27 de fev. de 2013

“Ontem eu estava numa festa, abraçado com um amigo hétero, que já estava com sono por causa das bebidas, ele adormeceu no meu colo, comigo fazendo carinho e seu cabelo e barba. Ao verem, todos falaram que ele era gay. Ele se tornou gay por estar abraçado com um outro homem, mas eu nunca me tornei hétero por abraçar uma garota.”

— O mundo é negro.
Quando não há mais certezas possíveis, só o amor sabe o que é verdade.

(Para Sempre Alice - Liza Genova)
"Sonho com um amor em que duas pessoas compartilham a paixão de buscar juntas uma verdade mais elevada. Talvez não devesse chamá-lo de amor. Talvez seu nome real seja amizade."

("Quando Nietzsche chorou", pág: 267, Irvin D. Yalom)
"…Eu creio que a senhora sonha talvez demais. Sonhará uns amores de romance, quase impossíveis? digo-lhe que faz mal, que é melhor, muito melhor contentar-se com a realidade; se ela não é brilhante como os sonhos, tem pelo menos a vantagem de existir."




"A Mão e a Luva"
-Machado de Assis
“A razão pela qual dói tanto nos separarmos é porque as nossas almas estão ligadas. Talvez, sempre tenham sido assim e para sempre serão. Talvez, tenhamos vivido mil vidas antes desta, e em todas elas tenhamos nos encontrado. E, talvez, em cada uma delas tenhamos sido obrigados a nos separar pelos mesmos motivos. Isso significa que esta despedida é, ao mesmo tempo, um adeus pelos últimos dez mil anos e um prelúdio do que virá. Quando olho pra você, vejo a sua beleza e seu encanto e sei que ficaram mais fortes a cada dia que você viveu. E sei que passei todas as vidas, antes dessa, procurando você. Não alguém como você, mas você, porque a sua alma e a minha têm de estar sempre juntas. E assim por alguma razão que nenhum de nós dois entende, fomos forçados a dizer adeus. Eu adoraria dizer que tudo vai dar certo pra nós, e prometo fazer tudo que eu puder para que isso aconteça. Mas se nunca mais voltarmos a nos encontrar, e se isso for verdadeiramente uma despedida, sei que nos veremos em outra vida. Nós nos encontraremos de novo, e talvez até lá as estrelas tenham mudado, e então nós nos amaremos, não só naquele momento mas por todas as vidas que tivemos antes.”

Carta de despedida de Allie e Noah.
Diário de uma paixão, Nicholas Sparks
Fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto - quer dizer, ninguém grande - a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o quê que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer.

O Apanhador no Campo de Centeio
“— Meu nome é Hazel. O Augustus Waters foi o grande amor estrela-cruzada da minha vida. Nossa história de amor foi épica, e não serei capaz de falar mais de uma frase sobre isso sem me afogar numa poça de lágrimas. O Gus sabia. O Gus sabe. Não vou falar da nossa história de amor pra vocês porque, como todas as histórias de amor de verdade, ela vai morrer com a gente, como deve ser. Eu tinha a expectativa de que ele é quem estaria fazendo meu elogio fúnebre, porque não há ninguém que eu quisesse tanto que…— Comecei a chorar. — Tá, como não chorar. Como é que eu…Tá.
Respirei fundo algumas vezes e retomei a leitura.
— Não posso falar da nossa história de amor, então vou falar de matemática. Não sou formada em matemática, mas sei se uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1. Tem o 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 milhão. Alguns infinitos são maiores que outros. Um escritor de quem costumávamos gostar nos ensinou isso. Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto ilimitado. Queria mais números do que provavelmente vou ter, e, por Deus, queria mais números para o Augustus Waters do que os que ele teve. Mas Gus, meu amor, você não imagina o tamanho da minha gratidão pelo nosso pequeno infinito. Eu não o trocaria por nada nesse mundo. Você me deu uma eternidade dentro dos nossos dias numerados, e sou muito grata por isso.”

— Livro: A Culpa é das Estrelas
Respira o sabor de um beijo, o toque de um afago, o som de um arfar. Respira a mão de fogo de quem te ama, o suor em êxtase de quem te chama. E o abraço que não passa, e as palavras que te embraçam, e os olhares que te apertam. Respira – para saberes que vale a pena continuar.

Pedro Chagas Freitas

16 de fev. de 2013

Lamento ter sido indiscreto com minha dor e discreto com minha alegria.

Fabrício Carpinejar
Aquilo surpreendeu minha solidão, como raízes que levantam de súbito a calçada.

Fabrício Carpinejar
É que a morte - é essa a extrema ausência - implica delicadeza no olhar, o que não quer dizer fragilidade. Antes, é a coragem de assumir o próprio temor como uma antiga cicatriz pela qual já se adquiriu certa estima, apenas porque é nossa, apenas porque faz lembrar uma experiência intransferível. O amor que se viveu - e é essa a experiência intransferível -, quando morto, desaparecido do nosso olhar, do nosso tato, do nosso olfato, acomoda-se numa memória que é preciso revisitar: "O porão tem vida própria e respira/ o que jogamos fora".

Entrar nesse espaço é, talvez, a única possibilidade de sobreviver à falta, à incompletude que nos define como potenciais amantes e que nos confere o melhor do humano, ligando-nos ao que está sempre além de nós mesmos: ao outro.

Provavelmente por isso seja sempre tão difícil se desfazer dos objetos - presenças silenciosas - dos mortos que amamos (exatamente assim, com esse amor expresso no verbo ambíguo que mescla pretérito e presente)...




Fabrício Carpinejar