21 de ago. de 2011

''Estou te amando muito 
nesse momento.

Te escrevo porque é noite, está quente 
e me convém.
Ando íntima de pessoas tão perversas. 
Faço barulho, berro de prazer 
e dou dentadas em pedacinhos de vida. 
Tenho conversado com tanta gente, 
tenho me sentido tão longe de todo mundo. 
Ninguém me traduz. Virei um deserto 
e nada mata minha sede. 
Gente demais me dá um silêncio, cara. 
Pra agora, eu só queria quê. 
Conversas baixinhas, 
brincadeiras com minhas mãos, 
uma sacudida com qualquer filosofia fodida, 
dilacerada, 
porque a poesia já acabou faz tempo.
Ontem arranquei coisa pra 
caramba aqui de dentro. 
Com minhas unhas, mesmo. 
Te liguei e fiquei muda, de repente. 
Em minha voz não coube o 
excesso de palavras. 
Ela despenca ao te ouvir, 
antes de ser entregue."



Jaya Magalhães