30 de mai. de 2011

Não. Eu também não vou te procurar. 

Porque você respeita demais 
- mais do que o necessário - 
a minha decisão de ter ido embora.

E não é por mim que você respeita, é por você. 
E pelo livrinho de regras do teu orgulho torto.

Agora senta e lê ele sozinho. 
Até tudo embaralhar, até você ficar velho e 
não ver mais as letrinhas direito.

Aí sim, 
por pura falta do que fazer, 
você me chama. 

Se a minha velhice já não tiver me 
ensurdecido, eu volto pra você. 
Juro que volto.




jc

"A vida é assim, Senhor? Desabam mesmo pele do rosto e sonhos?" 



(Adélia Prado)

29 de mai. de 2011

Foi só um ensaio
Foi só um insight
Durou muito pouco
Doeu muito mais
Foi trailer de filme
Ensaio de orquestra
Foi jogo suspenso
No auge da festa
Foi curto e intenso
Canção de Caymmi
Foi meio Almodóvar
Foi meio Fellini
Foi como um cometa
No céu da cidade
Foi breve promessa
De felicidade
Eu morro de saudades do que era pra viver
E vivo da viagem de reencontrar você
Meus olhos do passado num futuro que nem sei
De tantas outras vidas
Mil pontos de partida
E todos os detalhes do que não aconteceu
Repetem o roteiro pra mostrar você e eu
O filme recomeça e nunca chega até o fim
E nessa nova vida
Não tem a despedida
Foi só a voz guia
Foi nem a metade
Foi estrela guia
Foi tanta verdade
Um mero rascunho
Mas foi divindade
Grafite no muro
Da minha saudade
Eu morro de saudades...



Juca Novaes e Lenine - Meio Almodóvar

28 de mai. de 2011

E esse cronômetro que nunca mais parou... pra onde é que ele te levou? 




jc

27 de mai. de 2011

"Mas a gente não é o que o outro precisa", diz ele.



Elizabeth Gilbert
in Comer Rezar Amar
Ele poderia se tornar mais aberto e mais afetuoso, sem se afastar de qualquer pessoa que o amasse por medo de que ela fosse lhe devorar a alma. E eu poderia aprender a... parar de devorar a alma dele.




Elizabeth Gilbert
in Comer Rezar Amar
Nós nos amávamos. O problema nunca foi esse. Só não conseguíamos descobrir como parar de tornar o outro desesperadamente, alucinadamente, desgraçadamente infeliz. 


Elizabeth Gilbert
in Comer Rezar Amar

26 de mai. de 2011

Só queria dizer mesmo que sinto tua falta, 
e que dói muito fundo. 
Não pensei que dentro do peito tivesse 
tanto abismo assim.




jc

25 de mai. de 2011

Eu me esqueço um pouco de você só para me surpreender de novo.




Fabrício Carpinejar

Não me importo de tentar ajudar as pessoas — se elas não sabem corresponder, é problema delas. Não é por isso que vou virar uma naja.




Caio F.
a culpa é de todos e não é de ninguém não sei quem foi que fez o mundo assim horrível...




Caio F
... ia me dar aquela coisa escura no coração 
e eu ia chorar durante muito tempo sem ninguém ver.


Caio F.
Que diabos as pessoas tem que vir me falar de você toda hora? Querem saber se falei com você. Se penso em você. Se tenho saudade. Se não acho melhor ser sua amiga. Sua amiga? Depois de tudo? E com isso tudo que ainda dói? Não! Não quero ser sua amiga. Não quero que fiquem perguntando de você pra mim. Porque eu não sei mais nada de você, e cada vez que alguém me faz admitir que eu não sei mais nada, dói um pouquinho mais.



jc

22 de mai. de 2011

(...) vestir os jeans, os tênis, a camiseta, repetir merda bem alto três vezes, como uma espécie de bom-dia.
Olhar a cara branca no espelho do banheiro sem sentir nada, olhos inchados de tanto dormir 

(...) sombras passando na cabeça, esse porão mofado onde caminha sem bússola no escuro, os cabelos continuam caindo, cravos na ponta do nariz, escovar os dentes, 

(...) dói aqui nas costas de tanto dormir e noutro lugar também, mais forte ainda, nem sei bem onde.

