21 de dez. de 2011

Pior do que ciúme é a falta de ciúme. A indiferença é uma doença muito mais grave. Alguém que não está aí para o que faz ou não faz, para onde vai e quando volta. De solidão, chega a do ventre que durou nove meses. Tão cansativa essa mania de ser impessoal no relacionamento, de ser controlado, de procurar terapia para conter a loucura. Loucura é não poder exercer a loucura.

— Fabrício Carpinejar

16 de dez. de 2011

Queria MUITO domar essa coisa que aqui no Brasil chamam de 'sentir saudade'. Mas deve ser mais fácil domesticar um animal selvagem. O problema é que a gente fica cutucando tudo com vara curta.



jc
Discretamente, enviei sinais de socorro aos amigos. Ninguém ajudou. Me virei sozinho. Isso me endureceu um pouco mais. Não foi só você, não. Foram também pessoas até mais íntimas, (…) me virei sozinho com enormes dificuldades. Não me lamuriei. Mas preciso que as pessoas saibam que isso doeu.

[Caio Fernando Abreu]

30 de nov. de 2011

‎(...) como ia dizendo, não se esquive do fato de haver uma história em suspenso aqui, não digamos assim, pois uma história jamais fica suspensa: ela se consuma no que se interrompe, ela é cheia de pontos finais internos... [Caio F.]
Ou virar o disco para libertar um blues ainda mais agônico, quase insuportável de tão dolorido, que cada nota emitida pelo sax durasse pelo menos o tempo do Gênesis. 




[Caio F.]

29 de nov. de 2011

Ele baixou os olhos. Feridas, cicatrizes, desejos - mastigou, mastigaram. 

Caio F.
E você não sabe quantos sorrisos eu já dei só de pensar em você.

Caio Fernando Abreu

27 de nov. de 2011

‎Abraço tem que ter pegada, jeito, curva. Aperto suave, que pode virar colo. Alento tenso, que pode virar despedida. Abraço é confissão. Abraço não pode ser rápido senão é empurrão. Requer cruzamento dos braços e uma demora do rosto no linho. Abraço é para atravessar o nosso corpo.
Fabrício Carpinejar
‎"Só o amor justifica viver intensamente neste pesadelo frenético que é a civilização."

Gabito Nunes
“Tentei lhe dizer muitas coisas,
mas acabei descobrindo que amar é muito
mais sentir do que dizer."

(José de Alencar)
‎"Não que eu seja rabugento. Pelo contrário, sou bem-humorado um quarto do tempo e quando não, uso o humor pra disfarçar. É que meu sorriso é bonito pacas. Não é brilhante, do tipo George Clooney, mas é um sorriso comprazido, afônico, de uma charmosa indecisão, de lábios que tiram as pestanas a bailar, me deixando nu. Por isso não sorrio tanto, por qualquer bobagem, pra quem não merece. Faço justiça com o próprio riso." [Gabito Nunes]

25 de nov. de 2011

Não se concentre tanto nas minhas variações de humor, apenas insista em mim. Se eu calar, me encha de palavras, me faça querer dizer outra e outra vez sobre você, sobre nós, e todo esse amor. Se eu chorar, não me faça muitas perguntas, não precisa nem secar minhas lágrimas. Só me diz que você continuará comigo pra tudo, que tenho teu colo e teu carinho. E ainda que te doa me ver assim, me envolva nos teus braços e diga que eu posso chorar, mas que você não sairá dali enquanto eu não sorrir. Porque é isso que nos importa, não é? O sorriso um do outro. Não é?

— T.B
Tem coisa que não volta, por mais que a gente queira. Você pode até tentar voltar o disco, repetir a música, insistir na letra, cantar o mesmo refrão por mil e um minutos, fechar os olhos. Tem sentimento que não volta. Mesmo que você se esforce, recorde, tente voltar a página, refrescar o coração. Alguns sentimentos são bem pontuais: Chegam, esperam pra ver se devem ficar e decidem partir ou continuar.

Tati Bernardi
“Não se preocupe, não tenha Pressa. O que é seu, encontrará um caminho para chegar até você. Deus não demora, ele capricha.”






— Caio Fernando Abreu
Porque era bom e tal. Aliás, meu Deus, como era bom. Mas não era bom pra ficar junto, certo?

