26 de set. de 2008


Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão.
Vem das fantasias que surgem na solidão.

Talvez porque precise.
Talvez porque seja hora.
Ou apenas porque sim.

- Dá-me o teu balão?
- Não.
-Fazes bem

"Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno."










Cecília Meireles

Nós garotas, somos tão mágicas
Pele macia, lábios vermelhos, tão 'beijáveis'
Difícil de resistir, tão tocáveis
Uma noite dessas, eu beijei uma garota.

Eu tanto quanto você
Preciso aprender a estar só

Tudo junto no meu caso rolou de uma vez só
De repente o que era já não era mais
Mudou tudo no amor
Outra cara
Outra forma de ver e sentir
O que antes eu não entendia
Agora é ouro pra mim
A cabeça mudou
Outra cara
Eu tô fora e não vou mais sair
O que eu não precisava
Agora é preciso
Amor é assim
Lindo
Tô que nem criança
Tô de alma limpa
Com você por perto
Sou mais longe ainda
Hoje eu quero luz de sol e mar
Nova
Renovada a força
Tô feliz da vida
Sob o seu domínio
Tô mais forte ainda
Não tem nada fora de lugar




(Peninha)

Depois Eu Te Conto
Marcela Biasi
Composição: Marcela Biasi/ Fernanda Moreth


Troco olhares
Desejos e frases
Troco seu nome pra ninguém perceber,
Sua presença é tudo o que eu quero
Desvendar você,
Não vá tão longe
Onde eu não possa te ver
Não me encontre
Eu encontro você,
E seu eu te achar, não fuja
E se eu te olhar, disfarce
E se eu não agüentar...
Te beijo.

É sempre assim, não é?
Um dia
acordamos
e percebemos que passamos
metade do tempo
à espera.

Templo
Renata Arruda
Composição:
Chico César/Tata Fernandes/Milton Di Biasi


Se você olha pra mim
Se me dá atenção
Eu me derreto suave
Neve no vulcão
Se você toca em mim
Alaúde emoção
Eu me desmancho suave
Nuvem no avião
Himalaia, himeneu
Esse homem não sou eu
Olhos de contemplação
Inca, maia, pigmeu,
Minha tribo me perdeu
Quando entrei no templo da paixão

Temos tanta pressa de fazer algo,
escrever, amontoar bens e deixar ouvir a
nossa voz no silêncio enganador da eternidade
que esquecemos a única coisa
em relação à qual as outras
não são mais do que meras partes: viver”




Robert Stevenson .

25 de set. de 2008


Fotografia: Pedro Moreira



Arrastando Maravilhas
Marcela Biasi
Composição: Kali C. / Alexandre Lemos





Eu não tenho muito, quase nada
Só a sombra do meu corpo sobre a estrada
Misturada a galhos secos
Eu só tenho becos e perguntas
Minha alma e minha culpa dormem juntas


Eu não tenho frio nos meus versos
Mas também não sei dos outros universos
Que carrego paralelos
Eu não tenho elos, nem correntes
Meu fantasmas sempre foram diferentes


Eu não tenho ilhas num tesouro
Um lugar em casa para o desaforo
Nem espaço pra lamento
Eu não tenho vento que me pegue
Nem diabo que me agüente ou me carregue


Eu tenho convites e te chamo
Minha natureza está no que eu te amo
Mesmo nesse mundo louco
Eu só tenho pouco tempo, agora posso esperar
Mas não demora


No silêncio do vazio
Arrastando maravilhas
Nem vertigem, nem limites
Daqui a pouco é outro dia.

24 de set. de 2008


Auto - Retrato


Alguém diz que sou bondosa:
está tão enganado que dá pena.
Alguém diz que sou severa,
e acho graça.
Não sou áspera nem amena:
estou na vida como o jardineiro
se entrega em cada rosa:
corte, sangue, dor e aroma,
para que a beleza fique na memória
quando a flor passa.


