5 de abr. de 2012

Eu não sabia mais cantar na sala de estar com um público imaginário e só ter vergonha dos vizinhos quando fosse pega em flagrante. Essas coisas não aconteciam mais, e não era como uma lembrança comum, era como se nunca tivessem acontecido. 

Engraçado como a dor vai apagando as coisas legais na nossa cabeça. Ficou comigo outra cena, que não aconteceu mas que é muito mais nítida agora quando me esforço pra ativar alguma memória.

Eu era só uma criança ''órfã'' com os bracinhos estendidos na direção do portão.

As lembranças que enganam também dizem verdades, só que mais particulares.

Não tive força para continuar sendo feliz.
Não tive coragem para continuar de braços abertos quando cresci.
E muito menos tive vontade de cantar.

Sou um par de ouvidos e braços cruzados.




jc