29 de jun. de 2010

"Porque me dá vontade de ser bom,
de ser como eu sou de manhã,
quando não tenho raiva de ninguém."



Caio F.

26 de jun. de 2010

Não olho para trás. De que adiantaria olhar? De que adianta não olhar?


 
 
Caio F.
'A vida tem uma sabedoria que nem sempre alcanço,
mas que eu tenho aprendido a respeitar,
cada vez com mais fé e liberdade.'



[Ana Jácomo]
'São saudades de um mundo contente feito céu estrelado. Feito flor abraçada por borboleta. Feito café da tarde com bolinho de chuva. Onde a gente se sente tranquilo como se descansasse num cafuné. Onde, em vez de nos orgulharmos por carregar tanto peso, a gente se orgulha por ser capaz de viver com mais leveza.'




[Ana Jácomo]
Conseguia adivinhar o externo, mas o interno se perdia indefinido em sombras. O ônibus escorria no asfalto, o tempo escorria no relógio. Tudo ia em frente, ela se comprimindo cada vez com mais ardor. Ultrapassara o susto mas, temerosa de sofrer por amor, caíra na paixão. Absurda e mexicana e encerrada em si e independente do que a despertara: paixão.


Caio F.
Ah como doía solicitar tanto e ir se tornando cada vez mais lúcida dessa solicitação.


 
 
 
Caio F.

25 de jun. de 2010

"... Quando passar por lá no Bonfim diz que sim,
que morri mesmo, e já faz tempo,
lá por agosto do ano passado.
Aproveita e avisa o pessoal que é ótimo aqui do outro lado:
enfim um lugar sem baixo-astral."


Caio F.
Porque tem outra coisa: girassol quando abre flor, geralmente despenca.
O talo é frágil demais para a própria flor, compreende?
Então, como se não suportasse a beleza que ele mesmo engendrou,
cai por terra,exausto da própria criação esplêndida.


Caio F.
... vai saber que tramas armam
as raízes lá embaixo no escuro, em segredo.



Caio F.

23 de jun. de 2010

Nada. Fiquei deitado no chão da sala me culpando por estar ali. Me culpando por não sentir gosto nenhum de vida. Me culpando pelo nada, e me culpando por tudo, em especial. Como se todas as somas da minha vida dessem erro; E as diminuições fossem drásticas demais. Equações, multiplicações, divisões, pensamentos, tudo se resumia num enorme e vermelho X na minha frente. Bastaria olhar para algum dos lados? Nada, nada me bastaria, essa era a pior certeza.


 
JC
Morro de saudade. Me dá uma notícia. (...) Je t'embrasse.


Caio F.
'E a noite eu ainda te espero,
mesmo quando sei que você não virá,
só para ter saudade.'




Caio F.
Como se seu estado natural fosse constantemente esse,
quase sorrindo, olhando para outro lugar que não era aqui.
Onde as coisas fossem diferentes, boas de serem vividas.


Caio F.
Quando você sente saudade demais de uma pessoa,
então começa a vê-la nas outras, em todos os lugares,
de costas, por um jeito de andar,
de sorrir ou virar a cabeça de lado.


Caio Fernando Abreu
Pelo menos já sei algo valioso: é impossível me desligar da memória. (...) É totalmente humano, então, ser um nostálgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade. Talvez para a nossa sorte, a saudade possa transformar-se, de algo depressivo e triste, numa pequena chispa que nos dispare para o novo, para entregar-nos a outro amor, a outra cidade, a outro tempo, que talvez seja melhor ou pior não importa, mas que será diferente..."




(Trilogia Suja em Havana - Pedro Juan Gutierrez)
É uma saudade tão doída de você
Que eu não sei mais nada, não.
E é isso aí sempre que o amor não pode ser,
Sempre que a distância pode mais que o coração."




As Razões do Coração – Toquinho
"Ai. Saudade é uma coisa azul e amarga

com carne por fora e espinho por dentro."



Caio F. Abreu

22 de jun. de 2010

"Não sentia mais sua ausência porque eu também era ausência."

Caio F.

21 de jun. de 2010

“Sempre conservei uma aspa à esquerda e à direita de mim”


[C. Lispector.]
Clarice Lispector: Nelson, qual é a coisa mais importante do mundo?


Nelson Rodrigues: É o amor.

