Caio F.
30 de nov. de 2009
reservo sempre um canto no
meu peito para elas.
E, sempre que surge a ocasião, também
não perco a oportunidade de dar um
amigo a um amigo, da mesma forma
que eu ganhei você.
E não adiantam as despedidas.
De um amigo ninguém se livra fácil.
A amizade além de contagiosa
é totalmente incurável".
(Vinícius de Morais)
Eu sei, de vez em quando vem a guerra porque não somos somente paz. Mas escute, amor: a guerra é lá fora, contra quem quiser pisar na sua cabeça. Eu não quero. Eu sou fraca. O amor é fraco. O amor já se entregou. E se isso não tiver graça, eis a hora de partir, pois não é amor o que você procura. Eu só posso lhe oferecer a experiência assustadora e aterrorizante de ser amado.
E se existe alguma guerra é essa: meus dedos em sua pele, delicadamente, arrancando da superfície o que nem você gostaria de ver em si mesmo. Pois está vendo esses dedos? São eles que fazem carinho quando o mundo nos dá vontade de encolher num canto do sofá e dormir chorando... O Outro não pode amar aquilo que Eu não legitimo, não pode! Essa é a guerra! O risco de descobrir-se sem vestes, fraco, humano como qualquer outro, e ainda assim amado. É tão exposto quanto nascer, e não saber como será o mundo... assim como, nu e frágil, não saber o peso daqueles olhos em você.
Hoje eu quis inventar uma outra palavra, não pena. Que em pena a perspectiva é vertical. Em pena, sou eu olhando para baixo, e eu uma outra que traduzisse assim: eu olhando para dentro. Então eu assisto àquilo, olhando um cadáver ainda morno e digo sim, sim, ele tinha dentes muito bonitos, sim. Mas não fui eu que inventei a morte, não fui, a culpa não é minha. Eles dizem: alimente-se bem, beba pouco, não fume. Não fui eu que inventei isso de a morte entrar pela boca. É uma lei natural. Tudo o que é só corpo, pele ou matéria está se desgastando: o guarda-roupa, a Brigitte Bardot, tudo.
Então, o que se salva senão o intangível, senão os gestos que construímos em silêncio, de olhos fechados? E de olhos fechados, sonhei que você voltava dessa guerra e entrava embaixo de minhas cobertas: era o lugar mais quente depois que nada disso importava mais. Eu te abraçava bem forte, sem nada perguntar, porque o modo como você aquecia os meus pés friorentos era mais bonito do que tudo, tudo.
(Rita Apoena)
28 de nov. de 2009
Martha Medeiros
27 de nov. de 2009
[...]
Poder não, não quero poder nenhum, queria saber. Saber não, não quero saber nada, queria conseguir. Conseguir também não - sem esforço, é como eu queria.
[...]
Os abismos de rosas, os abismos de urzes, e aqueles abismos à beira do qual duas crianças correm perigo, protegidas pelas asas do Anjo da Guarda. Os abismos de estrelas falsas no falso céu do teto do meu quarto, os abismos de beijos e desejos, o abismo onde se detém o rei daquela história zen para abrir o anel que lhe deu o monge, onde está guardado o condão capaz de salvá-lo - e o condão é a frase: "isto tambèm passará".
[...]
Choro sozinho no escuro, você não enxuga as minhas lágrimas. Você não quer ver a minha infância. Solto nesse abismo onde só brilham as estrelas de papel no teto, desguardado do anjo com suas mornas asas abertas. [...] Voragem, vórtice, vertigem: ego. Farpas e trapos. Quero um solo de guitarra rasgando a madrugada. Te espero aqui onde estou, abismo, no centro do furacão.
[...]
Caio F.
in: No centro do furacão.
in: No centro do furacão.
26 de nov. de 2009
verônica h.
Esse vai parecer um texto bobo. Porque na verdade ele é. Tô escrevendo pra agradecer, sabe? Porque fazia tempo que tudo que eu escrevia era meia dúzia de frases sem graça, incapazes de expressar o que eu sentia de verdade. Daí você chegou, deu uma bagunçada na minha vida e deixou tudo clichê de novo, cheio de inspiração pra textos bobos.