(Amar é lidar com os espinhos
de quem ama por inteiro:
com força, não com fraqueza.)



(Lya Luft)

Canção Como Aviso


As minhas emoções estão intactas
Como antes de acordar: serenas
Nesta solidão, nem sei se esperam.
Será preciso alimentar de novo
A chama adormecida
Do amor que armou incêndios na penumbra
E me apagou.

Estou aqui ainda, enriquecida a mais
Com as memórias doces da alegria.
Para me alumiar, quem venha agora
Terá de compreender o meu receio
De que seja longa só a fantasia
E breve a permanência de quem veio.



(Lya Luft)


Se te pareço ausente, não creias:
Hora a hora o meu amor agarra-se aos teus braços,
Hora a hora o meu desejo revolve estes escombros
E escorrem dos meus olhos mais promessas.
.
Não acredites neste breve sono;
Não dês valor maior ao meu silêncio;
E se leres recados numa folha branca,
Não creias também: é preciso encostar
Teus lábios em meus lábios para ouvir.
.
Nem acredites se pensas que te falo:
Palavras
São o meu jeito mais secreto de calar.







(LYA LUFT)

"Por isso escrevo e escreverei:
para instigar o meu leitor
imaginário-substituto dos
amigos imaginários da infância?
-a buscar em sí e compartir comigo tantas
inquietações
quanto ao que estamos fazendo com
o tempo que nos é dado."







(Lya Luft)

Deixa-me amar-te sem receio,

pois a solidão é um campo muito vasto

que não se deve atravessar a sós.







Lya Luft

CANÇÃO DO AMOR SERENO


Vem sem receio: eu te recebo
Como um dom dos deuses do deserto
Que decretaram minha trégua, e permitiram
Que o mel de teus olhos me invadisse.
.
Quero que o meu amor te faça livre,
Que meus dedos não te prendam
Mas contornem teu raro perfil
Como lábios tocam um anel sagrado.
.
Quero que o meu amor te seja enfeite
E conforto, porto de partida para a fundação
Do teu reino, em que a sombra
Seja abrigo e ilha.
.
Quero que o meu amor te seja leve
Como se dançasse numa praia uma menina.




Lya Luft

Foram-se os amores que tive
Ou me tiveram.
Partiramnum cortejo silencioso e iluminado.
A solidão me ensina a não acreditar na morte
nem demais na vida: cultivo segredos num jardim
onde estamos eu, os sonhos idos,
os velhos amores e seus recados
e os olhos dele que ainda brilham
como pedras de cor entre raízes.









(Lya Luft)

"Tive amores que me fizeram crescer,
me ensinaram algo de quem sou,
me tornaram melhor, quem sabe,
ou me fragilizaram mais.
Perdi amores que eram essenciais em mim,
e sempre achei que agora não tinha sobrado nada.
Mas de repente,
um gesto deles, recordado aqui e ali,
entreabria as cortinas de mais uma paisagem..."







(Lya Luft)

"Os fatos são sonoros.
O que importa são os silêncios por trás deles."









(Clarice Lispector)

"Aliás - descubro eu agora - eu também
não faço a menor falta,
e até o que escrevo um outro escreveria."







A hora da estrela
C. Lispector

"Nem todos chegam a fracassar
porque é tão trabalhoso,
é preciso antes subir penosamente
até enfim atingir a altura de poder cair."







(CLARICE LISPECTOR)

" ...Desço fundo no meu retiro espiritual.
E por estranho que pareça será do fundo
de meu abismo que renascerei
com um rosto calmo,
quem sabe se até mesmo com a leve
força de um sorriso....."









(CLARICE LISPECTOR)

"Eu não tenho enredo.
Sou inopinadamente fragmentária.
Sou aos poucos.
Minha história é viver.
E eu só sei viver as coisas quando já as vivi.
Não sei viver, só sei lembrar-me."