Clarice Lispector: Qual é a coisa mais importante para uma pessoa como indivíduo?

Nelson Rodrigues: É a solidão.

Clarice Lispector: O que é o amor, Nelson?

Nelson Rodrigues: Eu sou um romântico num sentido quase caricatural. Acho que todo amor é eterno e, se acaba, não era amor. Para mim, amor continua além da vida e além da morte. Digo isso e sinto que se insinua nas minhas palavras um ridículo irresistível, mas vivo a confessar que o ridículo é uma das minhas dimensões mais válidas [...]





Clarice Lispector – Entrevistas.
Rio de Janeiro: Rocco, 2007, p. 30/32.
"Queria e quero ainda. Voar junto, não sozinho. Mas todos me parecem tão fracos, tão assustados e incapazes de ir muito longe. Talvez eu me engane e minhas asas sejam muito mais frágeis que meu ímpeto. Mas se forem como imagino, talvez esteja fadado à solidão."


Caio F.
"Pois hoje emergi calçando salto 15, ombros muito para trás,
porte ereto e saia justíssima. Nariz arrebitado. Pisando duro.
Pensam que vão acabar comigo? Nunca!"


Caio F.
in 'Cartas.'
'Eu causo nas pessoas um tipo de enjôo com meu jeito,
com minha carência, com minha ânsia por atenção.
Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida
e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais.
Talvez esse seja meu pior defeito.'



Cazuza.
Ser. Já nada mais restava. Apenas a noite e, dentro dela, o meu silêncio de incompreensão. Meus passos afundavam na areia deixando uma esteira de poças que conteriam as estrelas, não fosse o imenso escuro de tudo. Cada vez mais lento eu caminhava. Para longe do rio. Para longe da pedra. Para longe do medo. Para longe de mim.




Caio F.
- Você quer dormir comigo?
- Não.
- Porque não é preciso?
- Porque não é preciso.



Caio F.

- O sol já foi embora.
- A estrada escureceu.
- Mas navegamos.
- Sim. Onde está o Norte?



Caio F.

”(…) E você se acostuma tanto a ver todo mundo guardando o seu pra si,
que começa a fazer igual. Mas de vez em quando aparece uma ovelhinha, sabe,
uma ovelhinha que não consegue dissimular que dói,
que não consegue entender por que ela tem de ser má igual a todo mundo.
E essa aí, esse aí que seja, não tem costelas que protejam o coração,
então ele cobre com lã e cota de malha,
uma defesa externa que não permite ver o brilho do próprio peito.
E pra esses, meu amigo, o amor é um labirinto:
milhares de pistas e nenhum céu.
Eles não conseguem ler, nem conseguem confiar, e plantam armadilhas.
E pra amar gente assim, brother, precisa voar por sobre tudo.
Sobre tudo mesmo. (…)“





Caio F. Abreu

18 de jun. de 2010

- Conseguiria pensar em algo melhor do que fazer amor com um estranho sobre um lago congelado, iluminados apenas por um lampião?


-Voltar pra Chicago. Martini com gelo. Van Morrison.

Estou me perguntando como eu vim parar aqui. Como eu não sou aquilo que eu esperava que fosse? Não chego nem perto do cara que eu queria ser.





Títulodo filme no Brasil:
Brincando de seduzir.
Aí você se dá conta de que todas as coisas nas vitrines brilhantes,
todos os modelos dos catálogos, todas as cores, as ofertas especiais,
as receitas da televisão, aquele monte de comida gordurosa,
tudo está lá para nos afastar da morte. E não funciona.




(Minha vida sem mim)
(Isabel Coixet, 2003)

Não me Peçam Razões...



Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.



José Saramago
Poema à boca fechada



Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.



José Saramago
O espelho e os sonhos são coisas semelhantes,
é como a imagem do homem diante de si próprio.




José Saramago
Quem tu és não importa, nem conheces

O sonho em que nasceu a tua face:
Cristal vazio e mudo.
Do sangue de Quixote te alimentas,
Da alma que nele morre é que recebes
A força de seres tudo.



José Saramago
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o

sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.


José Saramago
Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter,
ter deve ser a pior maneira de gostar.