Verônica H.
Verônica H.
Falar de melancolia é fácil. Os dicionários estão recheadíssimos de palavras bonitas que tendem tristes a explicar o sofrimento dos outros. O difícil é falar da alegria. Alegria que pode ser felicidade momentânea, mas quase não tem sinônimos na literatura.
O estar bem não inspira, não vira música nem poesia. Estar triste é sentimento premiado no Oscar de melhor drama, é realidade inventada para vencer o tédio que é ser comum e não ter do que reclamar.
Verônica H.
A solidão é meu cigarro
Não sei de nada e não sou de ninguém
Eu entro no meu carro e corro
Corro demais só pra te ver, meu bem
Não sei de nada e não sou de ninguém
Eu entro no meu carro e corro
Corro demais só pra te ver, meu bem
Um vinho, um travo amargo e morro
Eu sigo só porque é o que me convém
Minha canção é meu socorro
Se o mar virar sertão, o que é que tem?
Eu sigo só porque é o que me convém
Minha canção é meu socorro
Se o mar virar sertão, o que é que tem?
Dias vão, dias vêm, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração se não eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
Quem saberá a cura do meu coração se não eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
O amor é pedra no abismo
A meio-passo entre o mal e o bem
Com meus botões à noite cismo
Pra que os trilhos, se não passa o trem?
A meio-passo entre o mal e o bem
Com meus botões à noite cismo
Pra que os trilhos, se não passa o trem?
Os mortos sabem mais que os vivos
Sabem o gosto que a morte tem
Pra rir tem todos os motivos
Os seus segredos vão contar a quem?
Sabem o gosto que a morte tem
Pra rir tem todos os motivos
Os seus segredos vão contar a quem?
Dias vão, dias vêm, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração se não eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
Quem saberá a cura do meu coração se não eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
[Zeca Baleiro]
Nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além
De qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
No teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
Ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto
Teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
Embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
Me abres sempre pétala por pétala como a primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa
Ou se quiseres me ver fechado, eu e
Minha vida nos fecharemos belamente, de repente
Assim como o coração desta flor imagina
A neve cuidadosamente descendo em toda a parte;
Nada que eu possa perceber neste universo iguala
O poder de tua intensa fragilidade: cuja textura
Compele-me com a cor de seus continentes,
Restituindo a morte e o sempre cada vez que respira
(não sei dizer o que há em ti que fecha
E abre; só uma parte de mim compreende que a
Voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
Ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas...
e. e. cummings
"Tô com mais vontade de música. Tô com mais vontade de ficar acordada até tarde. Só porque não sou eu que busco assunto durantes as conversas. Você tem medo de me perder. Ninguém nunca teve medo de me perder. Eu sempre corria atrás de assunto, desesperada. E sempre desistiram de mim. Eu nunca deixo mesmo claro o que eu tô sentindo. E fica parecendo que eu não sinto. Mas é incrivelmente triste quando desistem do meu mistério."
Verônica H.
25 de nov. de 2009
Fernanda Young
Limite Branco - Caio Fernando Abreu
21 de nov. de 2009
20 de nov. de 2009
"Todos os amores são conchas vazias,todos os corações um dia são partidos.
Mas quando a gente encontra alguém pra deitar do nosso lado
e contar estrelas com a gente,
é como se uma pérola só nossa brotasse dentro da concha
e fizesse a gente esquecer o escuro e a solidão.
Eu sei que você tem medo e eu também tenho,
mas a vida veio pra ser vivida e, se um dia roubarem a sua pérola
tenha apenas uma certeza: você não vai morrer
e quando menos esperar outra pérola nasce.
O nosso amor é burro, mas é bom.
Quem escolhe se esconder dele por segurança não se machuca,é fato,
mas também nunca conta estrelas de madrugada e nem, no final da vida,
tem um colar de lembranças para contar."