Tati Bernardi
E tem sido você, e vai continuar sendo você. 

Caio Fernando Abreu

24 de nov. de 2011

“Eu que me aguente comigo e com os comigos de mim.” 






— Fernando Pessoa

19 de nov. de 2011

Me ouça desta vez. Me ouça com outros olhos.


jc

17 de nov. de 2011

(...) Eu sou os dois, eu sou os três, eu sou nós quatro. Esses dois que se encontram, esse três que espia e conta, esse quarto que escuta. Nós somos um - esse que procura sem encontrar e, quando encontra, não costuma suportar o encontro que desmente sua suposta sina. É preciso que não exista o que procura, caso contrário o roteiro teria que ser refeito para introduzir Tui, a Alegria. E a alegria é o lago, não o aquário turvo, névoa, palavras baças: Netuno, sinastrias. E talvez exista, sim, pelo menos para suprir a sede do tempo que se foi, do tempo que não veio, do tempo que se imagina, se inventa ou se calcula. Do tempo, enfim.

(...) que deve escolher essa coisa vaga - um caminho, um destino, uma história com agá -, se é que se escolhe alguma coisa, para depois matá-la, essa coisa vaga futura, quando for passado, se é que se mata alguma coisa.

(...)

E o que disser, como eu, será verdade. Aqui de onde resto, sei que continuamos sendo três e quatro. Eu pai deles, eu filho deles, eu eles próprios, mais você: nós quatro, um único homem perdido na noite, afundado nesse aquário de águas sujas refletindo o brilho de neon. Peixe cego ignorante de meu caminho inevitável em direção ao outro que contemplo de longe, olhos molhados, sem coragem de tocá-lo. Alto de noite, certa loucura, algum álcool e muita solidão.
Quero mais um uísque, outra carreira. Tudo aos poucos vira dia e a vida - ah, a vida - pode ser medo e mel quando você se entrega e vê, mesmo de longe.
Não, não quero nem preciso nada se você me tocar. Estendo a mão.
Depois suspiro, gelado. E te abandono.
 
 
 
Caio F.
(...) depois procuras procuras dentro do teatro, em pirâmides de estreitos corredores, e continuas procurando o palco, o vértice, a câmara real, a tua deixa, a tua marca, e antes de acordar não pensas, ou pensas, sim, eu não sei, ele não sabe, tu não sabes nem ninguém se de repente não estarás perdido nem não sabes o papel de cor, pois o palco é a procura do palco e o teu papel é não saber o papel e tudo está certo e a aparente desordem se ordena súbita e a grande ordem de todas as coisas é o caos girando desordenado assim como deve girar o caos, e assim mergulho eu e assim mergulhas tu e assim mergulha ele: a tontura de nossos seis passos equilibra-se instável e precisa sobre o fio da navalha. Mas - sei, sabes, sabemos as uvas talvez custem demais a amadurecer. E quase não temos tempo.


Caio F.
Preciso parar. Estou cansado. Pela cabeça, essa luz que não sei se é compreensão ou loucura.


Caio F.
Ou não importam cronologias,
se coexistias mesmo anterior à
minha consciência de ti.


Caio F.
 Mas te investigo, te busco, te suspeito cúmplice de mim, não dele, porque a tua ajuda é a única que posso esperar, então insisto sempre se me entendes, e volto a perguntar então, me entendes? assim, me entendes, tu? agora, me entendes, ou nunca?


Caio F.
Ao mesmo tempo, para todos, era extremamente cômodo e perfeitamente insuportável permanecer assim, no meio do parado, suspeitando vôos de morcegos por trás das janelas fechadas daquele quarto onde, quem sabe, apenas as âncoras ancoradas nas paredes poderiam indicar qualquer coisa como - um rumo? E finalmente, por uma longa série de razões vagas fundas baças tolas ou ainda mais confusas, esse tipo de coisa era praticamente tudo que se poderia dizer sobre eles. Assim lentos, assim amargos, assim surdos, assim fortes até. Sobrevivendo à morte de todos os presságios.

