30 de out. de 2008


Vc deve estar lembrada. Quis te tocar alucinado. Febril, cheio de medo. Trêmulo. Vc era tão mais. Tão mais. O grande momento finalmente. Te toco, vc desaparece. Tão menos, tão menos.
Vc, o presente caro e sem graça que a minha criança quis.






jc

Corredores pulsam no meu peito.
Corredores cheios de vazio.
Gente demais e cores de menos.
Paredes demais, amores amenos.
Morno, tudo morno e moderno.







jc

29 de out. de 2008


Amor não é a palavra certa.
Não é a palavra certa quando
tudo o que restou
cabe numa gaveta.











jc

Talvez um amor... Enquanto eu fujo.











jc

Repetir o erro, repetir a dor.
Não olhe pra trás meu bem, não olhe.











jc

Eu invento alegrias. E dedico tempos. E tudo isso dói como uma tortura medieval. Fazer amor com a imaginação. Vc já fez? Não, essa parte não dói, infla o égo e etc e tal. O que dói é a destruição dos palavrões todos que vc queria dizer. Os infernos todos pros quais vc deixou de mandá-los. O que destrói mesmo é ver que hoje até silenciar é irônico em vc. Que ficção essa história. Que grande merda essa máscara-de-carnaval-pro-ano-inteiro.











jc

"O meu desejo é fugir. Fugir ao que conheço, fugir ao que é meu, fugir ao que amo. Desejo partir- não para as Índias impossíveis, ou para as grandes ilhas ao Sul de tudo, mas para o lugar qualquer- aldeia ou ermo-que tenha em si o não ser este lugar. Quero não ver mais estes rostos, estes hábitos e estes dias. Quero repousar, alheio do meu fingimento orgânico. Quero sentir o sono chegar como vida, e não como repouso. Uma cabana à beira mar, uma caverna, até, no socalco rugoso de uma serra, me pode dar isto. Infelizmente só a minha vontade não pode dar. "

















Fernando Pessoa

"Deixei de me preocupar com o tempo.
Não é uma linha, é um vento,
uma onda do mar que é preciso seguir [...]
O único tempo real é acordar de manhã,
esfregar as mãos e dizer:
vamos viver este dia."






(Rui Chafes)

Acordo e já morro de vontade de levar minha cara pra manutenção. Pra chapeação mesmo saca. Marteladas, lixamento, pintura, polimento. Não que eu tenha acordado feio. Só queria eliminar essas marcas de lágrima seca.











jc

Um pouco de chuva. Um pouco de sábado. Deito-me tão tarde mas tão tarde, tudo para dispensar o léxotan. Hoje. E respirei aquele vento que vinha da janela entreaberta, entreaberta porque eu jamais deixo espaço para coisa alguma me atingir sem aviso. Eu tento. Enchi os pulmões com o vento frio. Enchi o peito de um éco. Éco vazio sabe, aquele que tem cheiro de saudade indesejada.















jc

Luzes se apagam e não amo ninguem. Da janela do sétimo andar eu grito para o mundo esse não-amor. Grito satisfeito. Grito porque existem muitos surdos. Muitos que acham que não se pode sobreviver sem algum tipo de maldição. Ou benção. Surdos - eu disse - deveria ter dito humanos.













jc

Aquilo escorreu para longe como uma chuva de verão. E eu não digo isso para vc, ou para mim mesmo. Eu digo sobre vc e sobre mim mesmo. Digo agora porque não pude dizer antes. Não pude prever. Eu luto minha querida mas não posso simplificar o universo. Essa culpa que vc quer que eu tenha eu não tenho. Não foi inverno, pra mim foi verão ainda que.









jc

27 de out. de 2008


Amar: Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados
desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada
nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...
O amor é quando a gente mora um no outro.













Mario Quintana

“De vez em quando Deus me tira a poesia.
Olho pedra, vejo pedra mesmo.”











(Adélia Prado)

De tédio em tédio
Já não sei dos sonhos,
História em quadrinhos são.
Lenda pessoal são.
Cores na neblina são.









jc

Um tropeço no escuro. Subindo as escadas penso, remoendo a cada estalo dos degrais. Que seja ilusão essa coisa de destino. Penso que tudo seja mesmo como o tropeço ali atrás. Mas dou de cara contigo. E penso - bobo - que estava errado. Erradíssimo. Porque meu Deus, porque pessoas desconstroem sem piedade nossas teorias de segurança.











jc

Essas palavras pra maldizer
Essas palavras pra adorar,
O medo de ter coragem
A coragem de ter tanto medo.





jc

Pela milésima vez lanço um olhar pela janela. O relógio da sala, tão velho, abatido, a minha cara. Tiquetaqueando. Tô pra cá. Pra lá. Tô no fim das unhas. No fim da folha. Tô. E tô tão, que nem nóto, e nem sei se ainda tô. Arrumando um jeito de sobreviver ao tudo que me engole fácil. Ao nada que me vomita violento.









