28 de fev. de 2010

 

"Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada;..." 




C. Lispector
 

Egoísta. Poupando o mundo do meu lado sórdido, que costuma ser o mais interessante."



Martha Medeiros
 

"Domingo é o meu inferno astral. Duvido que haja algo mais entediante. É dia de descansar, de almoço em família, de ir ao parque: o domingo é benevolente demais. Não tem a malícia do sábado nem a determinação da segunda. É um dia em cima do muro, não é dia de festa nem de trabalho. Nem lá, nem cá. Nem mais, nem menos. Suporto tudo nessa vida, menos as fases transitórias, aquelas onde já abandonamos o lugar em que estávamos mas ainda não chegamos aonde queremos. Viajar de avião, por exemplo. Tem coisa que nos deixe mais sem chão, literalmente? Estrada tem ao menos a paisagem para distrair, e quem quiser sair do carro, sai. Mas você não pode sair de um avião. Nem de um domingo."



Martha Medeiros
 

'O que quero dizer é justamente o que estou dizendo. Não estou com pena de mim. Tá tudo bem. Tenho tomado banho, cortado as unhas, escovado os dentes, bebido leite. Meu coração continua batendo - taquicárdico, como sempre. Dá licença, Bob Dylan: it’s all right man, I’m just bleeding. Tá limpo. Sem ironias. Sem engano. Amanhã, depois, acontece de novo, não fecho nada, não fechamos nada, continuamos vivos e atrás da felicidade, a próxima vez vai ser ainda quem sabe mais celestial que desta, mais infernal também, pode ser, deixa pintar.'



Caio F. Abreu
Tem gente que elege uma única versão de si próprio e não olha mais para dentro. Esses é que são os lunáticos. Eu, ao contrário, quase não olho para fora.


Martha Medeiros 

21 de fev. de 2010

 

Analfabeto de você. Queria muito poder ler; te ler, mesmo que letra por letra, soletrando vago. Mas você nem sequer pisca. Grudou as paginas e me afasta. É livro de fundo de estante que eu fico achando a capa o máximo , mas a minha mão, a  minha mão não alcança. E deixa pra lá, talvez seja mesmo só a capa.




JC
 

"Pensei o quanto desconfortável é ser trancado do lado de fora; 
e pensei o quanto é pior, talvez, ser trancado no lado de dentro."
 


[Virginia Woolf]
 

"Deve-se separar uma geléia com a qual se possa enfiar citações nas gargantas das pessoas - alguns separam sempre geléia demais."


[Virginia Woolf]
 

"Cada um tem o seu passado fechado em si, 
tal como um livro que se conhece de cor, 
livro de que os amigos apenas levam o título."



Virgínia Woolf
 

"é chegado o momento de encarar as horas!"


Virginia Woolf
 

Se estivessemos no mesmo fuso horário talvez fossem cinco da manhã e cinco da manhã. Mas creio que ainda seria apenas isso, duas vezes 5 da manhã. Duas vezes o mesmo ritmo de coração. Dentro mas longe. Apenas cinco da manhã outra vez.


JC

20 de fev. de 2010

 


"Não gosto de nada que é raso, de água pela canela. Ou eu mergulho até encontrar o reino submerso de Atlântida, ou fico à margem, espiando de fora."

 

Martha Medeiros
 

“Por algum tempo, porém, a mudança alegrava-a tanto 
que não queria estragar com pensamentos.” 



(Orlando)
 

"As coisas se desprenderam de mim. Eu prolonguei certos desejos; eu perdi amigos, alguns para a Morte... outros pela incapacidade de atravessar a rua."

Virgínia Woolf!
 

"Pois a verdade é que os seres humanos não têm bondade , nem fé, nem caridade, senão o necessário para aumentar o prazer do momento."

Virgínia Woolf
 

"(...)Se o melhor de nossos sentimentos 
nada significa para a pessoa mais envolvida neles, 
que realidade nos é deixada?"
 

“Eu queria odiar você, falei: ‘Por que veio? Porquê?´. Eu desejava tua companhia. Passava das onze; fui até a porta com ele e saí na noite fria de Agosto. ‘Venha cá’, ele me disse, ‘Preciso falar uma coisa bem baixinho: Gosto de você, mas não muito. Não quero gostar muito de ninguém’. Então levei um choque e revidei: ‘Eu gosto muito das pessoas ou as detesto. Tenho que ir até o fim, fundo, mergulhar, conhecê-las de verdade!’. Ele foi claro: ‘Ninguém me conhece!’. Então acabou, ponto final. Naquela noite foi duro dormir.”

