27 de ago. de 2013

"E como a onda que rasga todo o mar,
Me rasguei de tudo o que vivi" (8)

22 de ago. de 2013



“Arranca metade do meu corpo, do meu coração, dos meus sonhos. Tira um pedaço de mim, qualquer coisa que me desfaça. Me recria, porque eu não suporto mais pertencer a tudo, mas não caber em lugar algum.” 




(José Saramago)

20 de ago. de 2013

Noites de Santa Tereza (CFA)
Para Ledusha
Foi escrito em 1983, no Rio de Janeiro.

_______________________

Estou ficando velha e louca aqui no alto deste morro velho, bem na curva da mangueira e das tormentas.
No porto inseguro lá embaixo vão e voltam navios (...)

...e repito repito meu amor você não precisa mentir, você só precisa me dizer porque (...) Deixo recado definitivo na secretária eletrônica alta madrugada e parto, definitiva também (...)

Agora sou o último quarto no fim de corredor, à esquerda de quem vai, não de quem vem, compreende? 

(...)

— alma gangrenada, a minha; (...)

...que não há de ser por delicatésse que perderei minha vida.
Entre os galhos da mangueira carregada espio a lua minguante sobre a Guanabara, lobiswoman esfaimada na curva das tormentas.

17 de ago. de 2013

Quero fazer um feitiço para que nada mais volte a andar. Quero ficar assim, no parado. Sei com medo que o que trouxe você aqui foi esse meu jeito de ir vivendo como quem pula poças de lama, sem cair nelas, mas sei que agora esse jeito se despedaça. Torre fulminada, o inabalável vacila quando começa a brotar de mim isso que não está completo sem o outro. Você assopra na minha testa. Sou só poeira, me espalho em grãos invisíveis pelos quatro cantos do quarto. Fico noite, fico dia. Fico farpa, sede, garra, prego. Fico tosco e você se assusta com minha boca faminta voraz desdentada de moleque mendigo pedindo esmola neste cruzamento onde viemos dar.

CFA
"Eu nunca vou conseguir falar de você. Para ninguém, ninguém. Eu posso até dizer umas coisinhas aqui, outras ali, posso até dizer que você é lindo, me faz um bem danado, etc. Mas dizer sobre você, sobre quem você é pra mim… nunca. Porque eu tenho essa coisa estúpida de não conseguir falar quando fico nervosa. E aparecer uma enxurrada de lágrimas na minha visão. E parecer que existe uma bola de pelo na minha garganta. Fica tudo uma merda. E eu nunca vou conseguir falar de você por causa disso. Porque eu fico nervosa, choro, sinto saudade, paixão acumulada, desejo, instinto de proteção, carinho, ciúme e amor. Isso tudo só de pronunciar as sílabas do seu nome."

(Yasmin Diniz)