José Saramago
Há situações na vida em que já tanto nos dá perder por dez como perder por cem, o que queremos é conhecer rapidamente a última soma do desastre, para depois, se tal for possível não voltarmos a pensar mais no assunto.



josé saramago
Para temperamentos nostálgicos, em geral quebradiços,
pouco flexíveis, viver sozinho é um duríssimo castigo



José Saramago

17 de jun. de 2010

Da rua onde eu cresci só me sobrou a distancia, as olheiras borradas de
rímel e um pouco de amargura - essa saudade que de tanto doer mudou de nome.
Não é impossível terem me sobrado algumas amizades também, mas o tempo as consumirá até o ultimo grão, eu já sei. Me sobraram, quando fecho os olhos, as imagens do horizonte alto nas montanhas, o sol se pôndo, exibicionista, na janela tambem alta do meu antigo quarto. O vento balançado cipréstes e folhas mil, nuvens fofas e céu-anil, me distraindo da leitura feita no sossego de um chão geladinho de varanda. Eu não nego, são lembranças muito boas, as bolas, as bicicletas, as chuvas.
Uma pena tudo isso ir mudando, ir mudando, ir mudando de nome dentro da gente. É preciso lavar o rímel para deitar, talvez dormir sem sonhos, nesse quarto de adulto.



JC
Caiu finalmente a minha ficha do quanto você é, tão e somente, um cara burro. [...] Sabe o quê? Eu vou para a cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você. Ao invés de estar por aí caçando qualquer mala na rua pra te esquecer ou para me esquecer. Porque eu me banco sozinha e eu me banco com um coração. E não me sinto fraca ou boba ou perdendo meu tempo por causa disso. [...] Também sou convidada para essas festinhas com gente “wanna be” que você adora. Mas eu já sou alguém e não preciso mais querer ser.




Tati Bernardi
É tanta comida estragada, plastificada e sem sal,
que você está perdendo o paladar para mulheres como eu.


Tati Bernardi.
Como se lutássemos - só nós dois, sós os dois, sóis os dois - contra dois mil anos amontoados de mentiras e misérias, assassinatos e proibições. Dois mil anos de lama, meu amigo. Tantos lixos atapetando as ruas que suportam nossos passos que nunca tiveram aonde ir.


 
 
Caio F.
Fala, fala, fala. Estou muito cansado. Já não identifico nenhuma palavra no que diz. Apenas me deixo embalar pelo ritmo de sua voz, dentro dessa melodia monótona angustiada perplexa repetitiva. Quase três da manhã. Não temos onde ir, nunca tivemos aonde ir.


Caio F.
Alguma coisa então pára, as coisas param.



Caio F.
Sei com medo que o que trouxe você aqui foi esse meu jeito de ir vivendo como quem pula poças de lama, sem cair nelas, mas sei que agora esse jeito se despedaça. Torre fulminada, o inabalável vacila quando começa a brotar de mim isso que não está completo sem o outro.


Caio F.
quero dividir meu olhar, desaprendi de ver sozinho e agora que tudo perdeu a magia, se magia houve, e havia, [...] olho tudo isso que vejo e não tem outra magia além dessa, a de ser real,


Caio F
Envolvimento demais para compreensão de menos.
Muitas diferenças. Um caso típico.
Eu emudeço e tu quer ouvir. Tu emudece e eu fico querendo dizer.
Suprir. Não suprir. Quando vê, já era.
Um dia a gente se fala, quero crêr. Bye.



JC
Não é novidade. Estou muito cansado.
E nem sei se vale a pena comentar. É o de sempre.
Hipocrisia. Aqui, ali, de onde menos e mais se espera, ela vem,
por todos os lados. Estou muito muito cansado.
E tenho medo de ficar triste pra sempre.



JC

16 de jun. de 2010

então, o que devo fazer é esperar. sem desespero,
sem melodrama, sem niilismo - esperar.
mas até quando, meu Deus, até quando?


(Caio F. Abreu)
compreendo tudo muito mais. dói e é incômodo. vontade de não saber perdoar, de não ser compreensivo, tolerante — de não me contentar com o pouco — “amor malfeito, depressa, fazer a barba e partir”. o domingo tá acabando — já é tarde — amanhã a gente começa de novo. eu me sinto às vezes tão frágil, queria me debruçar em alguém, em alguma coisa. alguma segurança. invento estorinhas para mim mesmo, o tempo todo, me conformo, me dou força. mas a sensação de estar sozinho não me larga. algumas paranóias, mas nada de grave. o que incomoda é esta fragilidade, essa aceitação, esse contentar-se com quase nada.

