9 de jul. de 2011

O ruim é que, se bebo café demais, preservo nas pálpebras um sonho eterno, acordado e intenso com você. Passo a fazer previsões alucinadas acerca de nós dois, como se jogasse búzios no chão encefálico. Ouço o lado direito do cérebro moldurando o retrato-falado de um divino e supimpa amor, desses que nem o Lulu Santos cantou em trocentos anos de estrada. Raro amor, que existe pois é feito de verdade. Não uma paixão, que tal a mentira, pode ser inventada num hit radiofônico qualquer.

Assim, faço um amor eterno com a melhor fórmula já patenteada: nunca começá-lo. O que não tem início, não há de ter fim. Quem sabe um dia eu escreva uma música pra essa máscara cândida com a qual enfeito o rosto de cada mulher por perto. Qualquer uma sem refrão frase feita, que não rime amor com dor, saudade e vontade, paixão mais solidão. E cuja nota inaugural não venha precedida de dó.



Gabito Nunes