19 de set. de 2010

Ou seja, eu me debatia por estar acreditando ainda que muito escondido - quem sabe até de mim. Me auto-punia, me entediava, eu tinha medo. Paradoxal crescia monstruosa a minha descrença, a certeza de que não seria nada outra vez além de écos soltos pelo quarto deserto, pela vida deserta, pelas miragens que eu tinha quando a sede era insuportável; e sempre, a sensação de que nunca... Nem sei mais escrever sobre esse cansaço. Tão interno, tão pierrot, trancafiado, esgotado dele mesmo. Podia ficar, talvez, quase uma hora olhando fixo para a parede, tudo que me ajudasse a fugir dos pensamentos, das esperanças, fugir do que derepente me salvaria... Sim. Não. Eu queria muito voltar a me sentir vivo. Queria voltar a sentir prazer na companhia fútil das pessoas. Eu precisava imensamente encharcar os olhos com um pouco desse teatro de quinta, dessa coisa pobre e cheia de ar... Paradoxo! Paradoxo! Eu nem sequer suportaria. Respirar com facilidade era tudo que me manteria vivo e que eu sabia, não conseguiria mais fazer. Então eu chorava. Água salobra que não daria jeito na sede, que me desidrataria mais e mais, até que em algum sol do meio-dia eu caísse ajoelhado no meio de toda aquela areia de mim e suplicasse salvação, colo, mapa... Como se por encanto, magia, ou febril DELÍRIO, houvesse uma chance.


JC