 


(Caio F. Abreu)
endureci um pouco, desacreditei muito das coisas,
sobretudo das pessoas e suas boas intenções.
dar um rolé em cima disso não vai ser nada fácil.
e as marcas ficarão - tatuagens.



(Caio F. Abreu)
seria isso, então? você só consegue dar quando não é solicitado,
e quando pedem algo você foge em desespero.
como se tivesse medo de ficar mais pobre,
medo de que se alcance seu centro e nesse centro exista
alguma coisa que você não quer mostrar nem dar ou dividir.



(Caio F. Abreu)
achei um pouquinho mágico,
 mágico suave, você sabe - nós ali, lado a lado,
falando praticamente das mesmas coisas.


(Caio F. Abreu)
eu quero pouco e quero mais. quero você. quero eu.
quero domingos de manhã. quero cama desarrumada,
lençol, café e travesseiro. quero seu beijo. quero seu cheiro.
quero aquele olhar que não cansa,
o desejo que escorre pela boca
e o minuto no segundo seguinte:
nada é muito quando é demais.


(Caio F. Abreu)

15 de jun. de 2010

"Nove décimos de mim já morreram,
mas eu guardo o décimo restante como uma arma."



- Charles Bukowski

14 de jun. de 2010

Deixa eu te jogar mil indiretas enquanto te aconselho sobre as outras.
Enquanto isso, eu sou a que não é tão superficial
mas mora longe demais pra mudar sua vida.
Enquanto isso eu te espero porque sei que você vai chegar.
Eu nunca pedi mais que isso, na verdade eu nunca pedi nada.
Eu só me fiz presente e fiz falta pra deixar você existir melhor que qualquer um.



( Verônica Heiss )
...nenhum som me importa
afora o som do teu nome que eu adoro.
E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho



Vladimir Maiakóvski

E todas as minhas experiências de falta de preocupação já
me indicaram que seria bem melhor me assumir.
Eu não sou tímida. Sou calculista.


( Verônica Heiss )
“Existem coisas piores que estar sozinho
mas geralmente leva decadas para entender isso
e quase sempre quando você entende é tarde demais
e não há nada pior que tarde demais.”




Charles Bukowski
"Eu tenho delírios de paixão, nem meu espelho reconhece."




[Cazuza]
Tenho tanto potencial criativo, solidário, tanta bondade e me dôo tanto que tudo isso não cabe nos meus planos. É tanta, mas tanta dedicação, que não cabe no MEU caminho; mas eu empurro, eu aperto, eu soco, e vamos indo. Fico aqui paradinha mesmo, lutando pela sobrevivência de quem me necessita. Só que no fundo do peito e por toda a minha extensão cerébral eu sou egoísta, muito muito egoísta. E o meu egoísmo grita alto, ecoa dentro de mim dias inteiros, se transforma em insônia nas madrugadas, se transforma em mudez, irritação, e até solidão. Melhor assim, melhor ficar pacifico aqui, olhando os aviões que sobrevoam o meu quintal de hora em hora; mesmo não sendo nada disso; mesmo sendo essa vontade afogadora de ter já voado, ou essa esperança igualmente sufocante de um dia voar ainda.



JC

13 de jun. de 2010

...ansiedade é um gozo tão prematuro de felicidade que parece tristeza.


Tati Bernardi
E pra mim, aprendi recentemente, viver é exatamente isso:
se distrair do medo que dá pensar em viver.


Tati Bernardi.
Folha soprada por muitos ventos, levada por muitas terras,
conhecedoras de muitos segredos, mas cansada,
ah, infinitamente cansada, querendo parar.



caio f.
sejamos diretos para não sermos idiotas:
eu te quero. você me quer? não sabe?
ah, então vá pra puta que te pariu.


(Tati Bernardi)
eu fiquei triste com o fim do seu amor.
não sei o que dizer, queria que você soubesse só,
tipo simples: fiquei triste.


(Caio F. Abreu)
subjetiva e objetivamente,

a menina era tremendamente solitária.



(Caio F. Abreu)
tem tanta gente interessante por aí querendo entrar.
deixa. deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.


(Caio F. Abreu)
estou aceitando currículo para o meu coração.
mas é vaga de dono e não de trainee.



