6 de dez. de 2008


Sentamos-nos no telhado. Devoramos um pacote de biscoitos. Devoramos também um pôr-do-sol lá em MG. E um banho de chuva lá em SC. E não quero usar outra palavra que não seja esta: devorar. Devoramos a lua. Devoramos segredos que nem pareciam ser segredos. Devoramos estrelas. Éramos iguais nessa fome por coisas pequeninas. Éramos iguais quando sentávamos no telhado para cuspir frases sobre a vida e sobre a não-vida mais frases ainda. Nós éramos duas imagens completamente diferentes, mas tão iguas sobre os telhados. Tão iguais quando estávamos mais perto do céu, e não porque o céu era o céu, mas porque éramos amigos ali. Dali devorávamos o universo, esse que fica acima das nossas cabeças tão cheias de vento. Por falar em vento, ela gostava de vento, eu me lembro bem, dizia que parecia trilha de filme de suspense. Eu me limitava a sorrir, não apenas por tambem gostar do vento e completar mais uma de nossas afinidades, mas porque mesmo se não gostasse eu acharia bonito ouvir. Ouvir a voz, ouvir o vento. Voz e vento misturados, virando utopias inesqueciveis. Teriam sido mais pacotes de biscoito se houvesse mais tempo. Tempo, tempo para estar ao lado é uma coisa que a gente quase não tinha - só ela vai entender essa frase - mas se tivéssemos . . . Faltariam telhados.







jc