(CLARICE LISPECTOR)

" Foi uma sensação súbita, mas suavíssima.
A luminosidade sorria no ar: exatamente isto.
Era um suspiro do mundo.
Não sei explicar assim como não se sabe
contar sobre a aurora a um cego.
É indizível o que me aconteceu em forma de sentir:
preciso depressa de tua empatia.
Sinta comigo. Era uma felicidade suprema."




(CLARICE LISPECTOR)

"Faço poesia não porque seja poeta
mas para exercitar a minha alma."







C. Lispector

" Já que se há de escrever,
que pelo menos
não se esmaguem com palavras
as entrelinhas."







C. Lispector

"Estou com saudade de mim.
Ando um pouco recolhida,
escrevo depressa, vivo depressa.
Onde está eu ?
Preciso fazer um
retiro espiritual e encontrar-me enfim,
mas que medo - de mim mesma."






C. L ispector

“Que se há de fazer com a verdade
de que todo mundo é um pouco triste e um pouco só”











(A Hora da Estrela)
C. LISPECTOR

"Onde aprender a odiar para não morrer de amor?"

Sou inquieta, áspera e desesperançada,
embora amor dentro de mim eu tenha.
Só que eu não sei usar amor.




C. Lispector

"Guardo seu nome em segredo.
Preciso de segredos para viver"









C. Lispector

Angústia é fala entupida.











Ana C. Cesar

"Acreditei que se amasse de novo
esqueceria outros pelo menos três rostos que amei
Num delírio de arquivísitca organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos."




(ANA CRISTINA CESAR)

"Fica boazinha dor... "







(ANA C.C.)

"Cada busca inútil
me traz uma impressão longínqua
de despedaçar-se"




(ANA C.C.)

"Te amo estranha,
esquiva,
com outras cenas mixadas ao sabor do teu amor."





Ana C. Cesar

ah você meu bloco. ah você meu oco.









Ana C. Cesar

"Imagino como seria te amar...
Desisto da idéia numa verbal volúpia e recomeço a escrever poemas..."





23 de set. de 2008


Pensando em você não é bem o termo.
Você ocorrendo em minha pele, lembrança de perfume...
.
.
.
Ana Cristina Cesar



"não foi de repente. eu fui matando um por um, aos poucos. a cada dia. devagar. por isso, não estranho o salão vazio. as mesas, com arranjos de plástico, rodeadas por cadeiras desocupadas. as velas, intocadas, fazendo poças de cera sobre as toalhas. por isso, não estranho a orquestra de vinil tocando apenas pra que eu ouça. não estranho o eco feito pelos meus sapatos. dois pra direita. um pra esquerda. dois. um. eu danço sem par por ter matado todos os que tive. não espero convidados por ter eliminado um por um. aos poucos. eu hoje festejo minha estupidez. seguro uma taça no lugar da pedra que sempre carreguei. faço um brinde à minha impaciência. à incapacidade de suportar a tolice, a ignorância, a burrice. um brinde à minha falta de prática com os sorrisos falsos. à minha incompetência pra suportar situações que não desejo. lugares que me contrariam. opiniões que não peço. vozes que não gostaria de ouvir. dois. um...

eu danço sozinho por ter vomitado as pequenas gentilezas que me ofereceram. os favores recebidos de quem nunca pedi. eu danço sozinho e não estranho o silêncio no intervalo entre as músicas. a festa vazia não me surpreende. eu matei um por um. com meus olhares. gestos. com a saliva respingada dos meus berros. gritos. palavras certeiras como flechas. assassino, eu matei um por um. com minha ausência nas celebrações. com minha aversão a rituais. com meu isolamento. com minha falta. o meu não ir. com meu afastamento. danço e não espero mais ninguém pra girar debaixo das luzes coloridas. no ritmo da música da orquestra de vinil. foram todos mortos, os que já encheram o salão. um por um. aos poucos. por mim. sem arrependimento pelos crimes, não estranho o vazio. me contento com a solidão transformada em companhia. a ela estendo a minha mão e convido. dança comigo? com ela festejo minha estupidez. taça no lugar da pedra. um brinde. um giro. dois pra direita. um pra esquerda. dois. um. dois. um."









