31 de mai. de 2008


Alguém uma vez disse

que escrever é um ato de resistência.

Resistir às tiranias,

resistir às mediocridades,

à própria acomodação.

"...Aparentemente fragmentado mas, de algum modo - suponho - completo."
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CFA

14 de mai. de 2008


Aos caminhos, eu entrego o nosso encontro¨




(Bem Longe de Marienbad)

Sempre há alguma coisa que falta.
Guarde isso sem dor. Embora em segredo doa..




Caio F

"Primeiro você cai num poço. Mas não é ruim cair num poço assim de repente?No começo é. Mas você logo começa a curtir as pedras do poço. O limo do poço.A umidade do poço. A água do poço. A terra do poço. O cheiro do poço. O poçodo poço. Mas não é ruim a gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? Agente não sente medo? A gente sente um pouco de medo mas não dói. A gentenão morre? A gente morre um pouco em cada poço. E não dói? Morrer não dói.Morrer é entrar noutra. E depois: no fundo do poço do poço do poço do poçovocê vai descobrir quê."









Caio F. em - O Ovo Apunhalado -

"Já li tudo, cara,
já tentei macrobiótica psicanálise drogas acumpuntura
suícidio ioga dança natação cooper astrologia patins
marxismo candomblé boate gay ecologia,
sobrou só esse nó no peito, agora o que eu faço?"




Caio F

"Se não dormisse cedo nem estivesse quase sempre cansado,
acho que esses pensamentos quase doeriam e fariam clack! de madrugada
e eu me veria catando cacos de vidro entre os lençóis."





Carta Anônima - PEQUENAS EPIFANIAS

"(...) nossos fatigados pés descalços ao fim de mais outra semana de batalhas inúteis,
fantasias escapistas, maus orgasmos e crediários atrasados".





Conto: Os Sobreviventes.
Livro: Morangos Mofados.

"Mandei para a lavanderia os lençóis verde-clarinhos que ainda guardavam o cheiro de Ana - e seria cruel demais para mim lembrar agora que cheiro era esse, aquele, bem na curva onde o pescoço se transforma em ombro, um lugar onde o cheiro de nenhuma pessoa é igual ao cheiro de outra pessoa (...)





"Do conto 'Sem Ana, blues', de "Os Dragões não conhecem o paraíso".

Caio F.Abreu

'não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda,
não dizer que estou ferido, que quase morri,
não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar,
fingindo dormir, que tudo está bem,
os hematomas no plexo solar,
o coração rasgado, tudo bem.'




Caio F. Abreu


'Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza'.








Limite Branco - Caio F.

A cada dia, viver me esmaga com mais força.




Caio F. Abreu

"então me vens e me chegas e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque é assim que és..."









(Caio Fernando Abreu)

“...porque tudo passou e é inútil continuar aqui,
procurando o que não vou achar,
entre livros que não me atrevo a abrir
para não encontrar seu nome, o nome que teve,
e certificar-me de que a vida é exatamente esta, a minha..."









Visita- O ovo apunhalado.
Caio F. Abreu

Não temos culpa, tentei. Tentamos.






[anotações sobre um amor urbano]
Caio F. Abreu

" Ela tem nome de mulher guerreira
E se veste de um jeito que só ela
Ela vive entre o aqui e o alheio...

O que faz ela ser quase um segredo
É ser ela assim tão transparente..

Ela é livre e ser livre a faz brilhar
Ela é filha da terra, céu e mar..

Ela faz mechas claras nos cabelos
E caminha na areia pelo raso...

Ela tem perto dela o mundo inteiro
E à volta outro mundo admirado...."

"E, de qualquer forma, às cegas, às tontas,
tenho feito o que acredito, do jeito talvez torto que sei fazer"






[Caio F.]

Há certas horas, em que não precisamos de uma paixão desmedida...
Não queremos beijo na boca...
E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama...
Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar,
que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente,
a brincar com a gente, a nos fazer sorrir...
Alguém que ria de nossas piadas sem graça...
Que ache nossas tristezas as maiores do mundo...
Que nos teça elogios sem fim...
E que apesar de todas essas mentiras úteis,
nos seja de uma sinceridade inquestionável...
Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado...
Alguém que nos possa dizer: acho que você está errado,
mas estou do seu lado...
Ou alguém que apenas diga:
Sou seu amor.
E estou
Aqui.





