27 de ago. de 2008


Capitulo 4


40 dias e vários outros..."


40 dias sem você
40 dias depois do fim eu ainda respiro
È impressionante o quanto ficamos mais fortes
Agora eu sei que poderia ter tido você quando eu quisesse
Tive medo e te dei um titulo que não era seu
Grande amor...
Penso sobre o grande amor
Acho que o grande amor é um erro
O amor tem que ser do nosso tamanho
Para olharmos no olho
E conseguir nos enxergar também
40 dias é mais do que alguém pode agüentar sem água
40 dias da tempo de morrer e virar outra coisa
Outra coisa? Acho que é isso
Todos tem medo de ser, o que quer que seja
As pessoas simplesmente tem medo de “ser”
Eu tenho medo, você tem...
Nesse tempo eu me tornei outra coisa
Talvez você se espante quando me ver
E nesse turbilhão sem você eu conheci outra pessoa
Outra...Pessoa...."

26 de ago. de 2008


E bati, e bati outra vez, e tornei a bater, e continuei batendo sem me importar que as pessoas na rua parassem para olhar, eu quis chamá-lo, mas tinha esquecido seu nome, se é que alguma vez o soube, se é que ele o teve um dia, talvez eu tivesse febre, tudo ficara muito confuso, idéias misturadas, tremores, água de chuva e lama e conhaque no meu corpo sujo gasto exausto batendo feito louco naquela porta que não abria, era tudo um engano, eu continuava batendo e continuava chovendo sem parar, mas eu não ia mais indo por dentro da chuva, pelo meio da cidade, eu só estava parado naquela porta fazia muito tempo, depois do ponto, tão escuro agora que eu não conseguiria nunca mais encontrar o caminho de volta, nem tentar outra coisa, outra ação, outro gesto além de continuar batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo nesta porta que não abre nunca.







Caio Fernando Abreu - Além do ponto.

"Cansa-me o amor

Porque é centelha

E exige posse e pranto,

Sal e adeus."







Hilda Hilst

"Nada é tão insuportável do que uma sucessão de dias belos."







Freud

Vivemos numa época pós-tudo.
Pós Marx, pós Freud, pós Kelsen.
Alguns de nossos melhores sonhos de juventude não se realizaram.
Não vivemos em um mundo sem países, sem miséria.
Não soubemos criar ainda um tempo de fraternidade e de delicadeza.
Não há sequer uma boa utopia à disposição.









Jacinto Nelson de Miranda Coutinho

25 de ago. de 2008


Às vezes sentava-se na rede,
balançando-me com o livro aberto no colo,
sem tocá-lo,
em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro:
era uma mulher
com o seu amante."











C. Lispector

Felicidade Clandestina

Hoje eu quero paz, porque amor é pra quem tem coragem...

Talvez eu me ache delicada d+ apenas pq ñ cometi os meus crimes. Só pq contive os meus crimes, eu me acho d amor inocente. [...]. Talvez eu tenha q chamar d "mundo" esse meu modo d ser um pouco d tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se ñ posso amar o tamanho d mha natureza? Enqnto eu imaginar q "Deus" é bom só pq eu sou ruim, ñ estarei amando a nada: será apenas o meu modo d me acusar. Eu, q sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário qero chamar d Deus. Eu, q jamais me habituarei a mim, estava qerendo q o mundo ñ me escandalizasse. Pq eu, q d mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão + inexorável doq eu, eu estava qerendo me compensar d mim mesma c/ uma terra menos violenta q eu. Pq enqnto eu amar a um Deus só pq ñ me qero, serei um dado marcado, e o jogo d mha vida maior ñ se fará. Enqnto eu inventar Deus, Ele ñ existe.




C. Lispectorin
"Felicidade Clandestina"

24 de ago. de 2008



"...a raiva é mais mansa e eu me sinto capaz de suportá-la, a raiva cabe em mim porque não permanece, e as coisas só adentram em mim quando podem escapar em seguida, eu sofoco, sei bem, sufoco e quase esmago as coisas, as gentes também, apenas ultrapassam numa rapidez de quem não olha para trás e vai seguindo em frente, fraca demais para ser barreira, transparente, porosa feito cortina de fumaça, não, não exatamente, a fumaça ao menos faz os olhos ficarem vermelhos, provoca tosse, eu não consigo abalar ninguém, um plástico, material sintético, teve pena na certa, eu não quero que tenham pena de mim, dói mais que tudo os outros olhando de cima, constatando a fraqueza nossa, a nossa inferioridade, quero que me olhem do mesmo plano..."



Caio F. Abreu


"Não poderias saber nada de mais absoluto sobre ela, a não ser ela própria. Fazendo algumas perguntas, tu ouvirias respostas. Nas respostas ela poderia mentir, dissimular, e a realidade que estava sendo, a realidade que agora era, seria quebrada. E pois, não fazendo perguntas, tu aceitarias a moça completamente. Desconhecida, ela seria mais completa que todo um inventário sobre o seu passado. Descobririas que as coisas e as pessoas só o são em totalidade quando não existem perguntas, ou quando essas perguntas não são feitas. Que a maneira mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar - mas ver. Em silêncio."
*
*
Caio F. Abreu

23 de ago. de 2008

Fotografia de Geoffrey Demarquet
*
*
*

O mundo, às vezes, fica-me tão insignificativo
Como um filme que houvesse perdido de repente o som.
Vejo homens, mulheres: peixes abrindo e fechando a boca num aquário.
Ou multidões: macacos pula-pulando nas arquibancadas dos estádios...
Mas o mais triste é essa tristeza toda colorida dos carnavais
Como a maquilagem das velhas prostitutas fazendo trottoir.
Às vezes eu penso que já fui um dia um rei, imóvel no seu palanque,
Obrigado a ficar olhando
Intermináveis desfiles, torneios, procissões, tudo isso...
Oh!
Decididamente o meu reino não é deste mundo!
Nem do outro...




