24 de out. de 2010

Tá certo. Não há nada a dizer, não há nada para explicar. Ou você entende, através da música e até do silêncio, e estamos conversados (e enriquecidos). Ou você não entende nada, porque seu repertório é outro. Então, numa gestalt, também estamos conversados. 

Ninguém enche o saco de ninguém, você me deixa em paz, eu te deixo em paz – certo? Fica combinado assim: se não te atrapalho, você me dá licença de ser assim do jeito que sou? (...)

Tem dias em que tudo se encaixa, como no momento das peças finais dos quebra-cabeças, e tem aqueles em que tudo se desencaixa numa aflição tonta de não haver sentido nem paz, amor, futuro ou coisa alguma.

Tem dias que nenhum beijo mata a fome enorme de outra coisa que seria mais (e sempre menos) que um beijo. Mas tem aqueles outros, quando um vento súbito e simples entrando pela janela aberta do carro para bater nos teus cabelos parece melhor que o mais demorado e sincero dos beijos. Precisamos dos beijos, precisamos dos ventos. Tem dias de abençoar, dias de amaldiçoar.

E cada um é tantos dentro do um só que vê e adjetiva o de fora que escapa, tão completamente só no seu jeito intransferível de ver: “E eu sou só eu só eu só eu”.


[Caio F.]