Caio F.
...era ainda capaz de exibir na pele torturada as marcas dos cigarros acesos, principalmente nos seios e nas coxas, numa espécie de sedução pelo avesso, pelo ideológico, não pelo estético, mas isso só na intimidade mais absoluta, quando estivesse descartada qualquer possibilidade de ser enquadrada em algum tipo de exibicionismo leninista-trotskista. Se bem que, como rugas e perdas, cicatrizes também fossem troféus. Grandes fracassos, tipo Napoleão em Waterloo, deveriam ser condecorados, afinal por que essa discriminação maniqueísta?



Caio F.
 Pensando melhor, continuavam sem saber, fazia muitos anos, se a realidade seria mesmo meio mágica ou apenas levemente paranóica, dependendo da disposição de cada um para escarafunchar a ferida.


Caio F.
Era nesse pé que as coisas estavam quando. E quase não havia nada a acrescentar, porque nada acontecia entre eles, a não ser, utilizando certa nor-ma-ti-vi-da-de e não necessariamente nessa ordem: a) Climas Indefiníveis; b) Sutilezas Indizíveis; c) Nobrezas Horríveis. Nomeava assim. Horríveis com maiúscula, porque mesmo não tendo que justificar-se enfim e ao cabo: nobreza em excesso roía por dentro, isso era como a conseqüência de uma aprendizagem instalada agora dentro do quarto. Como se por baixo do longo cano de uma luva branca imaculada por trás do rendilhado dos canutilhos houvesse garras torcidas, esguias feito torres góticas, arranhando vidraças fechadas na treva.
Mas assim era. Caminhava na rua sem tocar na rua, conseguia. Movimentava-se entre espelhos. Caminhar na rua: jogo de infinitos. O de agora remetendo ao de antes, que refletia o depois, que era algo bem próximo do agora, e assim por diante ad infinitum circular. Tudo refletia-se Cada reflexo o devolvia a algo que não a rua propriamente dita. Essa, por onde caminhava. Poder-se-ia argumentar contra Ele que isso não passava de mais um meio de não se comprometer demasiado. Uma daquelas Horríveis Nobrezas, porque concluir ou reconhecer uma aprendizagem não significava necessariamente passar a agir de maneira diferente.
Caio F.
Acontece que. Não, nada acontece - mas, por favor, não falemos disso agora.
O cruel vinha de que o silêncio também seria inábil e farposo, contudo educado, então feria, e não pense que vou esclarecer quem, facilitando as coisas por cegueira, pressa ou tontura: o cruel era a palavra verbalizada, e o verbo era o mal? mas o silêncio idem (...)
Caio F.
 Frente ao espelho, é com recato que tranço meus longos cabelos, enquanto a ponta de meus frágeis dedos de unhas curtas, às vezes roídas, acaricia o roxo das olheiras, herança de solitárias insônias. Depois busco um lugar junto à janela, pouso o rosto sobre uma das mãos e com a outra vou traçando riscos tristes pelas vidraças sempre embaçadas, por vezes grafo nomes de lugares e gentes que nunca conhecerei (...)


Caio F.
"A gente cuidava um do outro, não havia dor."




(Caio Fernando Abreu)
"Não sei sentir, não sei ser humano,
não sei conviver de dentro da alma triste,
com os homens, meus irmãos na terra.
Não sei ser útil,
mesmo sentindo ser prático, cotidiano, nítido.
Vi todas as coisas e maravilhei-me de tudo.
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco, não sei qual e eu sofri.
Eu vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos.
...
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
Amei e odiei como toda gente.
Mas para toda gente isso foi normal e instintivo.
Para mim sempre foi a exceção, o choque,
a válvula, o espasmo.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto demais ou de menos.
Seja como for a vida,
de tão interessante que é a todos os momentos,
a vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
a dar vontade de dar pulos, de ficar no chão,
de sair para fora de todas as casas,
de todas as lógicas, de todas as sacadas
e ir ser selvagem entre árvores e esquecimentos."




Fernando Pessoa


Passou pela minha cabeça voltar, mas o vento balançou os meus cabelos e mostrou que o caminho é para frente, reto e sem curvas.



Caio .F

1 de set. de 2011

...Eu tinha um ar muito ocupado. Mas ela ficou ali bem pertinho e daí eu olhei bem pra ela, como quem diz tá certo, admito que você tá mesmo aqui — e daí? 

