31 de jan. de 2008


Fogem-te,
por entre os dedos,
os instantes;
e nos lábios
dessa que amaste
morre um fim de frase,
deixando a dúvida definitiva.
*
Nuno Júdice


Nuno Júdice - Plano


Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio,
como se o pudéssemos beber de um trago.
No fundo, como o vinho turvo,
deixa um gosto amargo na boca.
Pergunto onde está a transparência do vidro,
a pureza do líquido inicial,
a energia de quem procura esvaziar a garrafa;
e a resposta são estes cacos que nos cortam as mãos,
a mesa da alma suja de restos,
palavras espalhadas num cansaço de sentidos.
Volto, então, à primeira hipótese. O amor.
Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo e veja,
através dele, o teu rosto inteiro.

Nunca são as coisas mais simples

que aparecem quando as esperamos.

O que é mais simples, como o amor,

ou o mais evidente dos sorrisos,

não se encontra no curso previsível da vida.

Porém, se nos distraímos do calendário,

ou se o acaso dos passos

nos empurrou para fora do caminho habitual,

então as coisas são outras.

Nada do que se espera

transforma o que somos se não for isso:

um desvio no olhar;

ou a mão que se demora no teu ombro,

forçando uma aproximação dos lábios.



Nuno Júdice

Queriam-me casado, cotidiano,
fútil e tributável?
Queriam-me o contrário disso,
o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa,
fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
.
.
.
(Álvaro de Campos)

É
um
prazer
estar
enganado.

Quantas vezes já escrevi que te amo

Tantas, tantas as frases para ti.

Quantas vezes já falei dos teus olhos

Sol da manhã na minha vida.

Quantas vezes já falei dos teus lábios

O doce que era o beijo teu.

Amor dos meus amores ...

Hoje estou a pensar em nós

Coberto de palavras para te repetir.




jc

25 de jan. de 2008

Aquilo que os princípios têm de cómodo
é que podemos sempre
sacrificá-los quando é necessário.
.
.

Um barco, no ancoradouro, está seguro.
Mas não é para isso que os barcos são feitos.







William Shedd

Muitas pessoas pensam que estão a pensar

quando estão apenas a re-arrumar

os seus preconceitos.





As pessoas mais silenciosas

geralmente são aquelas

que pensam o melhor

de si mesmas.



Ninguém pode calcular a potência venenosa
de uma palavra má num peito amante.
.
.
.


De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça,
Amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.





A minha consciência tem milhares de vozes,

E cada voz traz-me milhares de histórias,

E de cada história sou o vilão condenado.




SONETO LXXXVIII
.
.
Quando me tratas mau e, desprezado,
Sinto que o meu valor vês com desdém,
Lutando contra mim, fico a teu lado
E, inda perjuro, provo que és um bem.
Conhecendo melhor meus próprios erros,
A te apoiar te ponho a par da história
De ocultas faltas, onde estou enfermo;
Então, ao me perder, tens toda a glória.
Mas lucro também tiro desse ofício:
Curvando sobre ti amor tamanho,
Mal que me faço me traz benefício,
Pois o que ganhas duas vezes ganho.
Assim é o meu amor e a ti o reporto:
Por ti todas as culpas eu suporto.
.
.
.

~ Soneto 92 ~


Faz teu pior pra mim te afastares,

Enquanto eu viva tu és sempre meu,

Não há mais vida se tu não ficares,

Pois ela vive desse amor que é teu.


Por que hei de temer grande traição

Se tem fim minha vida com a menor;

De vida abençoada eu sou, então,

Por não estar preso ao teu cruel humor.


Tua mente inconstante não me afeta,

Minha vida é ligada à tua sorte;

Como é feliz o fato que decreta


Que sou feliz no amor, feliz na morte!

Porém que graça escapa de temer?

Podes ser falso e eu sequer saber.




Não há arauto mais perfeito da alegria
do que o silêncio.
Eu sentir-me-ia muito pouco feliz
se me fosse possível dizer
a que ponto o sou.
.
.
.

O amor não prospera em corações que
se amedrontam com as sombras.
.
.
.

Onde acharei lugar tão apartado
Onde acharei lugar tão apartado
E tão isento em tudo da ventura,
Que, não digo eu de humana criatura,
Mas nem de feras seja frequentado?


Algum bosque medonho e carregado,
Ou selva solitária, triste e escura,
Sem fonte clara ou plácida verdura,
Enfim, lugar conforme a meu cuidado?


Porque ali, nas entranhas dos penedos,
Em vida morto, sepultado em vida,
Me queixe copiosa e livremente;


Que, pois a minha pena é sem medida,
Ali triste serei em dias ledos
E dias tristes me farão contente.



Luís de Camões

[...]


Abrir-se devem passos à ventura;
Sem si próprio ninguém será ditoso;
Os princípios somente a Sorte os move.
.
.
Atrever-se é valor e não loucura;
Perderá por cobarde o venturoso
Que vos vê, se os temores não remove.
.
.
.

