30 de abr. de 2011

Então me sufoca só para eu sentir um pouco de alivio. 


Tati Bernardi. 
Andar na rua pesa, fede, suja, convive. 

Tati Bernardi. 

24 de abr. de 2011

Alguns ciclos não se contentam em fechar-se, eles querem mesmo é bater a porta no seu nariz. 



jc
Talvez seja um bom dia para voltar a escrever. Talvez não. Acho mesmo é que não. Em alguns dias completarei 1/4 de século de existência, ou tentativa dela. Alguns, vários, quase todos dirão que estou jovem, que são poucos aninhos, lálálá-blábláblá... Pode ser mesmo pouco para a visão de quem sobrevive apenas 24 horas num dia, pra mim não, pra mim é muito, e todos os dias são longuissímos.
Realmente achei que neste período eu já estaria concordando aos prantos com o velho bordão de que tudo passa muito rápido. Mas não. Esta tudo longo e massante. E cadê a minha CNH pra conduzir a vida? Pra escolher a porra do caminho certo? é... por hora nem com GPS pelo visto encontro endereço algum.
Ah sim, MEA CULPA, mea máxima culpa. Todos as féras que precisam ser mortas estão dentro de mim, todos os monstrinhos infanto-juvenis, todos os heróis ultrapassados que de nada mais me valem, todas as sombras da crise dos 40 já estão em mim também. Tudo antecipado, atrasado, alimentado e vitaminado por: MIM.
Muito trabalho vem aí! Que hajam forças. Que haja um pouco de amor, que faz tudo bonito entre o feio de todas as coisas.


jc
Bueno, não te respondi logo porque enlouqueci.



[Caio Fernando Abreu]

23 de abr. de 2011

Esta alma, ou vida dentro de nós, sem opção concorda com a vida exterior. Se alguém tiver a coragem de perguntá-la o que pensa, ela está sempre dizendo exatamente o oposto do que as outras pessoas dizem.


Virginia Woolf

21 de abr. de 2011

Eu tenho cada vez mais menos respostas, mas também tenho cada vez mais menos perguntas. Disso eu não duvido mais: tenho cada vez menos certezas. Quanto mais o tempo passa, eu fico menos à vontade para alimentar dores e com muito mais preguiça de sofrer. (...) Coisas que já me importaram à beça já não me importam nem um pouco, enquanto aquilo que essencialmente sempre teve importância me importa, agora, com mais nitidez. Como deve acontecer com outros tantos aprendizes da coragem, às vezes, cansadíssima das lições e do método pedagógico, eu recordo que a covardia, pelo menos na aparência, é bem mais fácil, bem menos trabalhosa, e, claro, bem mais egoísta, eu já estive lá com muito mais frequência. (...) 


 ANA JÁCOMO

19 de abr. de 2011

"Cheiro pingado, respingado, risonho, cheiro de alegriazinha..."



(Guimaraes Rosa)
Escrever é nunca cansar de ser seu próprio rato de laboratório. Ainda que isso canse tanto.




Tati Bernardi
"E tudo me deu um enjôo. Tinha medo não. Tinha era cansaço de esperança."



(Guimaraes Rosa)

16 de abr. de 2011

Sou habitada por um grito.


 Sylvia Plath 

 Calculo que sempre serei muito sensível, ligeiramente paranóica.


Sylvia Plath
"...venho sentindo, já faz algum tempo, algo se fechando à minha volta, como os maxilares de uma flor carnívora gigante." 


Richard (As Horas)
— aproxime-se dos outros, mesmo que isso doa e canse e seja mais confortável se recolher ao aconchego algodoado da bendita ignorância!


Sylvia Plath 

"Rosas, pensou, sarcasticamente. Bobagens, minha cara. Pois em verdade, quando se tem de comer, beber e deitar, tanto nos bons como nos maus dias, a vida não tem nada a ver com rosas."



Virginia Woolf

14 de abr. de 2011

'O tempo, de vento em vento, 
desmanchou o penteado arrumadinho 
de várias certezas que eu tinha,
e algumas vezes descabelou
completamente a minha alma.
Mesmo que isso tenha me assustado
muito aqui e ali,
no somatório de tudo,
foi graça, alívio e abertura.
A gente não precisa de certezas estáticas.
A gente precisa é aprender a manha
de saber se reinventar.'



[Ana Jácomo]

13 de abr. de 2011

"Dizer palavras sem sentido é minha liberdade. Pouco me importa ser entendida, quero o impacto das sílabas ofuscantes, quero o nocivo de uma palavra má." 




Clarice Lispector in
Um sopro de vida
p. 90
"Eu sou nostálgica demais, pareço ter perdido uma coisa não se sabe onde e quando." 




C. Lispector in
Um sopro de vida.
p. 70
"Eu me dou melhor comigo mesma quando estou infeliz: há um encontro"



Clarice Lispector in
Um sopro de vida. 
p . 52
"Eu quero a verdade que só me é dada através do seu oposto, de sua inverdade. E não aguento o cotidiano." 