{ Diário – 18 de Agosto de 1950 }


Sylvia Plath

18 de fev. de 2010


“E se eu tivesse perguntado? E se ele tivesse me dito? Se eu tivesse merecido saber? Isso me atormentou por longo tempo. Eu me sentia muito culpada. Hoje, acredito que não saber é o que torna a vida possível.”


Lya Luft- Silêncio dos Amantes
 

"Não voltaria no tempo para consertar meus erros, não voltaria para a inocência que eu tinha - e tenho ainda. Terei saudades da ingenuidade que nunca perdi? Não tenho saudades nem de um minuto atrás. Tudo o que eu fui prossegue em mim."



(Martha Medeiros)
 

 [...] 
Vamos. Não fique louca. Mude de assunto. Pense na menina mais bonita do mundo e odeie. Dê nome pra loucura que ela deixa de ser. Sinta dor com nome que assusta menos.
[...]
Dê nome aos problemas. Problemas com nomes são problemas e não loucuras. Sempre evitando que ela saia. Sempre segurando. Não caia dura no meio do mundo. Não se chacoalhe no meio do pátio. Não vomite só porque sei lá o que é isso impossível de digerir e nem quero saber. Não abrace sem fim porque é preciso sentir o vento com o peito sozinho. Terrível mas tem banho quente pra distrair. Não espanque, não soque, não chore sangue, não arranque a língua, não grite, não acabe. Siga. Sorria. Mais uma prova. Mais uma festa. Mais um garoto. Sempre um pavor escondido mas nem era nada disso. Sempre uma tristeza abafada mas nem era nada disso. Sempre uma alegria exagerada que ninguém acolhe e o silêncio depois, fazendo curativos na pureza criando cascas. Um dia você será. O quê? Normal. Um dia você será. Normal. Um dia. Enquanto isso, se distraia (...) eles estão se distraindo também ...



Tati Bernardi.

17 de fev. de 2010

 

"De repente tinha-se tornado questão de vida ou morte conseguir aquilo. De vida ou morte era exagero, mas de sanidade ou loucura, não."



- Caio F. Abreu in “Onde andará Dulce Veiga”
 

'Cada vez mais encolhida sobre a colcha amarela, foi ficando quieta, e eu também, porque era tão difícil, eu sabia, voltar para ser aqui e começar finalmente a crescer ou morrer, tanto faz, dá no mesmo.'




- Caio F. Abreu in “Onde andará dulce veiga”
 

"Eu ando muito infeliz, Dudu, este é um segredo que conto só para você: eu tenho achado, devagarinho, cá dentro de mim, em silêncio, escondido, que nem gosto mais muito de viver, sabia?"




- Caio F. Abreu in “Os Dragões não Conhecem o paraíso”.
 

'Hoje, acho que sei. Um dragão vem e parte para que seu mundo cresça? Pergunto – porque não estou certo – coisas talvez um tanto primárias, como: um dragão vem e parte para que você aprenda a dor de não tê-lo, depois de ter alimentado a ilusão de possuí-lo? E para, quem sabe, que os humanos aprendam a forma de retê-lo, se ele um dia voltar?'



- Caio F. Abreu in “Os Dragões não Conhecem o paraíso”.
 

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver” 


(Amyr Klink)

16 de fev. de 2010

 

E eu gosto de você ter me conhecido antes da minha fase de equilíbrio e poder comparar e ter me amado antes tanto quanto agora, quando é bem mais fácil. Quando tanta gente não deu conta. E a gente nunca precisou jurar eternidade, ela nasceu...



Marla de Queiroz
 

Tudo em mim tem sido esta vontade de afagar. Há tempos não me ocupo com outra coisa: em tudo que toco ou manuseio há o propósito de cura através do calor das minhas mãos. Tudo em mim tem sido a necessidade de vivenciar profundamente. Se as palavras têm estado ausentes, aceito este recolhimento delas. E espero que voltem com um coração pulsando muito vivo dentro de cada uma. Por isso a vontade de experienciar cada sensação plenamente antes de tentar decifrar organizando em textos o que tenho sentido. Dentro dessa minha desaceleração, tenho descoberto muita coisa como, por exemplo, quão necessário é saber receber amor.Deixar que tudo seja troca antes de ser um troféu. Deixar que o caos se mantenha intacto antes que haja ajustes. Ando muito comprometida com as essências.E com um respeito súbito, a partir daí, pelas aparências.Não vejo menores importâncias, vejo acontecimentos.E tenho olhado pras coisas sem aquela grande gravidade. Tudo em mim tem sido esta disposição para o amor.E ,se vocês pudessem me ver agora, veriam, existe caricia até no meu olhar.