Dança - Eduardo

Mas como vai vc ?
Assim como eu
Uma pessoa comum
Filho de Deus
Essa canoa furada
Remando contra a maré
Não acredito em nada não
Só não duvido da fé
Não quero luxo, nem lixo
Meu sonho é ser imortal
Não quero luxo, nem quero lixo
Quero gozar no final ...





[Marina Lima]
fotografia: Luís Trancoso
.
.
.
Bato as minhas portas.
Bato as portas em mim.
Bato ao sair.
Bato tbm ao entrar
só pq
pelas portas mal-fechadas
passam sempre ventos ocasionais.

Não quero mais destes ventos por agora.

Bato portas
me ficam brisas de calmaria
mesmo que artificiais.
Mesmo que cheias de pó.

A sorte é que não me levam nada
tbm não trazem, é fato
mesmo assim, por hoje,
bato as portas em mim.



jc

"Quem lê nas entrelinhas, sabe a verdade!
...
Sonhar é preciso!
Acordado ainda mais!
...
Mantém vivo, um coração andarilho! "







by: Mister

"Se perder tbm é caminho..."
.
.
.
.
by: Jô

22 de set. de 2008


Queria ver, ainda,
graça nas coisas qndo não estás cmgo...mas
não vejo!
Queria não sentir tanta saudade...mas nisso
eu fracasso sempre!
Gostaria de não repetir tantas vezes q a amo...mas
já nem consigo!
Preferia não ter achado lindo o seu sorriso...mas ele
é o mais lindo q já vi pelo mundo!
Preferia não ter sentido o cheiro da sua pele...pq agora
me lembro sempre dele em brisas que sopram!
Queria não ter gostado tanto do seu bjo...mas é
alucinógeno em mim!
Queria ter me "escondido" um pouco de vc...mas
vc agora já me desvenda todo,
só de olhar.
Gostaria de acreditar mesmo no ditado "tudo passa"...mas
não sei mais não, e é por isso q estou aqui!
O unico ditado
q acredito agora é
"amores serão sempre amáveis"!
Adoraria oferecer pra vc tudo q vc desejasse...mas
oq posso te dar é
um amor q depois de trancos demais,
ta aqui ainda,
no meu coração disparado!
Gostaria
de colocar a culpa de muita coisa, na distância....mas
com essa mesma distância, ficamos tanto tempo juntos!
Queria prometer pra vc, tanta coisa...mas tudo
q eu cumpriria é, te fazer muito feliz,
todo o tempo q estivesse comigo!
Não adianta...eu te amo...
preciso mesmo de vc por perto!
Queria coisas demais, mas o que mais quero é
q vc saiba e tenha total certeza de q
nem por um segundo
entre todas as tempestades
vc deixou de ser o meu amor...o meu sonho...
a noite com sol que a vida me concedeu!








21 de set. de 2008


"...prometo a mim mesmo nunca mais ouvir,
nunca mais ter a ti tão mentirosamente próximo..."
.
.
CFA

"Sem sentir,
você calcula mal alguma coisa no passo e,
em vez do vôo, vem a queda.
O ridículo
é que só no chão você percebe que caiu."







CFA

19 de set. de 2008


confesso que eu procuro demais
sempre procurei,
cavocando pelos cantos
inventando desesperos,
e quem procura coisas demais
acha,
e depois acaba tendo q se livrar delas
isso mesmo, "se livrar"
sem saber bem aonde deixa-las,
coisas assim como pessoas
jamais voltam ao estado original
depois de achadas
depois de deixadas.
jc