Rani Ghazzaoui
19 de nov. de 2009
Já fui em cardiologista pra saber se é do sopro. Em gastro pra saber se é do fígado (eu continuo insistindo que não é meu estômago que dói), em psiquiatra pra saber se é falta de alguma química, vitamina, deslocamento de massa. Já fui em benzedeira. Oftalmo pra acertar o mundo. Dentista pra encaixar meu desequilíbrio em devorar e relaxar e falar e deixar. Já fui em tantos médicos. Procurar engana o tempo e talvez seja só isso.
Tati Bernardi
'
'E diz que tem medo, do longe de coisas como essa nossa. E eu penso, que no fundo, nem tão fundo, tenho também, demais.
E lá vou eu, a cada cinco minutos, namorar os flashes que você espalhou pela minha casa. Ainda que tudo não dê nem meia foto nossa, mal tirada. Se até o Natal você ainda gostar de mim eu prometo gostar de você também.'
Tati Bernardi
Então começamos a imaginar o mundo maravilhoso do contra fluxo. Salões de beleza vazios às quatro da manhã, só pro povo do contra fluxo. Cinemas, teatros, parques, livrarias, cafés, cursos, aulas, lojas de sapatos e bolsas e vestidos. Sei que tem uma ou outra livraria, sei que tem vários supermercados e academias. Mas não falo de um mundo de lojas de conveniência ou socorro. Não é dentista, veterinário e ambulância. É vida mesmo. Diversão. É a vida no contra fluxo. É fazer tudo sem trânsito e sem celular tocando. É marcar reunião enquanto os outros dormem e dormir enquanto o mundo tenta virar a mesma esquina e não se matar. No Natal eles fazem o shopping da madruga. Mas lota, não vale. Estou falando de um mundo maravilhoso sem o sol do meio dia na sua cabeça e sem as milhares de pessoas chatas que aceleram os passinhos rumo ao caixa quando você tenta se aproximar para pagar qualquer coisa em qualquer lugar. Posso ser presa por querer gastar mais energia elétrica. Deve fazer um tremendo mal pra saúde viver sem o solzinho da manhã (é, não ando muito saudável) e acredito que o gasto para o funcionamento desses lugares, nesse horário, seja muito além do lucro. Se fosse bom para a economia já seria uma realidade e já seria um inferno com um milhão de pessoas. Mas…mas…dormi sonhando com esse mundo. Seria eu um tipinho antissocial?
Tati Bernardi
16 de nov. de 2009
14 de nov. de 2009
13 de nov. de 2009
'Eu quero te dizer que já faz tempo que a minha magia não funcionava e que os meus olhos não brilhavam tanto, e que foi só você chegar pra que tudo voltasse a crescer e eu recuperasse esse fôlego de jovem que toma água da fonte, mas tenho que te confessar também que morro de medo de te dizer essas coisas tanto quanto morro de vontade de te dizer tudo isso e mais agora mesmo. Eu quero te levar adiante, e quero te dar todo o valor que te cabe. Quero te sentar nos lugares que você merece sentar-se e te dar o cuidado e o respeito que você merece, quero aprender a decifrar todas esses teus enigmas cinzas e coisas que você me diz e que me deixam forte, forte, forte – e fraca de tanto querer. Quero que você perceba que abri espaço agora, e que você pode se acomodar e ficar até o dia que eu não vou me atrever a dizer qual é.
Dani Cabrera
'Eu posso sentir isso de novo. Que bom. Achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou me sentindo uma idiota. Sabe o que eu fiz hoje? As pazes com o Bob Marley, com o Bob Dylan e até com o ovomaltine do Bob’s. As pazes com os casais que se balançam abraçados enquanto não esperam nada, as pazes com as pessoas que não sabem ver o que eu vejo. E eu só vejo você me ensinando a dar estrela. Eu só vejo você enchendo minha vida de estrelas. Se você puder, não tenha medo. Eu sou só uma menina que voltou a ver estrelas. E que repete, sem medo e sem fim, a palavra estrela no mesmo parágrafo. Estrela, estrela, estrela. Zilhões de vezes.'
Tati Bernardi
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