jc

Finge que tem poder suficiente e me leva. Me arrasta. Não ouça os meus reclames porque são muitos e nunca cessarão. Me debato por que não quero, não quero mesmo admitir que é só auto-piedade. Finge que eu consigo para que então eu consiga realmente. Deixa a gente se enganar.









jc

Acanhadas, medrósas, elas surgiram devagar. Não pude evitar, elas gritavam querendo conhecer o mundo, ver os porques, talvez lavá-los, esfregar até que virassem uma carne-viva e por fim uma cicatriz, me venceram...as minhas lágrimas.











jc

Eu quis possui-la fingindo que não era assim tão importante, mas pisquei e os ponteiros nos fizeram ficar distantes em todos os sentidos e mais alguns ainda. A reencontro sempre em um velho lugar imaginário, mas amanhece, amanhece sempre, e eu amanheço no lugar errado. Alucinado, eu dormi abraçado com a felicidade.









jc

Cortinas, lençóis, um relâmpago anuncia um ato vingativo e impensado, aquilo não fez parte da minha vida, não fez parte da sua, aquilo foi acidente tridimensional, aquilo não fez parte de nada, abra as cortinas, troque os lençóis, me perdoe, te perdoe, daqui eu te esqueço.











jc

Olhos parados no tempo
Um ponto fixo perdido na parede
Parede esmagadora
Grãos de poeira no canto do quarto
Minha insônia que persegue tua lembrança
Embalada em canções cortantes
O vento não move nada, nada em mim
Poeira vida a fora, poeira
Sombras do passado
E o sol, cadê ?





jc

_ Contente bobagem
_ De cores a imagem...
_ Inventando verdades
_ Vertigens tuas...
_ Em plenas fantasias
_ Estão integradas tão vãs cortesias,
_ Dessas mesmo
_ Que esmagam o coração
_ Com aquele quase-nada.











jc





Escandalósa, essa busca
Cruel,
Dolorida,
Eviterna,
Essa busca,
Embaça meus olhos,
O que é mesmo que eu busco
- e busco assim, - tanto?






jc

Quando os meus temores resolvem
vagar aqui por perto...
Quando esses medos
andam ao meu redor...
Já sei,
estão devolta os meus dias comuns.









jc

Querido, não chore
Não perca seu tempo assim
na minha frente,
Não chore mais estas lágrimas
de orgulho ferido,
Eu tentei, eu esperei demais...
Já não posso lhe guiar
Não desejo mais lhe aconselhar
Não mais.







jc

De que te adiantou calar as vontades, covarde.
De que te serviram os favores que tu fizeste, hipócrita.
As paixões que deixaste passar, medroso.
De que te vale a tua postura inabalável, ridículo.
Qual é o sonho certo para se sonhar, me diga.
E o momento correto de começar a viver, me mostre.
Deixar as dores do mundo pra lá, enfim.
Fingir que não são mais tuas, amém.





jc

25 de out. de 2008


Mas inconscientes desse desencontro,
doavam-se inteiros, ignorados, ignorantes
-brutais e absolutos em sua posse calada.







CFA

E seria possível voltar a um estágio anterior, já disperso em inúmeras passagens através de outros e outros estágios? Pois se já experimentara a maldade, a devassidão, a frieza, o cálculo, o vício, o cinismo, a agressão e experimentara não como formas de ser, nem como opções. Experimentá-los tinha sido simplesmente ser o que o caminho exigia que se fosse, não desvios, nem atalhos.







CFA

Suspenso entre dois encontros, tu caminharias desencontrado.









CFA

Sobre o amor, que é isso que você está vendo hoje beija amanhã não beija depois de amanhã é domingo e segunda feira ninguém sabe o que será? Ou sobre a cultura e a civilização, elas que se danem eu não contanto que me deixem ficar na minha? Tudo já foi pensado: vida, amor, cultura, civilização, liberdade, anticoncepcionais, comunismo, esterilização na Amazônia, exploração das potências estrangeiras, mais que nunca é preciso cantar, guerra fria e vem quente que eu estou fervendo. Tudo a mesma merda. Pudesse abrir a cabeça, tirar tudo para fora, arrumar direitinho como quem arruma uma gaveta. Tomar um banho de chuveiro por dentro.











CFA

Podia escrever um poema. Não. Recusa mesmo essa espécie de alívio. Não quer a cor. Prefere o dilaceramento cada vez mais intenso, mais insolucionado. Precisa sofrer e morrer muitas vezes por dia para sentir-se vivo. Chegara à constatação de que era só, Único, e que devia bastar-se a si mesmo, e justamente por isso precisava de uma outra pessoa. Os grãos de areia nunca se tocam. Mesmo quando juntos há entre eles uma espécie de carapaça que não os deixa tocarem se. Jamais um núcleo toca outro núcleo.