(...) não, nenhuma carta, mas de quem, se todos foram embora para Londres, Paris, Nova York, Salvador ou Machu-Picchu. 

(...) mas não, não era assim, em casa um bode mas você saía e via as pessoas e daí esquecia, todo mundo numa boa, agora em casa é um bode, na rua é outro bode, na casa do teu amigo é mais um bode, um pirou, outro morreu...

(...) sabe como é, a paranóia só vem à tona se já existe dentro de você, cara...


(...) 




Caio F.
[Loucura, chiclete & som]
"Se você não tiver um abraço apertadíssimo, quente e seguro, um colo quase 24 horas disponível, se você não condiz, se a fala não é igual ao gesto, por favor, nem chegue perto de mim. (...) É mesmo como dizem, ando exigente demais."






jc
... querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz.






Caio F.
“ Ficar bem nem sempre deixa outras opções. É estranho quando as coisas simplesmente têm de terminar. É o estágio onde todos os sentimentos já evoluíram para um nada. É o nada que você optou para parar de sentir dor. No início você briga, chora, faz drama mexicano. Então percebe que é cansativo demais manter esse jeito de levar as coisas. Acostuma-se. Não que pare de doer [porque não pára], mas que cai no seu entendimento que às vezes perdemos algo e não há solução. No fim você coloca um sorriso no rosto e finge que é sincero, até que a vida o faça realmente ser. Talvez os amores eternos sejam amenos e os intensos, passageiros. É isso.”


CFA

21 de mai. de 2011


DIGA NÃO AOS COVARDES




Um brinde aos passos minúsculos desses seres rastejantes. Andam na velocidade de uma boa notícia quando a ansiedade já extrapolou a lógica da espera.

Chega de meias bocas pra preencher profundos vazios. Meias bocas para beijar entradas inteiras. Meios beijos de respeito na testa. Meias palavras para dizer alguma coisa que, feita a análise fria, nada querem dizer.
 
Intenções soltas e desejos desconexos. Esse mistério todo é uma violência contra a minha inteligência. Sejamos diretos para não sermos idiotas: eu te quero. Você me quer? Não sabe? Ah, então vá pra puta que te pariu. (E vá ser vago na casa da sua mãe porque embaixo da sua manga eu não fico mais!)
 
Este rebolado colorido que descola de seu cenário pastel, vem de meu ventre. Livre. Portanto não tente me escravizar, nem com promessas, intelectualidades, ou uma pegada daquelas.
 
Este rebolado é quase que instintivo, meu jeito, nada sutil, apesar de ser essa a intenção, de te mostrar que há chances de ultrapassagem.
 
Seja inteligente, faça jus à espécie, seja Sapiens. Perceba o sinal verde, ultrapasse. 

Não sabe se quer acelerar o motorzinho? Então vá treinar com uma boneca, uma revista, uma prima, a chata da sua mulher, a sem-sal da sua namorada ou o raio que os parta todos os mornos.
 
Eu não sou morna e, se você não quiser se queimar, morra na temperatura do vômito. E bem longe de mim.
 
Ou venha me ajudar a ferver essa banheira. Vamos ficar cegos de vapor e vermelhos de vida. É sangue que corre nos meus sentimentos e não o enjôo morno de uma vida que se vai empurrando com a barriga. Barriga que vai crescer no sofá imundo dos acomodados.
 
Eu ainda quero muito. Quero as três da manhã de um sábado e não as sete da tarde de uma quarta. Vamos viver uma história de verdade ou vou ter que te mandar pastar com outras vaquinhas? 

Docinho vá fazer pra quem gosta de lamber o seu cuzinho, porque aqui nessa boquinha só entra cher nourriture. Vá contar esse seu papinho de "Hey, you never know" pra quem conta com a sorte e sabe esperar. A sorte é sua de ser amado por mim e eu quero agora, ontem, semana passada.
 
Amanhã não sei mais das minhas prioridades: posso querer dormir com pijama de criança até meio-dia, pagar 500 reais numa saia amarela, comer bicho-de-pé no Amor aos Pedaços ou quem sabe dar para o seu chefe em cima da mesa dele.