Quintana

"As pessoas suportam tudo,
as pessoas às vezes procuram exatamente
o que será capaz de doer ainda mais fundo,
o verso justo, a música perfeita, o filme exato,
punhaladas revirando um talho quase fechado,
cada palavra, cada acorde, cada cena,
até a dor esgotar-se autofágica,
consumida em si mesma,
transformada em outra coisa
que não saberia dizer qual era."







Caio F. Abreu

"Talvez não se tenha ainda atingido o ponto em que um silêncio basta?
É preciso encher o vazio de palavras, ainda que seja tudo incompreensão?
Só vou perguntar por que você se foi, se sabia que haveria uma distância,
e que na distância a gente perde ou esquece tudo aquilo que construiu junto.
E esquece sabendo que está esquecendo."






Caio F. Abreu

"Venha quando quiser,
ligue,
chame,
escreva...
tem espaço na casa e no coração,
só não se perca de mim.”






(Caio Fernando Abreu)

"Que medo é este que invade o sol ?
na manhã atordoada em azul
as dores não anulam anteriores,
eu infinitamente alheia contemplo
as palavras inventadas nas vozes
raras e apetecidas, clamam a minha dor,
não tenho mais uma vida inteira
nem mais a vontade de ver o nada
e afogar o medo no seu peso."









(Constança Lucas)

"Pois como eu ia dizendo, depois que comecei a cuidar do jardim aprendi tanta coisa, uma delas é que não se deve decretar a morte de um girassol antes do tempo, compreendeu? Algumas pessoas acho que nunca. Mas não é para essas que escrevo."









(Caio Fernando Abreu)

"Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa"







Caio F. Abreu.

Louco porque tudo o que o homem faz em seu mundo simbólico é procurar negar e superar sua sorte grotesca. Literalmente entrega-se a um esquecimento cego através de jogos sociais, truques psicológicos, preocupações pessoais tão distantes da realidade de sua condição que são formas de loucura — loucura assumida, loucura compartilhada, loucura disfarçada e dignificada, mas de qualquer maneira loucura.







Caio F. Abreu

...No fundo de um bolso esquecidos,

Todo mundo tem restos de sonhos !!


E sair num vôo largado
Num raio de vida
Sem desejos, esperas ou cobranças
Se guiar para não ser guiado
Se vigiar para não ser vigiado
E deixar tudo passar como o vento
Sem arquivo, memória ou pensamento
Se ajudar para não precisar ser ajudado
Se amar para não precisar ser amado
E ter um coração só pra ter presença
A liberdade só pra ter vivência
E mais a paz, só por ser mais fácil
E ir vivendo, só por querer viver
Mas ir sorrindo, como quem tudo tem e nada quer
Simplesmente,
Só pra ser Feliz.
*
*
*
*
*
L. A. Gasparetto

Sinto-me a pisar em cacos de um vidro finissimo
E bater em portas
E queimar bilhetes, sim estes mesmo, os q ja tanto adorei
Sinto-me a tocar campainhas, milhares delas, mas não há ninguem
E grito, e choro, eu peço sim, uma noticia
Mas não há nada, nada atras dessas portas pesadas
Volto, por certo, pelo mesmo caminho
Com cacos, e pedaços de papel
Volto, para dentro de mim
Cumpri meu ciclo, arrasto com dificuldade minha própria porta
De marmore e aço
Para que se feche, por favor, se feche, sem frestas, por favor
Lá dentro estou nua
Despida, pronta para a morte, pronta para a vida
Mas que vida há em ficar lá dentro?
Um campo de flores que estou a admirar sozinha
Lua-cheia, cançoes perfeitas
Nada de cacos de vidro
É calmo e bonito
Mas ali estou sozinha
E penso, de que me vale ?




JC

-

17/08/08

Tenho descoberto que certezas não existem
Tenho descoberto coisas que preferia desconhecer pela eternidade
Tenho sentido angustias, tão completas, que parecem ter cor
Venho desviando caminhos, criando atalhos,
Tenho construido pontes no escuro, apenas para não ver denovo a tua luz
Venho fazendo isto, pq a tua luz me cega, artificial, ela me enoja, me confunde
Tenho aprendido a não mais oferecer flores, e é tão triste
Tenho visto ao vivo e a cores o que uma magoa pode causar na personalidade
Ando tão down, como Cazuza, porque o amor é o ridiculo da vida
Tenho visto as belezas simplórias se pôndo, como o sol de julho, que se vai cedo
Tenho tido vontades imensas de segurar alguma mão, e ter braços dentro dos braços meus
Ando deitando em divãs, que imagino delirante, fossem colos macios
Tenho, meu bem, uma maneira fria de ser, que não me agrada em nada, mas
Venho, meu bem, aprendido isso ao longo dos The end's
Ando subscrevendo canções tristes
Tenho sentido falta de mim, não me reconheço em espelhos-espelhos-meus
Venho julgando demais, sendo cruel, na tentativa de transferir minhas feridas todas
Tenho, sobretudo, vontade de pedir perdão, à vc não, tão somente à mim.
Ando, venho, tenho; Parado, regredido, sem nada.







JC

20/08/08

13:48