Luís de Camões

Ao desconcerto do Mundo
Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.
.
.
Luís de Camões

Erros meus, má fortuna, amor ardente
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que pera mim bastava amor somente.
.
Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.
.
Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa [a] que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.
.
De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Genio de vinganças!
.
.
Luís de Camões


Suspirareis então pelo passado,
Em tempo quando executar-se possa
Em vosso arrepender minha vingança.
.
.

Luís de Camões



Amor, que o gesto humano na alma escreve
Vivas faíscas me mostrou um dia,
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas e alva neve.
*
A vista, que em si mesma não se atreve,
Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.
*
Jura Amor que brandura de vontade
Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoudece, se cuida que é verdade.
*
Olhai como Amor gera, num momento
De lágrimas de honesta piedade,
Lágrimas de imortal contentamento.
*
*
*
Luís de Camões

Que eu só em humilde estado me contento
De trazer esculpido eternamente
Vosso fermoso gesto dentro na alma.
*
*
*
Luís de Camões

12 de jan. de 2008


"Segue o teu destino...
Rega as tuas plantas;
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
de árvores alheias"
;
;
;

Fazes-me falta, estou ausente de mim própria.
Minhas memórias, impulsos solitários de prazer.

Não há nada como o sonho para criar o futuro.
Utopia hoje, carne e osso amanhã.



Raramente conhecemos
alguma pessoa de bom senso
além daquelas
que concordam conosco.


Calarei os maldizentes continuando a viver bem;
eis o melhor uso que podemos fazer da maledicência.
^^

Quando todo o mundo é corcunda,
o belo porte torna-se a monstruosidade.


Alguns homens vêem as coisas como são, e dizem 'Por quê?'
Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo 'Por que não ?'
*
*

Há momentos infelizes
em que a solidão e o silêncio
se tornam meios de liberdade.
//
//

Que grande ironia,
ainda termos de esconder
aquilo que o mundo mais precisa, amor.

Nunca deixaste muito espaço
entre a tua boca e as tuas mãos.
Gosto de quem faz aquilo que diz.

Nunca soube dormir direito entre braços,
tramar pernas,
acomodar o corpo entre espaços,
misturar sonhos à pele outra,
costurar sono a um abraço que não o meu.
Hoje,
há alguem a me ensinar
este sensual encaixe de almas.

"Vou criar o que me aconteceu.
Só porque viver não é relatável,
viver não é vivível,
eu vou ter que criar sobre a vida.
Eu não compreendo o que vi.
Eu nem mesmo sei se vi,
já que meus olhos acabaram
não se diferenciando da coisa vista.
Ah, meu amor, as coisas são muito delicadas.
A gente pisa nelas com uma pata humana demais,
com sentimentos demais.
Só a delicadeza da inocência é que sente
o seu gosto quase nulo."
....
Clarice Lispector

Meu amor...
Apenas deixe que se apague
Sem despedidas
Detalhes não importam
Nós dois pagamos o preço
.
Lágrimas em meus olhos
Você sabe que às vezes
Tem que ser assim
.
Agora sempre que te vejo
Finjo que estou bem
Quando quero te tocar
Me viro, caminho e deixo pra lá
.
Tenho que confessar
Nós fomos maiores que tudo
Lembre-se de nós em nosso melhor
.
Tarde da noite, brincando no escuro
Acordando em meus braços
Você sempre estará no meu coração e
Eu posso ver nos seus olhos
Você ainda quer isso
Então
Não se esqueça de nós...

Estou falando por experiência própria
Nada se compara ao seu primeiro amor verdadeiro

11 de jan. de 2008


Pq grita a minha mente estes pensamentos soltos?
Ando devéras cansada de tamanho barulho sólo !

Dentro de uma história, várias histórias nos escapam.

O vento cospe-me na cara
lágrimas que a chuva já não quer...
[...]
F.Neto

Ah, noutras vidas eu já tinha dito que não curto muito os biquinis.
Mantenho. É uma peça completamente dispensável.
\0/
..rsss

Quantos vivem toda a vida sem descobrir o que sabem e amam?
Tantos.
Não ser um desses é essa a tua missão.



Amor não se implora,
não se pede
não se espera...
Amor se vive ou não.
...
O amor... Ah, o amor...
O amor quebra barreiras,
une facções,
destrói preconceitos,
cura doenças...
Não há vida decente sem amor!
.
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.
Artur da Távola

É certo, afinal de contas,

que neste mundo nada nos torna necessários

a não ser o amor.

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Nada é mais repugnante do que a maioria,
pois ela compõe-se de uns poucos antecessores enérgicos;
velhacos que se acomodam; de fracos, que se assimilam,
e da massa que vai atrás de rastros,
sem nem de longe saber o que quer.
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Quem tem bastante no seu interior, pouco precisa de fora.
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Perversidade

é um mito inventado por gente boa

para explicar o que os outros têm de

curiosamente atrativo.
A cada bela impressão que causamos,
conquistamos um inimigo.
Para ser popular
é indispensável ser medíocre.

Ah! Não me diga que concorda comigo!
Quando as pessoas concordam comigo,
tenho sempre a impressão de que estou errado.