(Tati Bernardi)
já não é tempo de desesperos.
refreias quase seguro as vontades impossíveis.



(Caio F. Abreu)
eu retribuo o sorriso. eu correspondo ao abraço.
eu digo sim. eu quero sim. eu sinto sins.
só porque estou vivo.


Caio F. Abreu
vê se ri um pouco. tenho aprendido que tudo tem um jeito,
o tempo é remédio pra tudo, vivendo e aprendendo. por aí.


(Caio F. Abreu)
o problema é que não é esse o lugar. o lugar certo tem que ser frio; de quente eu só queria o coração mesmo. o problema é que não são essas as pessoas, tá tudo errado, entendeu? without emotion. o problema, os problemas - no plural também encaixa - é que eu tô mais é assim pra passarinho apaixonado por estrela, a asa quebrada, e por cega solidariedade alguém me colocou nessa caixinha de papelão, já não to mais cantando nem nada, perdi a graça, perdi meu céu, meu bando, perdi a fé. pra deixar de ser tão subjetivo, o problema é que eu sou um baita covarde, com uma baita dor.



JC

12 de jun. de 2010

até bati um papinho com não sei quem,
pedindo luz pra mim, pro planeta, pras pessoas.



(Caio F. Abreu)
por tudo que há de mau no mundo,
nós merecemos o máximo do bom.
sem culpas.


(Caio F. Abreu)
vou te fazer uma confissão: estou um pouco assustada.
é que não sei aonde me levará essa minha liberdade.


(Clarice Lispector)
''Será que você é capaz de entender isso? Será que você consegue esquecer por um segundo a sua monumental frustração para entender que outras pessoas podem ter tido relações mais dignas que as suas? (...) Você não pode fazer isso. Uma pessoa não é só um amontoado de frasezinhas supostamente brilhantes. Você não sabe o esforço enorme que estou fazendo para (...). Ah, você e seus truques. Você e suas palavras impensadas. Você e suas brincadeiras espirituosas. Você e seus traumas, seus ódios, seus nojos. Eu não tenho nada a ver com isso. Estou cansado dos seus números, da sua inconsequência, da sua neurose, da sua. – Levantou-se e empurrou a cadeira – Eu vou embora, eu já devia ter ido embora há muito tempo. Não tenho mais paciência nem cabeça para esse tipo de coisa miúda."


[Caio F.]

9 de jun. de 2010

' ... uma solidão de artista e um ar sensato de cientista. [...] tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna.'




Caio F. Abreu
'era um sonho bonito, aquele —, está entendendo? Você acordava, eu não. Eu continuava sonhando.'




Caio F.
"Ela era bonita. Mas não era bonita e só - como a maioria dos bonitos, ela era bonita e tinha muitas outras coisas na bagagem."



Caio F.

8 de jun. de 2010

Não acabarão com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente.



Vladimir Maiakóvski

6 de jun. de 2010

aconselhável, vadiar pelas praças, respirar o cheiro de pipoca das esquinas, olhar vitrinas, acreditar em Deus, sorrir para desconhecidos. aconselhável dançar valsa e rock and roll, andar de bicicleta, pular corda, procurar ovnis no céu, alimentar cachorros vagabundos.


(Caio F. Abreu)

5 de jun. de 2010

Dou importância às miudezas.
Sou um apanhador de desperdícios
que nem as boas moscas.



(Manoel de Barros)
foi muito lindo, tipo ver pela primeira vez e pensar, sem palavras: "eu quero". e então, não ter jogo nenhum, nenhum duplo sentido.

(Caio F. Abreu)
será que desisti do amor? que alívio. é um processo que vem se arrastando há uns quatro anos, desde o que chamo de The Big Disaster, agora parece que con-so-li-dou-se. será que é da idade? fico ouvindo as pessoas naquele rodenir de, ligou?-vou-ligar-não-sei-se-ligo-se-ligar-diz-que-saí etc. & etc. e acho de uma pobreza alagoana.


(Caio F. Abreu)
eu dizia que "gostava" de você que sentia saudade de você, que eu precisava de você, que eu "não conseguia viver sem você". mas não era amor.


(Caio F. Abreu)
e as noites estão cada vez mais frias, e os dias estão cada vez mais duros, e eu tento, tento tanto disfarçar essa dor no meu peito e esse nó na garganta, mais chegou o ponto em que eu já não sou mais forte o suficiente, já estou consumida pelo desejo quase incontrolável de desaparecer, pra sempre.