Caio F.
...e tudo isso sempre gritando chega! chega! chega! tomado de cólera divina e asco e. Corta.


Caio F.
...mas também rezo e penso no planeta com imensa pena. Só não choro porque o Ódio é maior que a pena.


Caio F.
Você não grita nem acorda. Não há terror, mesmo sendo aterrorizante: é assim que é. E pior ainda, não se trata de um sonho.


Caio F.
Não há mais ninguém nessa estação. Ou por algum motivo não entrevejo os outros que talvez estejam também lá, apenas você, num zoom seletivo que exclui os demais. E por se tratar de uma estação, deve haver um trem que não 
chega, não passa nem parte. O que passa é apenas o tempo.



Caio F.

31 de ago. de 2011

Impossível reerguer os sonhos. Impossível encobrir as rachaduras, recuperar as cartas, não carregar o peso. Impossível ser agora quem eu planejei há dez anos. 

Impossível tornar a ter expectativas mesmo desejando vê-las regressarem em bando, como pássaros após o frio. Não é mais possível correr pra um lugar quente e seguro. Não há mais lugar. Não existem pontes para trás.

Não é mais possível assustar-se. Impossível a dor ser novidade mais de uma vez... Remediado está. Impossível mover cicatrizes. 

Impossível remover o mofo deste óculos triste.



jc

27 de ago. de 2011


Te amo dentro do exagero - pequeno demais - de 
uma vida toda.

jc

26 de ago. de 2011

"Você pega uma palavra tão bonita como 

a palavra MÃE, acrescenta Política e vira Sogra...

Política é uma coisa horrível" 




(Roberto Gómez Bolaños) !!
Queira Deus que um dia parem de molestar a minha inteligência com tanta farsa!


jc
O que dói mesmo é a sensação de fracasso. O resto é poesia.


jc

25 de ago. de 2011

O meu corpo implorava movimento e contato. E a minha alma queria ar e cores. O coração era manso, meio empacado, tinha medo de um penhasco imaginário, parece. Mas era um bom coração.

A mente era tudo isso junto, ao mesmo tempo, e fervendo num caldeirão de magias incompletas, faltava uma perninha de sapo aqui, uns olhinhos de coruja ali, faltava algo, faltava sempre.

Mexia-se tudo isso com uma colher bem grande, que as vezes aquecia demais e junto com o vapor queimava minhas mãos. Mas não seria bom se eu parasse de mexer, e mexer, e remexer a minha mente, as minhas memórias, os traumas e as bonitezas que me mantinham vivo enquanto me matavam idem.

Era paralelo morrer e viver. 
E talvez não houvesse problema algum.
Pare de se torturar. Pare. Pare.
Salve-se.  Abracadabra!


jc
"Sofrendo ou amando, não importa, eu apenas quero começar a viver as coisas, e não atravessar meus dias plantado no vácuo..."

Gabito Nunes

24 de ago. de 2011


Com o tempo aprendi que o ciúme é um sentimento para proclamar de peito aberto, no instante mesmo de sua origem. Porque ao nascer, ele é realmente um sentimento cortês, deve ser logo oferecido à mulher como uma rosa. Senão, no instante seguinte ele se fecha em repolho, e dentro dele todo o mal fermenta. O ciúme é então a espécie mais introvertida das invejas, e mordendo-se todo, põe nos outros a culpa da sua feiúra.'



Chico Buarque, in “Leite derramado”

23 de ago. de 2011

...em vez de sorrir ou fazer coisas, freqüentemente limitava-se a chorar penoso como se apenas a dor fosse capaz de devolvê-lo ao estágio anterior. A dor desconsolada e inconsolável, em soluços que o sacudiam cada vez mais fortemente, a cada um deles partindo-se a casca, quebrando-se a moldura, rachando-se o vidro, apagando-se o fogo.


Caio F.
Alguma coisa que jamais teria, e tão consciente estava dessa para sempre ausência que, por paradoxal que pareça, era completo nesse estado de carência plena.




Caio F.
Criatura da terra, seu temor era quem sabe perder o apoio dos pés.


Caio F.
Atrás da casca, porém, o cristal incandescia. 