Minha vontade de ser feliz é como a sua de gozar. E se eu te iludisse de tesão e levantasse rápido para retornar a minha vida? Você continuaria se fodendo sozinho para fugir da dor: é assim que vivo, masturbando minha mente de sonhos para tentar sugar alguma realização. É assim que vivo: me fodendo.
 
Chega de ser metade aquecida, metade apreciada, metade conhecida. Chega de ser metade comida em meios horários e meio amada em histórias pela metade. 

Chega de sorrir para o que não me contenta e me cobrar paciência com um profundo respiro de indignação. Paciência é dom de amor aquietado, pobre, pela metade. Calma, raciocínio e estratégia são dons de amor que pára para racionalizar. Amor que é amor não pára, não tem intervalo, atropela.
 
Não caio na mesma vala de quem empurra a vida porque ela me empurra. Ela faz com que eu me jogue em cima de você, nem que seja para te espantar. 
Melhor te ver correndo pra longe do que empacado em minha vida.




Tati Bernardi

Eu nunca ia desistir de você. Você nunca ia desistir de mim. Então me explica!? 

Eu acho um absurdo a gente ir embora assim. Um absurdo a gente gostar de alguém e deixar tudo se perder, por orgulho, por mágoa, insensatez, ou qualquer tipo de traição, auto-traição talvez. Acho um absurdo a gente ter medo, guardar e não dizer que ama, que detesta, mas ama, com força demais. HOJE eu acho um absurdo, quando já não tem mais jeito mesmo.

Tô aqui morrendo de saudade do teu riso, tô aqui morrendo de saudade de amanhecer com você no telefone, dessa força que a gente fazia pra ficar junto. Da dor que a gente enfrentava na marra. Tô morrendo e vivendo de saudade de você.

Hoje você acordou comigo, no centro da minha cabeça, e eu te vi tão claramente, eu te abracei, eu te beijei, te sufoquei de abraço e te cobrei mais presença, porque você sumia muito e eu não suportava isso, cobrava de você porque eu não sabia lidar com um sentimento tão grande sozinha, esse terremoto, essa devastação de certezas, essa coisa toda que nunca tinha sido tão forte pra mim. Nunca. 

Eu não sabia. E mandei você pra longe. E você foi.

Eu escrevo bilhetes, escrevo cartas, eu canto pra você, eu tomo banho com você. Tem choro guardado aqui, tem mensagem nos rascunhos do celular. Vontade de te ligar, te chamar, te dizer, te pedir, me confessar, me humilhar, me submeter, me rasgar inteira, abrir o peito e gritar contigo, pra ver se você diz aquele frase mais uma vez, do mesmo jeito.

Nua. Crua. Sozinha. 
É assim que eu me sinto, apesar de não estar.
Culpa. Tua. Todinha. Minha.






jc

19 de mai. de 2011

Mal-me-quer. Mas me quer. Pois é.


jc

16 de mai. de 2011

Meu coração quase parou, depois deu uma pirueta e caiu de cara no chão. Em seguida se levantou, limpou as roupas, respirou fundo ...







Elizabeth Gilbert,
in Comer Rezar Amar.
"David era ao mesmo tempo meu imã e minha criptonita."






Elizabeth Gilbert,
in Comer Rezar Amar.

15 de mai. de 2011

Pensei em você por muitas noites, pensei assim: ósculo, ampléxo; ósculo, ampléxo; ósculo, ampléxo!


jc

A vida prometeu casar comigo. 
Colocou um anel-de-chiclete no meu dedo. 
Depois pegou de volta. Jogou fora.






jc 
Não era uma personagem de ninguém, embora às vezes, mais por comodismo ou para não sentir-se desamparado como obra de autor anônimo, quisesse achar que sim. (...)


E para que tudo não doesse demais quando não era capaz de, apenas esperando, evitar o insuportável, fazia a si próprio perguntas como: se a vida é um circo, serei eu o palhaço? Às vezes também o domador que coloca a cabeça dentro da boca escancarada do leão, às vezes o equilibrista do arame suspenso no abismo, a bailarina sobre o pônei, e também o engolidor de espadas, e mais a mulher serrada ao meio — e ainda, o quê? 