(Caio F. Abreu)
afinal, a afeição que nutro por você é um fato.


(Caio F. Abreu)
veja, eu não vou desistir de você. mas também não vou te obrigar a ficar. vou entrar na onda de ser moderninha. independente. fria. mas será tudo mentira minha. uma farsa. pra ver se você se compadece e volta quetinho.


(Caio F. Abreu)
não só em relação a ele,
mas a muitas outras coisas,
quero que daqui pra frente
a vida seja hoje. a vida não é adiável.



(Caio F. Abreu)

4 de jun. de 2010

Se você está pensando que eu não te amo, acertou. Tão diferente tudo, e no tudo: você. Se está pensando que essas declarações intensas eu só faço em dias que me sinto muito só e muito dolorido de tudo, acertou. Você acertou quando disse que eu perdi anos, acertou quando disse que fui covarde. Mas veja, você errou quando disse que havia outra ao mesmo tempo em que houve você. Você errou quando disse que eu não sei o que é amar. Tudo bem, eu não te amo mais agora, mas eu te amei, sim, te amei com todas as forças que tive mesmo que todas elas reunidas tenham sido insuficientes pra você. Te amei com o corpo em chamas, todas, todas as vezes, te amei com o meu olhar mais bobo, te amei nas verdades duras que eu não media em tantas e tantas palavras, te amei por muito tempo e tentei salvar a gente, eu juro. Foi nisso tudo aí que você errou feio, viu. Amei a bagunça do seu cabelo sim, e o seu sorriso cafageste sim, até as brigas no telefone eu amei, sim, igualmente sim. Amei demasiado o seu amor por mim, ah como eu amei; e é para o amor que você me deu que até hoje eu me declaro, sem nenhuma falsidade, ainda amo intensamente tudo que o seu sentimento me ensinou. Acertei e errei também, sobre mim, sobre você, sobre nós, sobre o futuro que planejamos tanto. Sobre a casa, o cachorro, a filha, as férias. Não sei dizer se é possivel voltar a te amar, se eu posso fazer isso, se você pode. Sinceramente, honestamente, cruelmente falando, eu acho dificil. Escrevo só para pedir, talvez implorar, que você pare de errar, pensando que foi pequeno o que eu senti. Um abraço para sempre, no horário de sempre. Adeus.


JC
não consigo entender essa pressa em rotular,
carimbar, colocar em prateleira:
é assim, doce, amargo, leve, pesado.

(Caio F. Abreu)


sou só
e tenho que viver uma certa glória íntima
que na solidão pode se tornar dor.
e a dor, silêncio.


(Clarice Lispector)

mas a vontade é te convidar pra sair por aí
sem compromisso
brincar de tobogã no arco-íris
qualquer coisa assim: você topa?

(Caio F. Abreu)


por entre anjos do apocalipse
sereias radioativas, profetas contaminados,
saltimbancos apáticos,
pensei: ele quer saber por que o beijei.

(Caio F. Abreu)



...é só essa vontade quase simples de estender o braço para tocar você...





Caio F.
freio quimico nas emoções.




Caio F.

3 de jun. de 2010

Mas primeiro prova da terra. Depois voa.


Caio F.
Tantos livros emprestados. tantos filmes vistos juntos. tantos pontos de vista sociopoliticos existenciais e bababá em comum só podiam era dar mesmo nisso: cama. realmente tentamos mas foi uma bosta.


Caio F.
Fui vivendo minha vida de maneira tão solitária,
conquistando minhas coisas tão no braço
tão sempre sem nada,
que aprendi a ter uma enorme admiração
por mim mesmo.


Caio F.
(...) ando muito esgotado, durmo só umas cinco horas por noite (logo eu, que se pudesse dormia umas 20), andei também ruim do coração.






Caio F.
Não pense que eu estou disfarçando e pensando como-eu-sou-bonzinho-porque-ninguem-me-ama. eu me achava envelhecido me sentia sórdido humilhado.


Caio F.
in A quem interessar possa.
CULTURA DEMAIS MATA O CORPO DA GENTE CARA.
FILMES DEMAIS. LIVROS DEMAIS. PALAVRAS DEMAIS.