Clarice Lispector in
Um sopro de vida. 
p . 18

12 de abr. de 2011

A vida é uma chacina cotidiana. O envelhecimento chega sem que você espere, o mundo fica repetitivo com o tempo, as pessoas ficam previsíveis e sexo fácil é sempre sexo sem amor. O amor é raro, difícil, caro, duro de encontrar, morre fácil, porque é sempre mal-adaptado a um ambiente mais afeito a baratas do que a seres humanos.


[Luiz Felipe Pondé]
"Eu vou lhe dizer quando o Leo deixou de me querer Flora: foi quando comecei a morrer, quando deixei de ser o seu contrário e passei a ser mais um a refletir a sua sombra. "Tanta coisa a reparar" - Pensou Lena. Onde foi que me perdi? Faria qualquer coisa para recuperar a minha paixão pela vida, aquele fogo que me moveu e movia as pessoas em minha direção. A minha fúria era só um tempero naquela irresistível exuberância. Não foi ela que afastou os outros de mim, mas a minha morte. Todos os dias me levanto, engulo uma xícara de café e vou para o túmulo. Estou me decompondo miseravelmente diante das pessoas. - Que foi que aconteceu com a gente, Flora? Temos que fazer alguma coisa. Essas mortes têm que nos sacudir, nos modificar, nos levar a tomar decisões."






Maria Adelaide Amaral. [Personagem Lena]
Dá vontade de escrever carta, dizendo coisas que as pessoas não dizem mais, porque seriam coisas que só se dizem por carta, não por telefone, e ninguém escreve mais carta, só telefona, e portanto há coisas que não são mais ditas entre as pessoas. Que coisas, não sei ao certo. Que hoje não consigo quase nada, além de pensar vadio. Isso, aquilo: perdoe.


Caio Fernando Abreu
Você fique feliz, compre uma
metralhadora, embarque para
Paris, boceje. E me perdoe.

[Caio F.]

10 de abr. de 2011

Vez em quando esfrego os olhos para ver se ainda estou no mundo que vocês chamam de real, mas tenho uma dificuldade tremenda de ter certeza.São mais de 400 dias sem ter certezas. As vezes você até pensa que está enlouquecendo. (...) Quem déra!

jc

9 de abr. de 2011

Não chorei. Mas não foi por falta de tristeza, de aperto no peito, ou nó na garganta. Perdi o compasso, é só isso. Não aceito mais chorar solidão e notas musicais. E foda-se. Engole o sapo, engole a mentira, engole o choro menina. Mais esse soco no estômago que a vida te deu. Que te deu vida.

jc




jc

8 de abr. de 2011

Pra quê tanta dor, menina? Tanta preocupação com eles, tanto bloqueio, eles sobreviverão! Pelo amor de Deus, se você for se sacrificar, faça isso pelas pérolas e não pelos porcos. Combinado!? Tenta não cometer o mesmo erro que eu. Gosto tanto de você; Desculpe ser curto e frio assim, foi o que sobrou, vê?



jc
- Fiquei muito tocado com a fita do Leo. 


- Quem não ficou?



- Fiquei pensando: Poderia ser eu. 



- Poderia ter sido qualquer um. - Observou Lúcia, colocando a panela no fogo. 



- E de alguma maneira a gente sobrevive.



- Mas não gosto das minhas marcas, não me reconheço mais quando olho no espelho. 



- O que é mais difícil: Se levantar ou se deitar? A possibilidade do dia ou do pesadelo?



- Todos os momentos em que não estou trabalhando são difíceis. - respondeu Lúcia- todos os momentos em que sou obrigada a pensar em mim.



- Para mim é mais difícil acordar - Disse Pedro. - Sempre acordo com a sensação de que tenho que encher meu dia , inventar alguma coisa para fazer. É como se fizesse parte da minha vida. A minha depressão se manifesta na falta de vontade de sair, na vontade de ficar em casa assistindo à televisão. Assistir à televisão de dia, veja você - Acrescentou. 









Maria Adelaide Amaral 

[Aos meus amigos]

5 de abr. de 2011

É pela estrada da admiração que caminha o amor que tu insiste em procurar em outras ruas.




jc

4 de abr. de 2011

Enquanto isso, tentando retomar — sem convicção nem charme - namoros e coisas assim...




Caio F.
Anyway, tudo sob controle. Aprendi a controlar as emoções.


Caio F.
É tolo chafurdar em pântanos de depressão com 
pouco mais de 20 anos, você não acha?

[Caio Fernando Abreu]


3 de abr. de 2011

“- Como é que tudo começou?
- Não sei. Às vezes fico pensando em que momento exato ocorreu o turning point que transformou minha vida primeiro num pesadelo, depois nesta coisa sem sabor. De todas as pessoas do mundo, vivas ou mortas, reais ou imaginarias, quem mais eu invejo de verdade é aquela que eu fui antes.”







Maria Adelaide Amaral. 
in Aos meus amigos. 



1 de abr. de 2011

Sou um egocêntrico que cansou de si mesmo. Já era. Eu já era.


jc