Tati Bernardi.
31 de out. de 2009
Como eu gostaria de viver em um mundo sem manos de bonés e sem garotas com calças baixas e panças com piercing. Como eu gostaria de ir ao cinema num belo longo acompanhada de um rapaz de black tie. Não, pensando bem, longo pede salto alto e tudo isso me lembra aquele cansaço deprê, cheio de pose falsa, dos casamentos que nos obrigam a comparecer. Mas algo entre o boné e o vestido de festa estaria bom.
Tati Bernardi.
"Há os níveis não formulados, camadas imperceptíveis, fantasias que nem sempre controlamos, expectativas que quase nunca se cumprem e sobretudo, como dizias, emoções. (...), mas já não sou capaz de me calar, talvez dirás então, descontrolado e um pouco mais dramático, porque meu silêncio já não é uma omissão, mas uma mentira".
(In: Natureza Viva / Morangos Mofados)
Caio F.
toda aquela coisa complicada e sublime do amor na minha cabeça, e ele vem e me dá um apertão simples e grosseiro. todos os "porquês" mal respondidos, todas as mágoas ainda latentes, e ele vem e amassa todos os peitos, alisa a barriga toda e espreme toda a cintura. tanta saudade, tanta tristeza, tanta falta e ele vem e fala baixinho, no meu ouvido, o tanto que precisa, o tanto que quer e o tanto que vai. é ele que me surpreende sem dar tempo de deixar para depois, sem dar espaço para a força da reação, sem dar som para a voz fraca da minha impossibilidade.
- Tati Bernardi
28 de out. de 2009
20 de out. de 2009
16 de out. de 2009
Hoje eu te amo com a delicadeza do que virou cicatriz, te debato em relâmpagos que só tem a memória nesses dias de sol misturado com chuva. Não quero mais que tenhas forma, sombrancelha , perfume ou fitas coloridas porque em todas essas coisas se dissolve a minha frieza. Quero no meio dos encontros uma arquitetura do nada, como se todos os gestos que tento ainda lembrar apagassem teimosos as lâmpadas. Não quero mais inventar-te em todas as bordas das taças onde o vinho é também a lua e o reflexo do meu rosto. Não quero mais te desenhar no amanhã, essa linha de esperança que faz todo homem tremer. Não quero mais te amar, por mim, por ti, e pelos dois juntos. Não quero te alcançar, nem passar para lá dos pensamentos, não quero saltar para este outro lado que tem pratos, lençóis e ônibus, Não quero também que me olhes para que não fiquem confundidas as nossas respirações uma outra vez. Para que não duelem as nossas bocas em mordidas e línguas e hálitos debilmente incontroláveis. Para que não pese o ar com antigos aromas e semi-silêncios enquanto as mãos afogam-se em cabelos e nucas. Não quero mais a dor-doce do fôlego que nos falta simultâneo. Não quero porque voltaria a existir então uma só profundidade para dois, um só gosto, um só tremular de corpos como treme uma lua na água. Não quero como também não quero te amar assim como eu já te amo, e faz tempo e frio.
JC.
É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.
É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
em o céu de sempre.
O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.
O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.
O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.
CECÍLIA MEIRELES
Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.
Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.
Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!
Cecília Meireles
Nem palavras de adeus, nem gestos de abandono.
Nenhuma explicação. Silêncio. Morte. Ausência.
O ópio do luar banhando os meus olhos de sono...
Benevolência. Inconseqüência. Inexistência.
Paz dos que não têm fé, nem carinho, nem dono...
Todo o perdão divino e a divina clemência!
Oiro que cai dos céus pelos frios do outono...
Esmola que faz bem... — nem gestos, nem violência...
Nem palavras. Nem choro. A mudez. Pensativas
abstrações. Vão temor de saber. Lento, lento
volver de olhos, em torno, augurais e espectrais...
Todas as negações. Todas as negativas.
Ódio? Amor? Ele? Tu? Sim? Não? Riso? Lamento?
— Nenhum mais. Ninguém mais. Nada mais. Nunca mais...
Cecília Meireles
"Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."
CECILIA MEIRELES
15 de out. de 2009
As palavras que eu digo agora sopram para longe. Eu só queria dizer que estou sempre pensando em você, e aonde quer que você esteja estou andando ao seu lado. Rezo para que um dia você sinta meus braços novamente. Os pensamentos, garota, eles sopram para longe, as orações, garota, sopram para ainda mais longe. E os caminhos para onde soprarão?
JC
14 de out. de 2009
"Porque eu tô ainda muito inseguro de mim mesmo, e não acreditando absolutamente que alguém possa me curtir bem assim como eu sou. Eu não tenho quase experiência dessas transações, me enrolo todo, faço tudo errado - acabo me sentindo confuso. Tudo isso é tão íntimo, e eu já estou tão desacostumado de me contar inteiramente a alguém, tão desacreditando na capacidade de compreensão do outro, sei lá, não é nada disso, sabe? Conviver é difícil - as pessoas são dificeis - viver é dificil paca."
Caio F.
13 de out. de 2009
...eu não gosto de São Paulo. Mas eu não gosto de Porto Alegre, não gosto do Rio também. Não gosto de nenhum lugar. Não suporto lugares geográficos. Mas um dia eu tinha que ficar lá, tinha que ficar porque, sei lá, eu não vou me matar, vou continuar vivendo, então precisava trabalhar, precisava achar um espaço embora achasse tudo isso meio inútil.
Caio F.
11 de out. de 2009
10 de out. de 2009
9 de out. de 2009
Por causa desse sonho é que inventei Ângela como meu reflexo?(...)
Ângela é uma estátua que grita e esvoaça em torno das copas das árvores. Seu mundo é apenas tão irreal como a vida de quem porventura me lesse.(...)
Ângela é um espelho...É só por atrevimento que Ângela existe em mim"
Clarice Lispector
"... Então pensei em sair lá de dentro imediatamente, sem olhar para trás, mas ao mesmo tempo que queria ir embora, queria também ficar para sempre lá, e se me descuidasse, se alguma coisa mínima em mim perdesse o controle eu me encolheria ali naquele chão frio, olhando os galhos tão emaranhados que não passava nunca um fio daquela luz do sol lá de fora..."
CFA
' Não iriam entender que vezenquando a gente fica triste sem motivo, ou pior ainda, sem saber sequer se está mesmo triste. Mas podia aceitar, entrar no carro, vamos até à praia? Deitar a cabeça nos braços, apoiar os braços na janela aberta, vento entrando, remexendo nos cabelos, no rosto, jeito de lagrima querendo rolar...'
CFA
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