CAIO F.
Te esperar, é uma das coisas mais burras que eu faço na minha vida. E de tão inteligente chego ficar indignado por continuar e continuar a fazer. Mas o que se há de condenar? Quem se há de condenar? Corações não se importam. Corações ja nascem sentenciados. Já nascem esperando. Devia ser uma opção obrigatória de reencarnação: ou cérebro ou coração. Acho que eu parava, parava de uma vez de te esperar. Com certeza é mais leve e fácil ser um gênio qualquer. Incompreendido que fosse.


JC
E vi as borboletas.
E meditei sobre as borboletas.
Vi que elas dominam o mais leve
sem precisar de ter motor nenhum no
corpo. (Essa engenharia de Deus!)
E vi que elas podem pousar
nas flores e nas pedras
sem magoar as próprias asas.


(Manoel de Barros)
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não.



Caio F.

Uma pessoa, quando tá longe, vive coisas que não te comunica, e tu, aqui, vive coisas que não a comunica. Então, vocês vão se distanciando e, quando vocês se encontrarem, vocês vão se falar assim: oi, tudo bom e tal, como é que vão as coisas? E aí ele vai te falar, por cima, de tudo que ele viveu, e, não sei, vai ser uma proximidade distante. Não adianta, no momento que as pessoas se afastam, elas estão irremediavelmente perdidas uma da outra.



Caio F.

(...) Ontem por incrível que pareça todos os lugares que pisei eu te procurei. Teus rastros ficaram por lá. O balançar de teus cabelos e esse teu jeito meio atacado de ser. Fiquei feliz em poder sentir tua falta, - a falta mostra o quão necessitamos de algo/alguém. É assim o nosso ciclo. Eu te preciso. Perto, longe, tanto faz. Preciso saber que tu está bem, se respira, se comeu ou tomou banho - com o calor que está fazendo neste verão, tome pelo menos uns três ao dia, e pense em mim, estou com calor também. Me faz bem pensar nessas atividades corriqueiras, que supostamente você está fazendo. Ah, e eu estou te esperando, com meu vestido curto, óculos escuros grandes e meu coração pulsando forte, e te abraçar até sentir o mundo girar apenas para nós. É, eu gosto muito de ti.



Caio F.
"(...)o que terminei sendo, e tão cedo? Terminei sendo uma pessoa que procura o que profundamente se sente e usa a palavra que o exprima. É pouco, é muito pouco."





(Clarice Lispector)

2 de jun. de 2010

Porque eu nasci com essa maldita vontade tão imensa de cuidar. É por isso que eu sofro, tantas, tantas vezes. Sem pausa e sem dó. Predestinado.



JC
Não faria nenhum sentido eu desejar que você pudesse me amar. Eu não te amo, eu acho que eu também não te amo. Mas tem essa ligação. Intensa. Acho que a gente precisa sempre nomear, deixar em ordem alfabética dentro do peito. Sei lá. Nunca vou saber porque cruzamos no caminho. Só, talvez, se um dia, distante futuro, você vier a me amar porque não sobrou mais ninguem; Ou eu vier a te amar porque continuo sozinho nesse edificio. Planeta. Cama. Aí sim, quem sabe, uma explicação.


JC
Passou o dia pensativa juntando coragem na saliva até encorpar a voz. Aproveitou o ápice da sua agonia e, num impulso, disse tudo numa sensação só:
“A partir de hoje, decidi gostar de outro”.
No início ele riu da ousadia, mas o silêncio que ela fez em seguida preencheu de sinceridade aquela novidade.
“Você ficou maluca, de onde tirou isso?”
“ É que você nunca gostou de mim no grosso mesmo do sentimento...”
“ Mas ninguém decide que vai gostar de outro de repente e, simplesmente, começa a gostar!”
“ Ah, mas eu decidi... Ele vai realizar um sonho que tenho comigo: ele disse que vai gostar de mim bem do jeitinho que eu gosto de você. A diferença é que eu sei merecer essas coisas...”



(Marla de Queiroz)
um coração como poucos. um coração à moda antiga.



(Clarice Lispector)
Olha o que interessa mesmo é que ficou essa árvore. Mas muito, muito esquisita, não dá sombra, não dá frutos, as folhas são sem graça nenhuma, mas ta ali, é uma árvore, ficou alguma coisa, alguma raiz. Existe, mas não ta mais viva não. Não, não ta não. Tóc-tóc. Oca.



JC