O ruim é que, se bebo café demais, preservo nas pálpebras um sonho eterno, acordado e intenso com você. Passo a fazer previsões alucinadas acerca de nós dois, como se jogasse búzios no chão encefálico. Ouço o lado direito do cérebro moldurando o retrato-falado de um divino e supimpa amor, desses que nem o Lulu Santos cantou em trocentos anos de estrada. Raro amor, que existe pois é feito de verdade. Não uma paixão, que tal a mentira, pode ser inventada num hit radiofônico qualquer.
Gabito Nunes