*

*

Marla de Queiroz.
 

Ele não sabe mais nada sobre mim.Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos, mas que tenho estado quieta, calada, concentrada numa vida prática e sem aquela necessidade toda de ser amada. Ele não sabe quantos livros puder ler em algumas semanas.Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos.Ele não sabe que a cada dia eu penso menos nele, mas que conservo alguma curiosidade em saber se o seu coração está mais tranqüilo, se seu cabelo mudou, se o seu olhar continua inquieto.Ele nem imagina quanta coisa pude planejar durante esses dias todos e como me isolei pra tentar organizar todos os meus projetos.Ele não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa.Que tenho sentido mais sono e ainda assim, dormido pouco.Que tenho escrito mais no meu caderno de sonhos.Que aqui faz tanto frio, ele não sabe por mim.Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade. Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável. Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre.Ele não sabe que eu entendi que se eu resolver a minha dor, ainda assim, poderei criar através da dor alheia sem precisar sofrer junto pra conceber um poema de cura.Hoje foi um dia em que percebi quanta coisa em mim mudou e ele não sabe sobre nada disso. Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha. Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria.
*
*
Marla de Queiroz

8 de fev. de 2010

 

" Porque entre o sim e o não é só um sopro, entre o bom e o mau apenas um pensamento, entre a vida e a morte só um leve sacudir de panos - e a poeira do tempo, com todo o tempo que eu perdi, tudo recobre, tudo apaga, tudo torna simples e tão indiferente."


Lya Luft.
 

 "...mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta."


Lya Luft

"No fim tu hás de ver 
que as coisas mais leves são as únicas 
que o vento não conseguiu levar".


(Mário Quintana)
 

Fechei a porta, encostei a parte de cima da cabeça contra ela. Só nos filmes as pessoas fazem isso, nunca vi ninguém fazer de verdade. Comecei a fazer para ver se sentia o que as pessoas sentem nos filmes – pessoas sempre sentem coisas nos filmes, nos bares, nas esquinas, nas músicas, nas histórias. Nas vidas acho que também, só que não se dão conta. Depois percebi que aquela dor que sobe ali do olho esquerdo pela testa diminuía um pouco assim, então fui me virando até apertar o lado esquerdo da cabeça, justamente onde doía, contra a porta fechada. A dor doía menos assim, embora não fosse exatamente uma dor. Mais um peso, um calafrio. Uma memória, uma vergonha, uma culpa, um arrependimento em que não se pode dar jeito.


- Caio F. Abreu 
in “Os Dragões não Conhecem o paraíso”.
 

“Submeto-me e sinto-me quase alegre.
Quase alegre como quem
se cansa de estar triste.”

- Fernando Pessoa -
 

“A quietude perturba. O recolhimento intriga e incomoda os demais: Ele deve estar doente, deve estar mal, vai ver é depressão, quem sabe um drinquezinho, uma nova amante, um novo namorado.”


| Lya Luft |
 

tenho um amor fresco e com gosto de chuva e raios e urgências. tenho um amor que me veio pronto, assim, água que caiu de repente, nuvem que não passa. me escorrem desejos pelo rosto pelo corpo. um amor susto. um amor raio trovão fazendo barulho. me bagunça. e chove em mim todos os dias.


(Caio F. Abreu)
 

"Há um cansaço da inteligência abstracta, e é o mais horroroso dos cansaços. Não pesa como o cansaço do corpo, nem inquieta como o cansaço do conhecimento pela emoção. É um peso da consciência do mundo, um não poder respirar com a alma."


"Mas não há sossego - ah, nem o haverá nunca! - no fundo do meu coração, poço velho ao fim da quinta vendida, memória de infância fechada a pó no sótão da casa alheia. Não há sossego - e, ai de mim! nem sequer há desejo de o ter..."


"E, por fim, tenho sono,
porque, não sei porquê, acho que o sentido é dormir."