Caio F.

21 de ago. de 2011

(...)

Hoje invejo os piegas. Pra ser honesto, preferiria ter andado apaixonado e fora de moda, que fashion e frustrado por aí, como agora. (...)

Eles se gostam e ponto. Não se juntam porque é tempo de gostar, porque encontraram quem tanto perseguiam, por insistência, estratégia, conveniência ou negociação. Eles sabem que a vida ata os laços só pra quem oferece os pulsos. (...)




Gabito Nunes
''Estou te amando muito 
nesse momento.

Te escrevo porque é noite, está quente 
e me convém.
Ando íntima de pessoas tão perversas. 
Faço barulho, berro de prazer 
e dou dentadas em pedacinhos de vida. 
Tenho conversado com tanta gente, 
tenho me sentido tão longe de todo mundo. 
Ninguém me traduz. Virei um deserto 
e nada mata minha sede. 
Gente demais me dá um silêncio, cara. 
Pra agora, eu só queria quê. 
Conversas baixinhas, 
brincadeiras com minhas mãos, 
uma sacudida com qualquer filosofia fodida, 
dilacerada, 
porque a poesia já acabou faz tempo.
Ontem arranquei coisa pra 
caramba aqui de dentro. 
Com minhas unhas, mesmo. 
Te liguei e fiquei muda, de repente. 
Em minha voz não coube o 
excesso de palavras. 
Ela despenca ao te ouvir, 
antes de ser entregue."



Jaya Magalhães
Se você quer ser feliz pra caralho, 
seja burro pra caralho, 
e alienado pra caralho em dobro.

Felicidade, felicidade mesmo, 
é coisa miúda, miúdinha.



jc
"Quando tudo se rasga, quem costura sou eu. Dou conta. Se amanhã eu acordar e resolver amar pra caralho, eu amo. Ele, você, outro. Ponto. Que venha a mim todo o amor que houve nessa vida, o tempo inteiro.'Meu coração vagabundo quer guardar o mundo em mim'."



[Jaya]

19 de ago. de 2011

Aconselham: se auto-medicar é perigoso. Verdade. Venho tentando me salvar, sozinha, há anos. Não tive sucesso, a vida continua. 


Reações? Náuseas, muitas! De quase tudo, quase todos.










jc

16 de ago. de 2011

A ironia da dor é que você quer ser consolado por quem te machucou.


Selena Gomez

4 de ago. de 2011

"E qualquer coisa que eu recorde agora, vai doer, a memória é uma vasta ferida."

[Chico Buarque, in Leite Derramado]
Algum paliativo, e mais um frasco de paciência, por favor.




jc

3 de ago. de 2011

Hoje eu só queria ouvir

“eu te procurei pra saber se você está bem”.






Caio F.

2 de ago. de 2011

Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom pra você. Se te der vontade de viver.


Caio Fernando Abreu

1 de ago. de 2011

Tá. Então vai pra lá com a tua falta de compreensão. Que eu viro pra cá com os meus dilemas pessoais-e-intransferíveis. De costas um pro outro não há futuro a dois. 

Te vira daí. Me viro daqui. Te amo. Boa noite.



jc
"Às vezes é preciso recolher-se. O coração não quer obedecer, mas alguma vez aquieta; a ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez resolve sentar-se à  beira dessas águas. Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir. É um começo de sabedoria, e dói. Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento, além de ser doloroso parece pobre, triste e sem sentido. Amar era tão infinitamente melhor; curtir quem hoje se ausenta era tão imensamente mais rico. Não queremos escutar essa lição da vida, amadurecer parece algo sombrio, definitivo e assustador. Mas às vezes aquietar-se e esperar que o amor do outro nos descubra nesta praia isolada é só o que nos resta. Entramos no casulo fabricado com tanta dificuldade, e ficamos quase sem sonhar. Quem nos vê nos julga alheados, quem já não nos escuta pensa que emudecemos para sempre, e a gente mesmo às vezes desconfia de que nunca mais será capaz de nada claro, alegre, feliz. Mas quem nos amou, se talvez nos amar ainda há de saber que se nossa essência é ambigüidade e mutação, este silencio é tanto uma máscara quanto foram, quem sabe, um dia os seus acenos."  


