12 de nov. de 2008


Tenho noites tão sós. Dias. Semanas. Ultimamente mêses. Sós e felizes de serem sós. Inabalávelmente sós. Nem campainhas, nem telefones, nem festas no andar superior ou ao lado ou na frente do meu nariz transformam esse tipo de solidão. Solidão com paz é uma sobremesa perfeita pra mim nesses tempos em que não me sei. São tempos em que não me vejo refletido em vidro algum. Tempos em que minha sóbra não passa de um desenho infantil móvel. Tenho mãos de alisar lençóis, colocar flores na água, mudar de canal. Tenho pés de girar cirandas, ciradinhas repetidíssimas em torno de fotos. Tenho olhos que não me trasmitem. Silêncios que explicam mau, não mau por falta de coêrencia, mas mau por falta de quem os queira compreender. Ninguem quer. Hoje ou amanhã ninguem mais quer entender. Eles não se sabem porque iam querer me saber. Exercicio tão tolo. Exercicio para pessoas como eu. Que passam épocas se procurando assim entre os móveis da casa. Entre os quadros do Louvre. Entre as buzinas do mundo. Entre as estátuetas do parque. As folhas secas de todos os anos. Todos parecem cansados disso. Não desejam mais SER. Eu desejo. Gosto de SER. De me procurar mesmo que nem sempre encontre. Mesmo que bata em paredes, em póstes, em porta-retratos, em cabides, em porões e sotãos de mim. Mesmo que eu já não seja. Gosto de mapear. Rodovia só. Avenida só. Róta de colisão da sala até o quarto. Vice e versa. BUMMMM em mim !!!!!!!
jc