CFA

Intensa na própria defesa acumulava atenuantes . . .

Gentil, amável, tolerante e sem sexo, os patins dominando a lisa passarela, em gestos graciosos como os de um trapezista após o salto, mas nunca mortal a ponto de qualquer queda não ser prevista ou amparada por uma sólida rede de amenidades, e a grande merda, e o indisfarçável medo emboscado nas paredes do apartamento, e os inúteis cuidados, e a cama vazia no fundo do quarto, os dedos ansiosos, o ruído dos carros filtrado pelas paredes, a campainha em silêncio, algum livro e depois o poço viscoso. Algum cigarro, nenhum ombro, alguma insônia, nenhum toque, um último acorde de violino, e depois o sono, e depois.











CFA

Catarse de sentimentos
que não desejo guardar nas gavetas.
Minha vida é sentir tudo até o fim.
Enquanto existir perfume francês e poesia
eu respiro!











[ Desconheço o Autor(a) ]

...tenho medo do ranger de meus dentes
e desta solidão nas entranhas,
não sei por que lhe digo tudo isto,
por favor, fique mais um pouco...
.
.
.
.
CFA

Dentro do silêncio, um silêncio maior se faz.









CFA

Não, não diga nada.
Prefiro não saber que não. Nem que sim.









CFA

"Diante de mim, havia duas estradas.
Escolhi a menos percorrida...
e isso fez toda a diferença!"











( Robert Frost )

...e tão dissimulado te espio
que nunca me percebes assim,
te devassando como se através de cada fiapo,
de cada poro, pudesse chegar
a esse mais de dentro que me escondes sutil (...)









CFA

Mas anota aí pro teu futuro cair na real: essa sede, ninguém mata.
Sexo é na cabeça: você não consegue nunca. Sexo é só na imaginação.
Você goza com aquilo que imagina que te dá o gozo, não com uma pessoa real, entendeu?
Você goza sempre com o que tá na sua cabeça, não com o que tá na sua cama.
Sexo é mentira, sexo é loucura, sexo é sozinho, boy.









CFA

Seja como for, continuo gostando muito de você - da mesma forma -, você está quase sempre perto de mim, quase sempre presente em memórias, lembranças, estórias que conto às vezes, saudade. E se é verdade que o tempo não volta, também deveria ser verdade que os amigos não se perdem."







CFA

Há alguns dias, Deus - ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus - , enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos também com descuido e alguma pressa, de amor. Antes que eu pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer - eu já estava lá dentro.













Pequenas Epifanias
- Caio Fernando Abreu

E quando penso,
não consigo pensar construidamente,
acho que ninguém consegue.









CFA

O vento do meu espírito soprou sobre a vida.
E tudo que era efêmero se desfez.
E ficaste só tu, que és eterno ..."






Cecilia Meireles

24 de out. de 2008


[...]
Isso
de querer ser exatamente aquilo
que a gente é,
ainda vai nos levar além...
[...]













Paulo Leminski.

confesso que não
não confissões que confessem realmente.











jc

"Nos últimos dias ,isto é, ontem, a tristeza começou a ceder terreno a uma espécie de - digamos-abnegação. Durmo, acordo, faço coisas, leio muito. E esse vazio que ninguém dá jeito? Você guarda no bolso, olha o céu, suspira, vai a um cinema, essas coisas. E tudo, e tudo, e tudo.."







CFA


Seus possíveis passados flutuam atrás de vc
Alguns loucos e com brilho no olhar,
alguns assustados e desorientados
Uma advertência a qualquer um que esteja por perto,
para tomar cuidado...
Em locais abandonados,
aguardando a próxima oportunidade
Você se lembra de mim...
O fantasma de um sorriso seu
refletido na tabuleta de um hotel barato...
Seus olhos gélidos implorando
qualquer coisa que eu não tenho mais...
Aproximando-se corajosamente, estendeu sua mão
E disse, "naquele tempo eu era apenas uma criança,
agora sou apenas um adulto"
Você se lembra de mim?
Como costumávamos ser?
Fomos levados pelos insensíveis anos,
Mostraram-nos como se comportar bem e como se comportar mal...
Calados e assustados,
nós aprendemos a aceitar as distancias,
Agora nossos sentimentos são profundos
mas frios como achuva...
Bandeiras e estandartes,
dos nossos possíveis passados,
caem em trapos à nossa frente...
Você se lembra de mim?
De como costumávamos ser?
Pq jogamos tantas chances fora?
Tanto, tanto medo da vida, meu bem...
Não,
Não me permito mais errar assim !!