Lya Luft

30 de jul. de 2011

Algo muito simples sobre algo muito complicado: 


Um sentimento de fim que não acaba nunca. É preciso que o ciclo se feche. É preciso recuperar a fé e transformar essa gosma grudenta presa na garganta em uma palavra de salvação. Era preciso que o sol insistente me trouxesse luz e não somente calor. Era indispensável que alguma chuva lavasse toda essa história, minha história, que não tenho bem certeza se tem lugar no mundo, no mundo dos outros. Eu queria tudo limpo, queria que os dias balançassem leves pendurados no varal de algum quintal verdinho. 

As filosofias de biblioteca me deixavam cada vez mais deprimida. E as poucas relações humanas que sobraram me deixavam cada vez mais cansada. Talvez eu fosse chata ou exagerada demais; Talvez eu não ocupasse suficiente o tempo como as pessoas que trabalham 12 horas por dia e sustentam dois filhos, um gato, e três cachorros sem raça. Talvez elas fossem mais felizes do que eu era ou sou. Talvez não, elas eram.

Mas eu não faço idéia, não vejo por onde começar. E se vejo, falta coragem. Ponto final virou reticência. 


Como diria Caio F.: ''Perdi minha alegria, anoiteci, roubaram a minha esperança...''








jc

27 de jul. de 2011

Agora sofre. Deixa a lágrima rolar. Não por mim, por você mesma, te dê essa chance. Só assim estará apta a reconhecer os instantes felizes. Como eu, que usufruo um amor com sabor de morangos graúdos e garoas matinais e viagens urgentes que vem de repente rumo ao nada. Mas nunca descarte a dor, bem sabes, ser dois é tão delicioso que às vezes dói.


Gabito Nunes
Quando nasceu a geração a que pertenço encontrou o mundo desprovido de apoios para quem tivesse cérebro, e ao mesmo tempo coração.


Fernando Pessoa
Um dia iremos igualmente apreciar a intimidade de um abajur lilás, como prometeu aquele horóscopo? Hein, amor?


jc

18 de jul. de 2011

‎"Se você soubesse amar ele do mesmo jeito e intensidade que ama a falta que agora ele te faz."


Gabito Nunes
Acordou em estado de encantamento. Noutra cidade, ainda mais ao norte, para onde fugira depois daquele beijo. Só que quase não conseguia mais olhar para fora. Como antigamente, como quando fazia parte da roda, como quando estava realmente vivo — mas se porra ainda não morri caralho, quase gritava. E talvez não fosse tarde demais, afinal, pois começou desesperadamente outra vez a ter essa coisa sôfrega: a esperança. Como se não bastasse, veio também o desejo. Desejo sangrento de bicho vivo pela carne de Outro bicho vivo também. Sossega, dizia insone, abusando de lexotans, duchas mornas, shiatsus. Esquece, renuncia, baby: esses quindins já não são para o teu bico, meu pimpolho...
(...)
E por dentro do encantamento, da esperança e do desejo, entremeado começou a ter pena do outro, mas isso não era justo, e tentou o ódio. Ódio experimental, claro, pois embora do bem, ele tinha Ogum de lança em riste na frente. Aos berros no chuveiro: se você sabe seu veado o que pretende afinal com tanta sedução? Sai de mim, me deixa em paz, você arruinou a minha vida. Começou a cantar uma velha canção de Nara Leão que sempre o fazia chorar, desta vez mais que sempre, por que desceste ao meu porão sombrio, por que me descobriste no abandono, por que não me deixaste adormecido?



Caio F.

12 de jul. de 2011

(...) Não, você não gosta de mim, só diz gostar de mim porque agora não pode me ter. (...) Mas você é uma menina chata, mas não do tipo que arruína o dia, o tipo que me deixa sem saída. (...)


[Gabito Nunes]
Ficaí.

Se dessa vez for amor, eu juro, não vou deixar o melhor pro fim. Então, ficaí. Sentado, com os braços cruzados, sem falar nada muito diferente ou contar sobre algum plano futuro. Só ficaí. Pode ser com aquela cara de brabo que inexplicavelmente me deixa com um puta tesão desgraçado. Ficaí sem pensar em nada, em ninguém, sem lembrar da infância na praia ou alguma ex-namorada ainda obcecadamente nostálgica pela sua cara de brabo.