(...) e continuava a despedaçar a caixa de fósforos pensando coisas como: ou então o mágico que tira coelhos da cartola, ou ainda o motociclista do Globo da Morte, ou quem sabe estava nos bastidores ou na platéia ao invés de no picadeiro, como se fosse apenas um leitor e não uma personagem...




Caio F.

Aconteceu na Praça XV

14 de mai. de 2011

Ah. Até o espelho, meu Deus, o cabelo já não tem o mesmo brilho, e essas marquinhas nos cantos dos olhos quando sorri? fora o que não aparece, os seios, meu Deus, os seios despencando, gordurinhas nas dobras da cintura, tenho vinte e nove anos, e mais, e mais: as outras marcas, as de dentro. Devia começar a usar óculos, prender o cabelo, cores mais discretas, marrom, cinza, gelo.  (...) Socorro. Um tiro no ouvido. Pior, pior ainda: envelhecer devagarinho, secar feito passa sem que ninguém tenha cravado os dentes na minha polpa macia. Poesia, quem sabe escrever sonetos soluciona? (...) A escada serve para subir e descer, a janela para abrir e fechar: o corpo serve só para doer, dolorir, vinte e nove anos, quase trinta, que horror, eu não resistirei, depois trinta e um, aí as cores discretas, aí os trabalhos caseiros, e eu que adoro vermelho. (...) que vontade, Densidades Inimagináveis, nem lembro mais, venha comigo, aqui-e-agora, cinco-seis-sete-oito: por favor, por favor POR FAVOR : crave seus dentes na minha polpa maciaaaaaaaaaaaah.


Caio F.
Alô? É da Rádio ? (...) queria oferecer (...) "Daria tudo pra você estar aqui", 
com Wanderley Cardoso. Tudo. Tudinho'


Caio F.
Talvez sim. Talvez não. Mas é claro, claro que sim.


jc

11 de mai. de 2011

São de coisas assim que quero falar com você, meu amigo — cinema, literatura, música, vida. Que enorme desgaste trocar najices.

Caio Fernando Abreu

10 de mai. de 2011

... você não sabe mais se não seria preferível aquele pântano de antes, cheio de possibilidades - que não aconteciam, mas que importa? - a esta secura de agora. Quando tudo, sem ele, é nada.




Caio F.
A tristeza começou a ceder terreno a uma espécie de — digamos — abnegação.


Caio Fernando Abreu 

Ele disse: - Eu não vou esquecer de você. Ela disse: - Nem eu.



Caio Fernando Abreu 
Me dei conta, assim abrupto, que estou vivendo sem nenhum tipo de laço. A não ser essa "obrigação" aqui. Todo dia aqui. Aqui. Aqui. Aonde afinal eu me perdi de você JC? E mais nada, mais ninguém (palpável).
É horrível. Juro que tento não me dar conta. Tento muito. Funciona as vezes. Mas quando falha, corta fundo. Navalha o rosto inteirinho. Rosto? De quem? É só a carne que sobrou afinal.

Pra vocês que sentem falta do que eu era; ( Pra você também, mãe, que encara isso da pior forma possível. ) Eu explico: Não é desrespeito, nem falta de carinho. Não. É infelicidade.




jc

6 de mai. de 2011

Você achando que sentíamos igual por causa do beijo profundo e do olhar dolorido. Você é o menino que nunca tiro do coração. Saudade.


tati bernardi
Em todo espaço, em todo branco, em todo homem, você é o menino que não tiro do coração. Errado, distante, esquecido, apagado e pra sempre.


tati bernardi


Você indo embora dizendo não saber gostar só de mim. Eu pensando apenas que roupa colocaria pra quando você voltasse. O amor corre separado.


tati bernardi 

5 de mai. de 2011

Caio F. escreveu mais ou menos assim: 
"o pó se acumula todos os dias sobre as emoções"

Caio, escuta o humilde complemento: 
"mas jamais sobre a SAUDADE, 
que para nosso desespero, meu e teu, 
tende a ser cada vez mais e mais nítida."



jc

3 de mai. de 2011

A paz, o equilíbrio e o auto-controle vêm de dentro. De dentro da farmácia.

 tati bernardi
Publicar um texto é um jeito educado de dizer " me empresta seu peito porque a dor não tá cabendo só no meu..." 


Tati Bernardi