William Shakespeare

12 de mai. de 2008


Vc ouviu pessoas
Q te puseram medo do meu coração,
Por isso
Vc nunca vai saber o qnto eu te amo,
Nem o qnto eu me importo.
Eu não te disse
Mais d um milhão d vezes?
Nunca terei paz na mente
Até q você ouça meu coração.
Os meus álibis absurdos te cansam?
Bem, eu não sou tão esperto, Eu
Eu só te adoro...
Falo seu nome em cada oração q eu faço.

Pessoas...
Sempre farão os apaixonados parecerem tolos
Mas vc sabia q eu te amava
Nós deveríamos ter visto amor em tudo isto
Mas
Você ouviu pessoas
q te puseram medo do meu coração...

9 de mai. de 2008


Pense e dance


Penso!
Como vai minha vida
Alimento, todos os desejos
Exorciso, as minhas fantasias
Todo mundo tem um pouco
De mêdo da vida...

Prá que perder tempo
Desperdiçando emoções
Grilar!
Com pequenas provocações
Ataco, se isso for preciso
Sou eu quem escolho e faço
Os meus inimigos...

"Saudações, a quem tem coragem"
Aos que tão aqui
Prá qualquer viagem
Não fique esperando
A vida passar tão rápido
A felicidade
É um estado imaginário...

Não penso!
Em tudo que já fiz
E não esqueço
De quem um dia amei
Eu desprezo
Os dias cinzentos
Eu aproveito prá sonhar
Enquanto é tempo...

Eu rasgo o couro
Com os dentes
Beijo uma flôr
Sem machucar
As minhas verdades
Eu invento sem mêdo
Eu faço de tudo
Pelos meus desejos...




>>>Barão vermelho >>>

8 de mai. de 2008


LET ME TRY AGAIN


Você viveu um grande amor que terminou meses atrás. Está só. Nada nesta mão, nada na outra. A sexta-feira vai terminando e, enquanto seus colegas de trabalho aquecem as turbinas para o fim-de-semana, você procura no jornal algum filme que ainda não tenha visto na tevê. Ao descobrir que vai passar Kramer vs. Kramer de novo, não resiste e cai em tentação: liga para o ex.


Tentar outra vez o mesmo amor. Quem já não caiu nesta armadilha? Se ele também estiver sozinho, é sopa no mel. Os dois já se conhecem de trás para frente. Não precisam perguntar o signo: podem pular esta parte e ir direto ao que interessa. Sabem o prato preferido de cada um, se gostam de mar ou de montanha, enfim, está tudo como era antes, é só prorrogar a vigência do contrato. Tanto um como o outro sabem de cor o seu papel.


Porém, apesar de toda boa intenção, nenhum dos dois consegue disfarçar o cheirinho de comida requentada que fica no ar. O motivo que levou à separação continua por ali, escondido atrás do sofá, e qualquer hora aparece para um drinque. O fim de um romance quase nunca tem a ver com os rompimentos de novela, onde a mocinha abre mão do amado porque alguém a está chantageando ou porque descobriu que ele é, na verdade, seu irmão gêmeo. No último capítulo tudo se esclarece e a paixão segue sem cicatrizes. Já rompimentos causados por incompatibilidades reais não são assim tão fáceis de serem contornados.


Toda reconciliação é precedida por uma etapa onde o casal, cada um no seu canto, faz idealizações. As frases que não foram ditas começam a ser decoradas. As mancadas não serão repetidas. As discussões serão evitadas. Na nossa cabeça, tudo vai dar certo: o roteiro do romance foi reescrito e os defeitos foram retirados do script, ficando só as partes boas. Mas na hora de encenar, cadê o diretor? À sós no palco, constatamos que somos os mesmos de antigamente, em plena recaída.


Se alguém termina um namoro ou casamento, passa um tempo sozinho e depois resolve voltar só por falta de opção, está procurando sarna para se coçar. Até existe a possibilidade de dar certo, mas a sensação é parecida com a de rever um filme. Numa segunda apreciação, pode-se descobrir coisas que não haviam sido notadas na primeira vez, já que não há tanta ansiedade. Mas também não há impactos, surpresas, revelações. Ficamos preparados tanto para as alegrias como para os sustos e, cá entre entre nós, isso não mantém o brilho do olho.


Se já não há mais esperança para o relacionamento e tendo doído tanto a primeira separação, não há por que batalhar por uma sobrevida deste amor, correndo o risco de ganhar de brinde uma sobrevida para a dor também. É melhor aproveitar esta solidão indesejada para namorar um pouco a si mesmo e ir se preparando para o amor que vem. Evite a marcha a ré. Engate uma primeira nesse coração.





