixonado
A paixão quer sangue e corações arruinados
E saudade é só mágoa por ter sido feito tanto estrago
E essa escravidão e essa dor não quero mais
Quando acreditei que tudo era um fato consumado
Veio a foice e jogou-te longe
Longe do meu lado
Não estou mais pronto para lágrimas
Podemos ficar juntos e vivermos o futuro, não o passado
Veja o nosso mundo
Eu também sei que dizem
Que não existe amor errado
Mas entenda, não quero estar apaixonado
[Renato Russo]
Eu MINTO sim, e estou vivendo... Tem gente que não MENTE e ... O que foi? Tá balançando os ombros já? Fazendo um quatro? Precisa não, é questão de equilíbrio sim, mas de outro tipo. Mentir é necessário. Mentir é vital. Vê se pára de me olhar com essa cara de santo-recém-canonizado e admite também. As vezes, as vezezinhas só... Tá? Que tal? Uma aqui, outra ali, chega até ser engraçado. Nada grave viu? Nada que mude vidas, que destrua destinos, ou multiplique a produção de armas nucleares. Umas mentirinhas só. Inocentes. Que te escapem de arcar com toda a INconsequência. Pra você mesmo, na maioria das vezes. Vai, mente, é bom, é alívio. E alívio, ah alívio a gente anda precisando, precisa enquanto vai andando... E gira o mundo...
JC
Meus amores paralelos, meus amores por telefone, meus amores não amados. Meus amores presentes, não percebidos. Meus amores ausentes, onipotentes. Meus virtuais amores nobres. Meus iludidos amores pobres. Já amei tanto e nunca amei. Falei tanto sobre amor mas nunca soube o que dizia. E, tenho certeza, ninguem sabe. Nossos amores, nosso ridículo. Nosso vicioso ciclo em circulos, arredondando resultados sejam quais forem as fórmulas. Nossos peitos sempre pequenos, jamais suficientes para caber, para entender, dar valor ou esquecer de fato. Meus paralelos horrores.
JC
Eu quero muito te ver. Mas queria mais ontem do que hoje, e amanhã eu não sei; Não sei se diminui ou aumenta. Dois instáveis eu e você. Três, né, o tempo também. Aqui sol, aí chuva. Vice-e-versa-blá-blá-blá. Mas querida, eu já quis muito ver tanta gente, talvez você seja só mais uma, mais uma só. Ou não. Ou sim. Aí de mim!
JC
Creio que não há mais nada a ser renovado. Sensação de fim de linha. Trombada final. Destroços. Muita sucata. Tem uma pilha enorme de coisas velhas no meu coração. Essas sobre as quais eu não quero mais escrever e já estou escrevendo. Sedentarismo emocional existe? Pois pra mim existe. E fala, grita , chora, mudo, parado. Vontade de sufocar o tempo com uma belíssima e colorida almofada. Mas não, vou ficar aqui parada, almofadas no colo, olhar perdido, janela de vidro embaçada de caos, vendo tudo parado não se renovar, apesar do grande grande movimento externo ao meu blindex.
JC
16 de mai. de 2010
contou desculpas nos dez dedos das mãos abertas em frente ao espelho. não satisfeita, recorreu aos dos pés. recorreria a outros, se mais tivesse. as desculpas se acumulavam me entende, eu não quis, eu não quero, eu sofro, eu tenho medo, me dá a tua mão, entende, por favor. eu tenho medo, merda!
- Caio Fernando Abreu
após esse dia, nunca mais a vi, até que nos reencontramos — sendo impressionante que "nunca mais" possa ser usado desse jeito, "nunca mais até que...". mais impressionante do que isso só mesmo ver uma pessoa numa festa, achá-la patética, e tempos depois a estarmos amando, para tempos depois não estarmos mais. essa incoerência do amor quando revisto. penso muito nisso, mais do que necessário. em como é "desconcertante rever um grande amor". você olha pra ele e não sabe onde foi parar aquilo tudo que deveria estar eternamente ali.
- Fernanda Young
não diz nada, você não diz nada. apenas olha para mim, sorri. quanto tempo dura? faz pouco despencou uma estrela e fizemos, ao mesmo tempo e em silêncio, um pedido, dois pedidos. pedi para saber tocá-lo. você não me conta seus desejos. sorri com os olhos, com a mesma boca que mais tarde, um dia, depois daqui, poderá me dizer: não. há uma espécie de heroísmo então quando estendo o braço, alongo as mãos, abro os dedos e brota. toco. perto da minha a boca se entreabre lenta, úmida, cigarro, chiclete, conhaque, vermelha, os dentes se chocam, leve ruído, as línguas se misturam. naufrago em tua boca, esqueço, mastigo tua saliva, afundo. escuridão e umidade, calor rijo do teu corpo contra a minha coxa, calor rijo do meu corpo contra a tua coxa. amanhã não sei, não sabemos.
- Caio Fernando Abreu
9 de mai. de 2010
"Amar significa amar o que é difícil de ser amado,do contrário não seria virtude nenhuma; perdoar significa perdoar o imperdoável, do contrário não seria virtude alguma; fé significa crer no inacreditável, do contrário não seria virtude alguma. E esperar significa esperar quando já não há esperança, do contrário não seria virtude nenhuma."
(Gilbert Keith Chesterton)
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