F. Pessoa
 

Eu só olho e tento tocar nessas sensações, mas nunca sou exatamente nenhuma delas porque há muitos anos eu não tinha tamanho para ser e assim acostumei.
Eu olho sempre pro relógio gigante que fica bem no centro do meu quarto. E sei que todo dia ele passa, sempre às cinco da tarde. O trem pra sempre. Eu corro junto, ao lado, por um tempo, mas canso já morrendo de rir. E fico feliz que não foi dessa vez. E fico feliz de ter chegado perto. Já senti como é o cheiro de dentro. Já experimentei sentar na janelinha com ele parado. Já me imaginei embaixo, esmagada. Em cima, surfando antes de pegar fogo. Sei todos os ângulos de ir, mas vivo no lugar de quem fica.
Estou na estação há tanto tempo. E sempre tem gente chegando e indo. E sempre tem amor e bala e dinheiro e cama e água e fins de tarde bonitos e brinquedos e catracas com a segurança de uma novidade de sempre. Em alguns momentos fica o equilíbrio terrível de nunca ir. Fica a dor terrível de todo mundo que foi. Fica a ansiedade terrível de todo mundo que tem pra chegar. Agora. Agora. A cada volta de uma piscada eu tenho minha esperança renovada. Mas nenhum desses silêncios chega perto do som que é viver ouvindo o mundo se locomovendo enquanto só tento enxergar de olhos bem abertos sem me mexer. Estar no centro do barulho nunca foi realmente uma solidão. A troca é tão bonita porque sorrio achando todos tão corajosos com seus ternos e pastas e pressas e chegadas e “que mais”. E eles sorriem de volta, me achando corajosa também em ficar. E só olhar. E poder amar esse trecho de vida deles ainda mais do que eles próprios que nem se percebem em trechos.
Eu vivo na estação porque peguei carinho pelas placas e sujeiras e as faxineiras cedinho tirando os estragos do mundo na minha casa de passagem. Acho tão bonita a sensação de estar no único lugar onde se pode estar com todos e esperar por mais um trecho de todos. Sei que não escolho nada, não sigo com ninguém, não conheço outras idades e lugares e gastrites e ventos.
Eu sou uma estação, é isso. Assim não dói além porque eu sei, desde o começo, que sou passagem.
[...]
Existe o movimento que fica atrasado no ar e durmo embalada por tanta coisa que quase parece coragem. [...]
E eu pedi socorro. Eu não sei sair daqui mas quero ir com você. Eu tenho cinco anos de idade mas quero ir com você. Tudo me dói tanto e eu tenho tanto medo mas tudo bem, vamos lá. Na próxima parada só me lembra que é bom eu fazer xixi e comer alguma coisa porque tô te achando tão bonito que talvez eu esqueça.


Tati Bernardi.

 

(...) e nós que morávamos um no outro, ficamos sem casa. Perdoe a falta de abrigo, é que agora eu moro no caminho.



Marla de Queiroz
 

"Por onde anda você, tão distanciada, tão silenciosa? Em que nova galáxia posso te encontrar outra vez (...) Vezenquando baixa uma saudade, quase sempre..."


(Caio F., em carta para Vera Antoun)
 

'Eu não sabia, Senhor, que o mundo era tão vasto e doloroso. E que, desejando a vastidão do mundo, meu coração conheceria também a vastidão da dor. Por que, Senhor meu, permitiste que eu tentasse fugir da minha pequenez? Por que me deste todos esses sonhos muito maiores do que eu?'



Caio Fernando de Abreu In: Teatro Completo
 

"Eu gosto de carinho violento. De falar. De estar certa. De quem entende o que eu digo. De quem escuta o que eu penso. Da minha prole. Dos meus discos. Dos meus livros. Dos meus cachorros. Dos Stones. Do Rock Natural. Da minha solidãozinha. Dos meus blues. Do meu sofá vermelho. Da minha casa. Do meu umbigo. De unhas cor de carmim. De homem que sabe ser homem. De noites em claro e dias em branco. De chuva e de sol. Eu guardo as minhas rejeições em vidrinhos rotulados com o nome deles. Eu sou mole demais por dentro pra deixar todo mundo ver. Eu deixo pra quem eu acho que pode comigo. Ninguém sabe. Mas eu tenho coração de moça."



Fernanda Young
 

"Isso tudo nunca foi pra mim, nunca funcionou, é sempre eu que caio, de amores, ilusões, dores e no final de tudo eu fico aqui, esperando esse trem, pra me levar para a proxima estação, onde eu possa finalmente criar uma nova ficção na minha cabeça, uma nova atração para os meus olhos, uma nova paixão pro coração, e quem sabe, um final pra este roteiro."




Caio F.