Amar é uma mistura de alegria e medo;
de paz por um lado e ameaça de guerra pelo outro.
É pensar que a felicidade tem nome e endereço.
É temer não estar à altura.
É sofrer tanto quanto querer.



Nunca ninguém sabe
Nunca ninguém sabe se estou louco para rir ou para chorar
Pois o meu verso tem esse quase imperceptível tremor...
A vida é louca, o mundo é triste:
vale a pena matar-se por isso?
Nem por ninguém!
Só se deve morrer de puro amor!




Pagai o mal com o bem,
porque o amor é vitorioso no ataque
e invulnerável na defesa.




Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente...
...Sempre...
...A se olharem...
Pensar talvez:
“Paralelos que se encontram no infinito...”
No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas.







Pablo Neruda


Fecha os olhos,
Como se assim não te visse.
Rodeia-te de cortinas, véus e névoas
Para que não te sinta...
No fundo,
Sabes que…
Onde quer que estejas,
Me encontras onde estou.
Que aguardo,
Que despertes,
Te espreguices…
E que ao me beijares,
Me ilumines com o teu olhar…

Eu sei é um doce te amar, o amargo é querer-te para mim.





O amor não acaba, nós é que mudamos Um homem e uma mulher vivem uma intensa relação de amor, e depois de alguns anos se separam, cada um vai em busca do próprio caminho, saem do raio de visão um do outro. Que fim levou aquele sentimento? O amor realmente acaba?


O que acaba são algumas de nossas expectativas e desejos, que são subtituídos por outros no decorrer da vida. As pessoas não mudam na sua essência, mas mudam muito de sonhos, mudam de pontos de vista e de necessidades, principalmente de necessidades. O amor costuma ser amoldado à nossa carência de envolvimento afetivo, porém essa carência não é estática, ela se modifica à medida que vamos tendo novas experiências, à medida que vamos aprendendo com as dores, com os remorsos e com nossos erros todos. O amor se mantém o mesmo apenas para aqueles que se mantém os mesmos.


Se nada muda dentro de você, o amor que você sente, ou que você sofre, também não muda. Amores eternos só existem para dois grupos de pessoas. O primeiro é formado por aqueles que se recusam a experimentar a vida, para aqueles que não querem investigar mais nada sobre si mesmo, estão contentes com o que estabeleceram como verdade numa determinada época e seguem com esta verdade até os 120 anos. O outro grupo é o dos sortudos: aqueles que amam alguém, e mesmo tendo evoluído com o tempo, descobrem que o parceiro também evoluiu, e essa evolução se deu com a mesma intensidade e seguiu na mesma direção. Sendo assim, conseguem renovar o amor, pois a renovação particular de cada um foi tão parecida que não gerou conflito.


O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina, amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa.






Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.


E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.


Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.








Pablo Neruda

Enquanto não superarmos
a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer
emocionalmente.

Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um.





[...]
Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
[...]




Pablo Neruda

Eu te amo...

Guarde bem essas palavras...

Não é sempre que admito minhas fraquezas...


[...]
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.




Se tu vens às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz.









Antoine de Saint-Exupèry

O amor é o ridículo da vida.
A gente procura nele uma pureza impossível,
uma pureza que está sempre se pondo.
A vida veio e me levou com ela.
Sorte é se abandonar
e aceitar essa vaga ideia de paraiso
que nos persegue, bonita e breve,
como borboletas que só vivem 24 horas.
Morrer não doi.







Cazuza

Paquerar é bom, mas chega uma hora que cansa! Cansa na hora que você percebe que ter 10 pessoas ao mesmo tempo é o mesmo que não ter nenhuma, e ter apenas uma, é o mesmo que possuir 10 ao mesmo tempo.


Nessas horas sempre surge aquela tradicional perguntinha: Por que aquela pessoa pela qual você trocaria qualquer programa por um simples filme com pipoca abraçadinho no sofá da sala não despenca na sua vida?






Viver uma verdadeira experiência amorosa é um dos maiores prazeres da vida. Gostar é sentir com a alma, mas expressar os sentimentos depende das idéias de cada um. Condicionamos o amor às nossas necessidades neuróticas e acabamos com ele.


Vivemos uma vida tentando fazer com que os outros se responsabilizem pelas nossas necessidades enquanto nós nos abandonamos irresponsavelmente.Queremos ser amados e não nos amamos, queremos ser compreendidos e não nos compreendemos, queremos o apoio dos outros e damos o nosso a eles. Quando nos abandonamos, queremos achar alguém que venha a preencher o buraco que nós cavamos. A insatisfação, o vazio interior se transformam na busca contínua de novos relacionamentos, cujos resultados frustrantes se repetirão.


