2 de jun. de 2008


Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar,
cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo,
não era o prêmio merecido de uma mente em ordem,
mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim
para ocultar a desordem de minha natureza.
Descobri que não sou disciplinado por virtude,
e sim como reação contra a minha negligência;
que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez,
que me faço passar por prudente quando na verdade
sou desconfiado e sempre penso o pior,
que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas,
que só sou pontual para que ninguém saiba
como pouco me importa o tempo alheio.