Ficaí no meu sofá, bufando mais um pouco, dando oxigênio pra minha esperança. Ficaí e me pede qualquer coisa, água, meus pés pra caminhar, mais um pacote de doritos, um strip-tease, em casamento. Não dê conselhos. Não tenha recordações. Não queira ir em festas. Não assista futebol. Não pergunte as horas. Não crie teorias a respeito de nós. Não lembre do seu afilhado. Não pense sobre onde está indo isso. Não ligue pra sua mãe. Não fale dos seus medos. Não ame mais ninguém.


Ficaí, só ficaí, estacado, eternizado, cristalizado, como num coma induzido, talvez a única coisa capaz de te fazer diferente de todos aqueles outros homens da minha vida que faleceram e me deixaram enterrada em seus lugares.Não sinta fome de nada, além de mim. Confia em mim, sem comida você dura vinte dias. Ficaí. Sem beber, você demora uns quatro dias pra morrer. Relaxa, ficaí, porque sem amar você pode durar a vida inteira sem ter valido a pena. Ficaí enquanto vejo uma maneira de não jogar pela janela todo tipo de amor que vem até mim tão fácil. Porque apesar da sua cara de brabo, você é tão fácil, tão leve, tão solto, tão tudo que eu sempre quis quando me agrarra pelo braço, me pega pelos quadris, mastiga todo meu corpo e cospe fora somente minhas mentiras, carências e toxinas.Não quero usar aquelas frases de diário de colégio e dizer que o tiver de ser, será. Mas se tem uma coisa que não desejo de jeito algum é que um determinado dia, você demore um pouco e enrole antes de dizer que cansou de tudo, do meu sofá, do meu frango com gengibre, do meu jeito de não ficar satisfeita quando fico satisfeita, da permanência das minhas mudanças e diz que já vai indo, alimentando meu asco por últimos olhares em portas de elevador.Da cozinha eu te vejo sério e minha bronquite já se manifesta contrária à ausência do hálito do seu papo calmo, curioso e um pouco engraçado, então fico pensando no que mais posso te oferecer pra você ficar aí. Burra, eu devia ter lotado meus armários antes de entregar mais uma vez minha dolorosa vontade de ser dois. Procuro um jeito de te manter descontraído morrendo de pânico que você só esteja distraído, misturando ausência com um tanto de curiosidade.Parece exagero, mas é que você, poxa vida, só você conseguiu pular o muro de dificuldades que levantei em volta de mim quando as palavras dor, saudade, ausência, falta e despedida fizeram de mim uma menina de lata. Você e seus cabelos escuros e sempre meio ensebados de vir da rua, seu abraço com cheiro de confiança e seus sorrisos nada comerciais. Eu, menina com os pés no chão e sem teto, acabei de decidir que vou levar um choque térmico, atravessando bruscamente pro lado quente da calçada. Conto contigo. Então, ficaí.



Gabito Nunes
Não parece, mas aprendi que, 
se existe sentimento, 
ambos cabem muito bem num estreito sofá.

Gabito Nunes
Amo sim, antedigo. Porque eu não esperava te encontrar da mesma forma como te imaginei. E sei que você também não.


Gabito Nunes
Eu sabia do seu amor porque nas noites que eu queria saltar do mundo, você me sossegava com os lábios na minha nuca gelada, misturando duas ou três palavras de abrigo. Vai ficar tudo bem. E ficava. Ou já estava. (...) só queria que você soubesse: eu amo você demais e foi preciso nada mais que cinco voltas ao redor do meu mundo pra perceber que não existe mais alguém capaz de me tocar com a ponta dos dedos como se de mim saísse música, sempre que meu corpo estremece de algum medo ridículo de que aquele amor quieto não fosse real.


Gabito Nunes
E não perca seu tempo me apontando na rua "lá vai o último romântico" com tanto lugar melhor pra enfiar esse dedo. Eu não te cutuco, tu não me cutuca.


Gabito Nunes
"Deixa de ser bobo, você e eu estamos com Aids, e o negócio é botar para quebrar porque a tristeza mata mais depressa",




Cazuza