Cada um é o único responsável pelas suas próprias necessidades. Só quem se ama pode encontrar em sua vida Um Amor de Verdade.





Já falou-se tanto em amor, amizade e paixão...
Que tal falarmos do que não é amor?


Se você precisa de alguém para ser feliz, isso não é amor
É CARÊNCIA.


Se você tem ciúme, insegurança e faz qualquer coisa para conservar alguém ao seu lado, mesmo sabendo que não é amado, e ainda diz que confia nessa pessoa, mas não nos outros, que lhe parecem todos rivais, isso não é amor
É FALTA DE AMOR PRÓPRIO.


Se você acredita que sua vida fica vazia sem essa pessoa; não consegue se imaginar sozinho e mantém um relacionamento que já acabou só porque não tem vida própria - existe em função do outro - isso não é amor
É DEPENDÊNCIA.


Se você acha que o ser amado lhe pertence; sente-se dono(a) e senhor(a) de sua vida e de seu corpo; não lhe dá o direito de se expressar, de ter escolhas, só para afirmar seu domínio, isso não é amor
É EGOÍSMO.


Se você não sente desejo; não se realiza sexualmente; prefere nem ter relações sexuais com essa pessoa, porém sente algum prazer em estar ao lado dela, isso não é amor
É AMIZADE.


Se vocês discutem por qualquer motivo; morrem de ciúmes um do outro e brigam por qualquer coisa; nem sempre fazem os mesmos planos; discordam em diversas situações; não gostam de fazer as mesmas coisas ou ir aos mesmos lugares, mas sexualmente combinam perfeitamente, isso não é amor
É DESEJO.


Se seu coração palpita mais forte; o suor torna-se intenso; sua temperatura sobe e desce vertiginosamente, apenas em pensar na outra pessoa, isso não é amor
É PAIXÃO.


Agora, sabendo o que não é o amor, fica mais fácil analisar, verificar o que esta acontecendo e procurar resolver a situação. Mesmo que a situação se confunda às vezes para você, o correto é que avalie a "PRESENÇA" e a "AUSÊNCIA" de seu par na sua vida e diante do resultado de seus sentimentos irá perceber se algumas das situações acima são temporárias ou caracterizam definitivamente seu tipo de relacionamento. Porque a "convivência" faz com que o tempo transforme o que é AMOR em ETERNIDADE.






O medo do Amor



Medo de amar? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violência, medo da inadimplência, e a não menos temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala entre as nossas vértebras e a gente sabe por quê.


O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade.


E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro.


Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos.


Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo.





A verdade é que não te amo com meus olhos
que descobrem em ti mil defeitos,
mas com meu coração,
que ama o que os olhos desprezam.




Sonhadores Inatos


Aprendizes fomos
Construtores fomos
Executores fomos
Cruéis

Inventores sempre
Aventureiros sempre
Oportunistas sempre
Fiéis

Sonhadores inatos
Sobreviventes natos
Nem sempre somos exactos
Nem sempre conseguimos evitar os actos

Marinheiros bravos
Libertamos escravos
Cultivamos cravos
Tão bem...

Temos alianças
Muitas desconfianças
Temos as nossas esperanças
Também

Sonhadores inatos
Sobreviventes natos
Nem sempre somos exactos
Nem sempre conseguimos evitar os factos
Os nossos actos
Eh!

Sonhadores inatos
Sobreviventes natos
Nem sempre somos exactos
Nem sempre conseguimos evitar os factos
Os actos
Os nossos factos.


Jorge Palma

7 de mai. de 2008


Como aliviar a dor do que não foi vivido?

"Quando vocês discutirem,
não deixem que seus corações se afastem,
não digam palavras que os distanciem mais,
pois chegará um dia em que a distância será tanta
que não mais encontrarão o caminho de volta".




Mahatma Gandhi

Cuidado com teus pensamentos,

Quando menos esperas

Eles podem explodir em palavras.

O caminho para todas as coisas grandiosas passa pelo silêncio.






(Nietzsche)

"..e a dependencia é uma besta que dá cabo do desejo,
e a liberdade é uma maluca que sabe quanto vale um beijo"







JORGE PALMA

Eu temo pelos corações tristes...

Da minha janela sinto o vento sereno e cansado.
Como queria adormecer....

Encosta-te a mim


Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim




Jorge Palma

Por mais intenso que seja este desejo

Ou esperança

Extingue-se no ar

Em forma de recordação

Em forma de Esquecimento